Cécile voltou para o corredor e se certificou de que ninguém a tivesse visto sair pela porta dos fundos.
Ela foi até seu consultório e começou a revirar as prateleiras. Pegou uma sacola e jogou alguns itens dentro, depois voltou para o corredor e se certificou de ninguém a visse quando voltava a entrar pela porta que dava para o subterrâneo.
- Não posso deixar aquele maluco lá embaixo depois de ter passado tão mal. Tenho que ver o que ele tem e o que era aquele negócio roxo... - Cécile falava sozinha enquanto descia as escadas. - É cada coisa que me aparece, viu!
Cécile passou pela passagem e atravessou o lago novamente. O homem continuava deitado exatamente onde estava quando Cécile chegara da primeira vez.
- Não disse para me deixar em paz?! - Ele bradou.
- E eu lá ligo? - Cécile retrucou. - O que faz aí na beirada?
- Estou aqui caso queira vomitar novamente.
- Você não vai. - Cécile se aproximou e o observou. - Posso te examinar? Preciso checar tudo.
O homem a olhou desconfiado.
- Não a conheço, senhorita.
- Bom, não seja por isso. - Cécile colocou sua sacola sobre o chão ao lado dele e estendeu a mão. - Sou Cécile Duran, a enfermeira do teatro. E você?
Ele não apertou a mão dela.
- Sou o horror em pessoa.
Cécile revirou os olhos.
- Aquela cama é sua? - Ela apontou para a cama em pedra negra no fundo.
Ele assentiu.
- Então vamos até lá. - Cécile saiu do lago e o ajudou a se colocar de pé e a ir até a cama.
O homem se deitou e Cécile se sentou ao seu lado e começou a remexer em sua sacola.
- O que acha que te causou essa dor? - Cécile perguntou enquanto revirava a sacola.
- Essa dor não foi nada perto da dor de perder Christine...
Cécile imediatamente parou de mexer na sacola e o encarou.
- Christine? - Cécile colocou a mão sobre a testa dele. - Deve estar com febre, não está falando nada com nada.
O homem deixou sua cabeça cair para o lado de forma dramática e fechou os olhos.
Cécile pegou um aparelho de medir a pressão arterial e o prendeu no pulso inerte do homem. Ela apertou um botão e o aparelho ligou, e o manguito começou a inflar rapidamente.
O homem se virou, um olhar de horror em seu rosto, e ele encarou o pequeno aparelho que piscava enquanto fazia cada vez mais pressão em seu pulso.
- Magia! Magia! Tire isso de mim!
O homem puxou o aparelho com toda sua força e o atirou no lago.
Cécile o encarou como uma mãe encara uma criança que acaba de aprontar alguma coisa.
- Isso, que beleza! Agora não consigo saber como está sua pressão!
- Você é algum tipo de bruxa?! - O homem parecia realmente assustado.
- Ficou maluco? Vai, deita aí. - O homem obedeceu. - Me conta, o que era aquele negócio roxo que você vomitou?
Ele retirou um pequeno frasco do bolso da calça e entregou para ela.
Cécile leu o nome no rótulo improvisado: Brumtée.
- O que é isso?
- É uma poção mágica que me fez dormir por 200 anos.
Cécile o encarava com os olhos arregalados.
Esse homem deve ter algum tipo de delírio, deve ter algum transtorno...
- Bom, pelo menos sabemos que falta de sono não é, né? - Ela riu com a própria piada, mas o homem parecia nem ter ouvido.
Ele fechou os olhos novamente e começou a cantarolar:
- Slowly, gently, night unfurls its splendour...
Cécile o chacoalhou.
- Ei, o que está fazendo?
- Lembrando de minha doce Christine.
Cécile bufou.
- Pode prestar atenção aqui um minuto? Preciso ver seus olhos.
Ele ficou imóvel enquanto ela o examinava. Ela tocava e encostava no lado deformado de seu rosto, mas o homem parecia não se importar mais.
- Ainda vejo sinais de intoxicação. - Cécile revirou a sacola e tirou uma bolsa de soro. - Se eu prender essa medicação em seu braço, promete ficar quietinho até que ela acabe?
O homem observou o frasco de medicamento, a bolsa com soro e um plástico esquisito com uma agulha na ponta.
- Não sei o que é isso.
- Vou colocar essa agulha em seu braço e o líquido da bolsa, junto com o remédio, entrará em seu corpo de forma lenta. É a melhor forma de você ficar bem.
- Fique à vontade. Se fosse em outros tempos, lutaria por minha vida, mas hoje, se desejas me matar, já não ligo... Oh, minha doce Christine...
- Isso, sonha aí com a sua Christine.
Cécile ergueu a manga da camiseta de linho dele e notou o braço alvo e torneado. Rapidamente, encontrou uma veia e inseriu o acesso. Em seguida, prendeu o soro em um suporte improvisado na cabeceira da cama e o conectou ao acesso.
- Eu preciso que fique imóvel durante todo o tempo, ok? Em duas horas a medicação terá acabado e eu voltarei.
O homem assentiu, ainda de olhos fechados, provavelmente pensando na tal Christine.
Cécile recolheu tudo, colocou em sua sacola e voltou para o lago, andando em direção à passagem.
- Senhorita Duran? - O homem chamou.
- Sim? - Cécile se virou.
- Me chame de Érik.
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O FANTASMA - Phantom Of The Opera AU
FanfictionApós ser abandonado por Christine, Érik decide pôr fim à sua vida. O tão famoso Fantasma da Ópera só não esperava acabar enfeitiçado, dormindo por 200 anos e acordando no primeiro dia de trabalho da nova funcionária do lendário teatro de Paris.