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- Ela ainda tem pulso! - O paramédico gritou para a equipe médica na entrada da emergência

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- Ela ainda tem pulso! - O paramédico gritou para a equipe médica na entrada da emergência.

- Ela vai direito para a sala de cirurgia! Bolsa de sangue, agora! - O médico responsável gritou para a equipe e levaram Cécile em uma maca à toda velocidade pelo corredor.

- O que vocês são da paciente? - Uma enfermeira parou diante de um Érik e de uma Sra. Giry totalmente abalados e com os olhos inchados de tanto chorar.

- Sou a diretora do teatro e ele é o namorado dela. - A Sra. Giry disse.

- Você terá de tirar essa máscara, senhor. São regras do hospital. - A enfermeira falava com a voz calma, mas firme.

Em condições normais, Érik teria relutando, mas nada importava ali. Só queria ficar lá e ver Cécile bem, e naquele momento havia até se esquecido de sua deformidade. Pela primeira vez em uma vida toda, essa não era sua maior dor.

- Ela vai ficar bem? - Ele perguntou com a voz baixa.

- Não sei dizer, mas assim que tiver notícias, venho pessoalmente falar com vocês.

A enfermeira se afastou e Érik abraçou a Sra. Giry.

- Ela salvou minha vida... - Ele recomeçou a chorar. - Ela me ama a esse ponto...

- Ela vai voltar para nós, Érik, e você a fará a mulher mais feliz do mundo.

- Eu farei, Sra. Giry... Eu farei.

***

Érik estava sentado na sala de espera e balançava as pernas freneticamente.

A Sra. Giry estava assinando alguns papeis sobre uma prancheta quando a enfermeira apareceu.

Os dois se colocaram de pé imediatamente.

- Ela está estável. A cirurgia foi um sucesso, ela recebeu transfusão, o projétil foi retirado e ela e está na terapia intensiva agora. Mais tarde vocês poderão vê-la, mas por enquanto ela precisa de isolamento e repouso.

Érik caiu de joelhos e chorou, e a Sra. Giry levou as mãos o rosto e soltou um longo suspiro de alívio.

- Eu disse, Érik, disse que ela ficaria bem! - A Sra. Giry o sacudiu, os dois em puro êxtase.

- Eu preciso comprar flores para quando ela acordar! - Érik sorriu em meio à torrente de lágrimas. - Uma cesta de rosas, um jardim todo! Logo volto, Sra. Giry!

Um Érik saltitante e elétrico saiu pela porta do hospital e a Sra. Giry sorriu.

Finalmente serão felizes...

***

Desde que Cécile fora baleada, todos os acontecimentos era apenas recortes na mente de Érik.

Se lembrava de fragmentos de situações, como a chegada ao hospital, a espera, ações mecânicas que tivera enquanto aguardava notícias, como comer um bolo, tomar uma água, e tudo era um grande borrão contornado por cores tristes e de dor profunda, mas à partir do momento que recebera a notícia de que Cécile havia vencido a cirurgia, sua mente voltara a registrar momentos de forma organizada.

Era muito mais fácil existir sem aquele peso do medo da perda de seu amor.

Sim, amor. Era isso que Cécile era e sempre fora, desde o primeiro contato que tiveram, quando ela enfiou os dois dedos na garganta de Érik e o salvara daquela dor abdominal enlouquecedora.

Com a visão clara que tinha agora, podia dizer com toda a certeza: Christine nunca fora seu amor verdadeiro e nunca poderia amá-lo como Cécile amava. Christine sentia compaixão por Érik, e isso era tudo, mas Cécile não. Cécile via nele amizade, valor, talento, uma pessoa em quem confiar quando estava em perigo ou machucada, ou quando queria se divertir, e via nele alguém que valesse a pena, alguém cuja vida tinha importância, tanta importância ao ponto de proteger com a sua própria.

Isso era tudo que Érik sempre desejara, um amor desse tamanho, dessa magnitude, e se sentia seguro, pois faria o mesmo por ela. Se o alvo daquela pistola fosse Cécile, ele levaria a bala por ela. Entraria na frente de qualquer coisa por ela, enfrentaria tudo, inclusive a si mesmo. Estava sem a máscara há dias, desde que chegara naquele hospital, e não temia nada nem ninguém. Aprendera a controlar seus impulsos e inseguranças porque ela precisava dele, e precisava de sua melhor versão. Não do Érik machucado, mas do novo Érik, o Érik que havia descoberto seu valor como pessoa.

Enquanto pensava em tudo isso, foi sugado de seus devaneios quando ouviu a voz fraca e sussurrante de Cécile o chamar.

Seu coração saltou no peito, vacilou uma batida.

Ela havia acordado após dias na UTI, e finalmente estava fora de perigo.

- Érik, você tá aí?

Ele correu até o lado da cama e se ajoelhou, segurando a mão de Cécile e começando a chorar freneticamente.

- Estou aqui, Cécile. - Um longo suspiro. - Você voltou... Você voltou...

- Onde eu tô? Me sinto toda dolorida, tonta...

- Você sofreu um acidente horrível, Cécile... Estávamos no baile da Opéra, Piérre atirou e você entrou na frente... - Ele soluçou.

As lembranças invadiram a mente de Cécile como uma martelada e ela sentiu seu coração acelerar ao pensar que havia sobrevivido, pois lembrava-se de ter absoluta certeza de que estava morrendo antes de apagar.

- Por que entrou na frente, Cécile? - Érik apertava a mão dela na sua.

- Porque eu te amo, Érik.

Ela me ama, e eu a amo mais do que qualquer coisa nessa minha vida. Obrigada, Madame Giry, por ter pensado em mim da forma que eu nunca pude. Se não fosse por você, eu não estaria aqui hoje, não a conheceria, não conheceria o amor que tanto jurei sentir, mas que não passava de tolice. Hoje eu sinto, e hoje é real.

E aquilo era o suficiente.

O FANTASMA - Phantom Of The Opera AUOnde histórias criam vida. Descubra agora