fica!

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A Sra

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A Sra. Giry surgiu novamente andando pelo lago e subiu para o chão de pedra.

Cécile ainda estava deitada e Érik estava no piano, tocando algo em que ela prestava muita atenção.

Se aproximou e Érik imediatamente parou de tocar e ele e Cécile se viraram para observa-la.

- Cécile, demiti o Piérre.

Cécile arregalou os olhos.

- Deu pra ver o que aconteceu pelas câmeras?

- Deu, então, pra segurança de todos, ele não pode mais estar aqui.

Cécile a olhou com olhos emocionados de agradecimento.

- Cécile, se quiser ir a um hospital... - A Sra. Giry começou.

- Não, Sra. Giry, está tudo bem. Só um descanso já resolverá. Eu já vou pra casa e...

- Não! - Érik bradou. - Como vai embora assim? Fica!

Cécile o encarou com ar de confusão.

Claro que era loucura passar a noite lá, mas, também, não havia mais motivo para ter medo de Érik. Se ele quisesse machucá-la, já o teria feito há muito tempo, porque oportunidades não faltaram. Sem contar que não tinha a menor condição de ela atravessar a cidade num ônibus até em casa. Nem se pedisse um táxi, também, pois os solavancos do carro desencadeariam pontadas de dor.

- Tenho sua permissão, Sra. Giry? - Cécile perguntou.

- Mesmo se não deixar, não permitirei que ela saia daqui. - Érik observou friamente a Sra. Giry.

- Tem minha permissão. - A Sra. Giry disse para Cécile, e então se virou para Érik. - E deixe de ser encrenqueiro! Já avisei para evitar problemas!

- Preciso colocar essa Ópera em ordem, Sra. Giry. - Érik disse.

- Não precisa, nada! - A Sra. Giry respondeu prontamente. - As coisas não são mais como eram há 200 anos, Érik. Temos registros de imagem, polícia científica, análise de material genético... Uma estupidez e você morre atrás das grades.

Érik arregalou os olhos. Claramente não sabia o que era nada daquilo que ela havia acabado de citar, mas havia entendido a seriedade.

- Sra. Giry... - Cécile começou. - Tem alguma possibilidade de Piérre acusar Érik pelo que aconteceu? 

- Ele não faria isso. O que ele fez o levaria direto para a prisão, e Érik poderia alegar legítima defesa de terceiros, já que Piérre não morreu, ainda bem. Mas sobre isso, Cécile, gostaria de saber se pretende processar Piérre. - A Sra. Giry dizia com um tom de voz acolhedor. - Não posso tomar nenhuma decisão por você. Se quiser levar a agressão à justiça, o teatro dará todo o apoio.

Cécile suspirou.

- Eu não sei, Sra. Giry. Tenho medo do que pode acontecer, principalmente com o Érik. Ele está sem documentos, não sei... Preciso pensar.

- Quando decidir, me avise, por favor.

- Claro. Agradeço o apoio. - Cécile sorriu timidamente.

- Bom, - A Sra. Giry disse, se preparando para ir embora. - vou preparar uma troca de roupa para Cécile e comprar um jantar para vocês.

- Ah, perfeito, Sra. Giry! - Érik se animou. - Estava pensando em duas lagostas com...

- Nada disso. - A Sra. Giry o interrompeu. - Não sou rica, Érik. Vai comer hamburgueres. Vou comprar e, quando estiver tudo pronto, te chamo e você vai até minha sala buscar. Tudo bem?

Érik assentiu, um pouco contrariado, e a Sra. Giry partiu.

Érik foi até uma parede nos fundos onde vários canos de tubulação estavam pendurados. Ele tirou uma tampa da ponta de um deles e Cécile observou.

- Pra que isso?

- Pra eu ouvir ela me chamando. Cada cano traz a acústica de uma área do teatro. Eu fecho pra não ficarmos ouvindo falatório, mas como a Sra. Giry vai me chamar, preciso estar atento.

Cécile ergueu uma sobrancelha.

Ele é um verdadeiro arquiteto.

- O que é tudo isso que me pediu pra trazer? - Érik perguntou, apontando para a sacola e a maleta.

- Ah, era a surpresa que te prometi! Traga tudo aqui pra cama, vou te mostrar!

Érik colocou a maleta e a sacola sobre a cama e Cécile se sentou com alguma dificuldade.

- Senta aqui do meu lado.

Érik obedeceu e se sentou ao lado dela na cama e observou enquanto ela abria a maleta. 

Aquela maleta não tinha espaço dentro para guardar coisas, como ele esperava. Dentro dela havia alguns botões e um espaço redondo, como um prato. 

Érik não estava entendendo nada.

- Essa maleta toca música. Ela pode tocar por bastante tempo sem energia, pois possui uma bateria que armazena energia para ela funcionar, então podemos usar aqui. Aí, precisamos colocar um disco. - Cécile abriu a sacola e pegou uma espécie de pasta de papel quadrada, que Érik também não sabia o que era. - Aqui guardamos o disco. Na capa você pode ler o nome, olha, Too Low for Zero, do Elton John. Nesse disco tem aquela música que você gostou.

Cécile colocou o disco, desceu a agulha na faixa que Érik havia gostado e o som começou.

Ele imediatamente arregalou os olhos.

Quantos instrumentos! Que voz! Que animação! Que combinação de elementos, que letra! E como sai esse som tão maravilhoso por essa caixinha?! Oh, céus, que objeto maravilhoso!

- Legal, né?

- Dá vontade de dançar. - Érik disse, sorrindo e sacudindo os pés.

- Quando eu puder dançar, danço com você. Por enquanto vamos assim. - Cécile sacudia os braços para cima e para baixo, depois passava os dedos pelos olhos, sacudia as mãos e fazia gestos que pareciam que estava pintando um quadro no ar.

Érik riu e tentou imitar, mas caiu no riso ao perceber como não levava jeito.

- Não sou bom nessa dança.

- Eu que inventei essa dança e nela todo mundo é bom. Vai, de novo!

Ambos repetiam os movimentos com as mãos enquanto a música passava pelo refrão contagiante.

- Quero ouvir mais, é possível? - Érik perguntou, se recuperando dos segundos de movimentos frenéticos que Cécile chamava de dança.

- Claro, eu trouxe muitos discos. Temos música pra ouvirmos até amanhã!

Os olhos de Érik brilharam em animação, e então ouviram a voz da Sra. Giry chamando Érik através da tubulação.

O FANTASMA - Phantom Of The Opera AUOnde histórias criam vida. Descubra agora