o mistério do teatro

113 11 11
                                    

Cécile visitou os camarins, a plateia, os camarotes, a sala de iluminação, a sala de figurinos, o refeitório, a bilheteria e a sala de instrumentos, e agora estava indo para o lugar que mais deseja ver desde que chegara: o palco

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Cécile visitou os camarins, a plateia, os camarotes, a sala de iluminação, a sala de figurinos, o refeitório, a bilheteria e a sala de instrumentos, e agora estava indo para o lugar que mais deseja ver desde que chegara: o palco.

Ela seguia as placas de sinalização na parte de trás do teatro, reservada apenas para funcionários, até que parou diante de uma enorme porta de ferro.

Cécile empurrou a porta com toda sua força e viu que estava na lateral do palco.

Provavelmente os atores entram por aqui, pensou.

Deu alguns passos à frente, o suficiente para olhar para toda a plateia. 

A visão era inebriante.

Enquanto observava a sala de espetáculos por aquela perspectiva, seu cérebro se desconectou da realidade, e Cécile levou um baita susto quando um homem passou os dedos à frente de seus olhos.

- Está hipnotizada, é? - O homem abriu um sorriso divertido.

- Ah! - Cécile sacudiu a cabeça para fazer sua mente voltar à realidade. - Desculpe, é que a visão daqui é linda!

- É, mesmo. - O homem estendeu a mão para ela. - À propósito, sou Piérre.

- Sou Cécile, a nova enfermeira. - Ela apertou a mão dele.

Piérre era bem bonito, pra dizer o mínimo. Tinha o corpo todo definido, talvez pelo trabalho que exercia. Os cabelos eram loiros, os olhos eram verdes e a pele tinha um tom bronzeado. E tinha um belo, belo sorriso.

- Que boa notícia! Agora posso voltar a martelar o dedo sem preocupações. - Piérre riu.

- Então você é o tal da martelada que a Sra. Giry falou!

Os dois gargalharam.

- Digamos que eu goste de viver perigosamente.

Cécile riu de novo e Piérre apontou para o centro do palco.

- Sou marceneiro, estou cuidando da madeira do palco. Faço manutenção quase sempre por aqui, pois a madeira desgasta bastante com os cenários.

- Eu não fazia ideia de que um teatro era assim! É um verdadeiro organismo vivo! - Cécile olhava tudo ao redor, os olhos curiosos observando todos os detalhes.

- Sim, todo teatro é um mistério, mas esse em específico é um verdadeiro enigma. - Piérre falou com a voz baixa.

- Como assim? - Cécile perguntou, intrigada.

- Não conhece a história da Ópera de Paris? - Piérre estava incrédulo.

- Não... Vim de uma cidade do interior. Só sei que o teatro pegou fogo e foi reconstruído.

Piérre suspirou.

- Bom, então devo te contar e você deve decidir se quer continuar trabalhando aqui ou não.

Cécile arregalou os olhos.

Do que esse maluco está falando?!

- Anda, fala!

- Sabe como pegou fogo?

- Não...

- Foi o Fantasma da Ópera! - Piérre disse em um sussurro.

- O quem? - Cécile não sabia se havia entendido errado ou se realmente Piérre estava culpando um fantasma pelo incêndio na Opéra.

- Cécile, - Piérre começou em um tom sério. - pode desacreditar se quiser, mas basta perguntar para qualquer parisiense sobre o Fantasma da Ópera e qualquer um poderá te afirmar que ele existiu.

Cécile ficou quieta. Piérre parecia sério demais e aquilo estava assustando Cécile.

- Em 1819, nessa mesma Ópera, o Fantasma se apaixonou por uma das cantoras, Christine Daaé. Ela amava o visconde Raoul de Chagny e o Fantasma não podia suportar isso. Ele a sequestrou, e então o visconde foi salvá-la. O que se sabe é que, no fim, o Fantasma a amava tanto que a deixou partir com o visconde, mas a dor o fez incendiar a Ópera. Depois do incêndio, ele desapareceu, e até hoje o corpo não foi encontrado.

- Que história horrível... - Cécile falou baixo.

- Dizem que mais horrível que a história, só mesmo o rosto do Fantasma. Dizem que era o homem mais feio que já pisou na face da terra, que seu rosto era desfigurado, e por isso Christine não o quis.

- Mas como podem querer encontrar o corpo dele se ele era um fantasma? - Cécile perguntou.

- Ele não era um fantasma de verdade, só era conhecido assim porque se esgueirava por esse teatro como uma sombra. Mas talvez hoje, depois de anos de sua morte, ainda passeie por aqui como um fantasma de verdade.

Cécile arregalou os olhos e deu um salto para trás.

- Odeio histórias de terror!

Piérre riu.

- Eu também, mas caso veja um homem mascarado vagando por aí, já sabe que é o temido Fantasma da Ópera.

Cécile assentiu, ainda nervosa com toda aquela história.

- Bom, preciso voltar para o meu consultório. Até mais, Piérre.

- Até, Cécile. Foi um prazer te conhecer.

Cécile apertou os passos de volta ao corredor de seu consultório. Toda aquela história era uma grande maluquice, mas não desacreditava totalmente de histórias de fantasmas, e, também, toda história tinha sua origem em algo verdadeiro. Pelo menos era no que acreditava.

Quando chegou ao corredor, observou as portas. Seus pensamentos estavam tão vidrados na história do tal Fantasma que não se lembrava mais qual porta a Sra. Giry havia indicado como sendo a do porão.

Bom, geralmente porões ficam no fundo... Então deve ser a última porta, obviamente.

Cécile seguiu até o fim do corredor e abriu a última porta. Viu uma escadaria de pedra à sua frente, mas não via o fim, pois o local estava muito escuro.

Fechou a porta por onde passara para que a corrente de ar não a batesse, ligou a lanterna do celular e começou a descer. Não via mais que cinco passos à sua frente, mas continuou descendo. A escada formava um caracol, e Cécile descia com cuidado.

A Sra. Giry disse que em poucos degraus eu estaria no porão, mas parece uma escada infinita...

Continuou descendo, girando a lanterna para tentar ver o fim da escadaria, mas era impossível.

Tinha a impressão de ter descido uns quatro níveis. Estava estranhando toda aquela situação.

Provavelmente errei de porta... Preciso voltar, pois a Sra. Giry deixou claro que eu não deveria descer para o subterrâneo.

Então Cécile se virou para voltar para cima, mas algo a paralisou. Um grito grave, de uma voz grossa, ecoou por todo o nível abaixo de onde Cécile estava. 

Ela parou e ficou imóvel, tentando ouvir, e o grito soou novamente.

Era um gemido de dor, de muita dor.

Cécile começou a descer as escadas rapidamente.

Sei que se a Sra. Giry descobrir, estarei demitida, mas é uma vida, e eu fiz um juramento. Preciso ajudar quem quer que seja.

E Cécile correu, seguindo o som dos gritos de agonia.

O FANTASMA - Phantom Of The Opera AUOnde histórias criam vida. Descubra agora