feridas

77 13 3
                                    

Érik parou diante do lago que os levaria para seu esconderijo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Érik parou diante do lago que os levaria para seu esconderijo.

Cécile estava se preparando para pisar na água, começando a tirar seus sapatos, mas Érik fez sinal para que ela parasse.

Ele puxou uma corda no chão e um pequeno barco surgiu na direção deles.

Érik o segurou na margem e ajudou Cécile a subir, e então começaram a navegar até o covil.

Claro que ele tem um barco, toda vez que sai daqui nunca está molhado... Eu deveria ter imaginado que havia um jeito melhor do que ficar se molhando toda vez.

Chegaram ao esconderijo e Érik a ajudou a sair do barco. Notou que Cécile estava calada, e ela nunca ficava calada.

Ele pegou na mão dela e a guiou até uma cadeira. Cécile se sentou, ainda calada, e Érik se ajoelhou à sua frente.

- Eu ouvi de longe seus gritos e já estava chegando quando sussurrou meu nome.

- Não queria que ele te visse. Era justamente o que ele queria, mas eu fiquei com medo. Agora ele sabe de você.

Érik a observou, os olhos verdes penetrando nos olhos claros de Cécile.

- Ele saberia cedo ou tarde.

E então Cécile soltou o longo suspiro que precede um choro frenético.

Sentira medo. Na verdade, sentira pavor. Achava que sairia de lá machucada, isso mais do que já estava, tanto emocionalmente como fisicamente, porque a pancada nas costas latejava. A frustração de saber que sofrera uma agressão como aquela no seu local de trabalho, por um colega de trabalho, e que talvez, se não fosse o homem que antes só ouvira falar na lenda sobre a Ópera, poderia estar em uma situação horrorosa naquele exato momento.

Érik observou enquanto ela chorava e não soube o que fazer. Sabia que era um choro de frustração e alívio, mas não sabia como ajudar. Não tinha o costume de lidar com pessoas.

Ele continuou ajoelhado à frente dela, segurando a mão pequena enquanto ela colocava tudo pra fora, os dois imersos em um silêncio amigável e acolhedor.

Finalmente, Cécile parou de chorar e ergueu o rosto, tentando se livrar das lágrimas.

- Eu bati as costas na parede e tá doendo... - Cécile falou baixo.

- Quer que eu vá até seu consultório e pegue um remédio?

Ela fez que sim com a cabeça.

- Na prateleira de medicamentos, tem um creme em um pote preto pequeno e redondo. É uma pomada com cheiro forte. Traz também minha bolsa porque tenho um comprimido dentro dela.

Ele assentiu e se colocou de pé.

- Ah, Érik. - Ela o chamou de novo. - Tem uma sacola no chão e uma maleta preta embaixo da minha mesa. Traz também.

Ele assentiu e sumiu com seu barco.

Cécile suspirou ao se ver sozinha.

Fui salva pelo Fantasma da Ópera.

***

Érik voltou e colocou tudo sobre uma mesa.

Ele levou a pomada para Cécile, que havia deitado em sua cama.

- Érik, você vai precisar aplicar a pomada em mim. Eu não alcanço.

Érik arregalou os olhos por trás da máscara.

- Não posso tocar numa mulher assim, Cécile.

- Érik, eu preciso de ajuda, senão amanhã pode piorar. Por favor.

Ele suspirou profundamente e assentiu.

Cécile se virou e ergueu a camiseta até a metade das costas.

Érik tirou a luva preta de sua mão direita e melecou os dedos com pomada. Respirou fundo e encostou os dedos na pele macia e quente das costas dela.

Nunca havia tocado em qualquer parte escondida do corpo de uma mulher, e jamais o teria feito se Cécile realmente não precisasse de ajuda.

- Tem alguns arranhões também. Faço algo? - Ele perguntou.

- Não, são escoriações, elas melhoram logo.

Érik então começou a espalhar a pomada e Cécile se contraiu de dor. Ele tentou deixar a mão o mais leve que conseguia para não machucá-la mais.

Fazia movimentos circulares para espalhar a pomada e observava as reações de Cécile para ver se ela não estava sentindo mais dor.

Quando terminou, fechou o pote de pomada e a observou enquanto ela voltava a abaixar a camiseta e se virava para cima na cama.

- O que dói mais é o medo, sabe? - Ela falou, entre um sorriso pesaroso. - Obrigada.

Érik assentiu com a cabeça e ficou em silêncio.

Nesse exato momento, uma Sra. Giry furiosa e com os olhos em chamas atravessou o lago correndo, as calças dobradas até os joelhos para não se molhar, então ela parou abruptamente perto de onde estavam e encarou Érik.

- Por que encontrei Piérre com sinais claros de enforcamento pelo famoso laço de punjab que o senhor domina tão bem? - Então ela se virou para Cécile. - E por que não encontrei a enfermeira do teatro para dar os primeiros socorros?

Érik ficou em pé.

- A culpa é minha.

- Eu sei que é! - A Sra. Giry tinha um olhar duro sobre ele.

- Não, Sra. Giry, não é culpa do Érik... - Cécile tentou se erguer rapidamente para chamar a atenção da Sra. Giry, mas sentira uma pontada aguda de dor e caíra novamente deitada.

A Sra. Giry observou assustada enquanto Cécile apertava os olhos para aguentar a dor sem gritar.

Érik se ajoelhou ao lado da cama e apertou a mão de Cécile enquanto ela recobrava as forças.

- Você também a machucou, Érik? - A voz da Sra. Giry era quase um lamento.

- Não, Sra. Giry. - Cécile disse, com a voz ofegante. - Ele me salvou. Fui atacada por Piérre em um dos corredores e ele sim me machucou. Érik chegou e o resto a senhora já deve imaginar.

A Sra. Giry cobriu a boca com as mãos.

- Piérre me disse que um homem mascarado o agrediu e sequestrou Cécile. - Ela se virou para Érik, os olhos úmidos de lágrimas. - Desculpe a acusação, Érik. Eu não o conheço como a Madame Giry conhecia, estou tentando entender o que está acontecendo aqui e... - Suspirou pesadamente. - Vou ver se consigo visualizar as câmaras.

Ela começou a andar pelo lago fazendo o caminho de volta, mas então se virou novamente e os observou.

Parecia ver a história se repetir, e conhecia bem a história. O triângulo amoroso de Érik, Christine e Raoul parecia estar novamente em ação, mas agora com os papéis trocados. O papel de rejeitado e violento, que antes era de Érik, agora estava com Piérre.

Sabia como acabaria. Madame Giry sempre soube que um dia Érik se apaixonaria e seria amado.

Sabia que devia proteger o garoto Érik e Cécile a qualquer custo, mesmo que eles ainda não percebessem. Devia isso à Madame Giry.

O FANTASMA - Phantom Of The Opera AUOnde histórias criam vida. Descubra agora