cap. extra - o Fantasma num show de rock

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Érik paralisou ao ver a multidão à sua frente

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Érik paralisou ao ver a multidão à sua frente.

Cécile o puxou pela mão, sorrindo, em direção à pista apinhada de gente.

Ela estava em puro êxtase. Vestia camiseta com o logo da banda, usava uma faixa amarrada na cabeça e carregava um copo com refrigerante também com a estampa da banda.

- Tem gente demais, Cécile. - Érik se retraiu, tentando esconder o rosto sem máscara.

Após o acidente de Cécile e tudo que sentira, decidira encarar o mundo sem sua máscara, que fora sua fiel companheira por anos, mas nunca estivera tão exposto como naquele momento.

Pelo menos era o que pensava.

- Érik, ninguém aqui liga pra isso, estamos todos aqui por um propósito.

- E qual é?

- Você verá.

Érik e Cécile encontraram um lugar muito bom quase no fim da pista, mas a engenharia do local permitia que tivessem uma visão ótima do palco. Érik olhou para a cortina que escondia os músicos no fundo e leu o nome da banda: Foo Fighters.

Sabia que Cécile gostava muito daquela banda, pois ela falava sempre, mas Érik estava tão apaixonado por Elton John, que não tivera muito tempo de ouvir outros artistas.

Cécile dava pulos de animação quando as luzes se apagaram. Érik estava nervoso, não sabia o que esperar. Seu conceito de música ao vivo eram as grandes óperas de seu tempo, mas Cécile jurava que aquela experiência valeria a pena, mesmo Érik odiando estar rodeado de milhares de pessoas desconhecidas.

E então, em uma fração de segundo, aconteceu algo que mudou a vida de Érik para sempre.

Uma explosão de pirotecnia surgiu no palco, a cortina caiu e um som ensurdecedor começou a tocar. Camadas de instrumentos que Érik ainda estava conhecendo: bateria, guitarra, baixo, teclado, e mais sons que Érik não conhecia.

A plateia gritava, os músicos pulavam no palco com uma energia insana, e Érik sentiu seu corpo se arrepiar.

Então, começaram a tocar uma melodia muito agradável.

Era calma, mas o público vibrava como se um terremoto estivesse acontecendo, e Érik viria a saber depois que realmente havia um terremoto, mas era dentro de cada um naquele lugar.

A voz suave do vocalista começou a cantar os versos, mas logo foi abafada pelo coro de milhares de vozes que gritavam cada letra como se suas vidas dependessem daquilo.

Érik olhou Cécile e ela estava chorando e cantando com a mão sobre o coração, como se cantasse o hino de seu país.

E então começou um trecho da música que marcou a vida de Érik para sempre:

Learning to walk again
I believe I've waited long enough
Where do I begin?
Learning to talk again
Can't you see I've waited long enough?
Where do I begin?

A voz do vocalista, antes suave, agora assumira um tom visceral. O coro de vozes ficou mais alto, e Érik podia jurar que o chão sob seus pés tremia a cada nova palavra.

Seu corpo tremia e ondas de calafrios iam e vinham conforme Érik guardava cada palavra daquela música em seu coração. Parecia que havia sido escrita para ele em especial.

Estava aprendendo a andar e a falar de novo, estava em um recomeço, sem muita ideia de por onde começar, mas já havia esperado o suficiente.

Era isso. Era exatamente isso. Sua nova vida, seu novo ser.

Via pessoas ao redor chorarem e gritarem, exclamações surgiam de todos os lados dizendo:

- Essa é minha música!

E Érik sorriu ao pensar que aquela música era exatamente dele, mas também era de muitos ali ao redor. Como aquilo era possível?

Então começou a ponte da música, a iluminação do lugar levando todos a um estado de espírito único:

Now
For the very first time
Don't you pay no mind
Set me free, again
To keep alive, a moment at a time
That's still inside, a whisper to a riot
The sacrifice, the knowing to survive
That first decline, another state of mind
I'm on my knees, I'm praying for a sign
Forever, whenever, I never wanna die
I never wanna die
I never wanna die
I'm on my knees, I never wanna die
I'm dancing on my grave
I'm running through the fire
Forever, whenever
I never wanna die
I never wanna leave
I'll never say goodbye
Forever, whenever
Forever, whenever

Cécile gritava cada palavra como um grito de guerra, e todos ao redor agiam igual. Érik estava hipnotizado, sentindo como se seus pés flutuassem, como se levitasse. Aquilo era a experiência musical mais arrebatadora de sua vida, e agradeceu aos céus por ter a oportunidade de vivenciar aquilo.

Pessoas pulavam, balançavam a cabeça, se abraçavam, gritavam com todo seu fôlego, e aquilo fez Érik compreender o poder da música em unir pessoas e cuidar dos sentimentos delas.

Durante toda sua vida, só conhecera óperas e amava música erudita, mas nas óperas, mesmo que todos amassem a música, ninguém podia cantar. O poder de se expressar estava todo nos intérpretes, e o público só podia sentir, mas ali não. Ali a banda ajudava com seus instrumentos para que os verdadeiros artistas fizessem o show: o público. Era a arte compartilhada, era o sentimento de pertencimento e igualdade que gerava aquele calor e aquela eletricidade no ar que fazia cabelos se arrepiarem e o chão tremer.

Era música popular, era rebeldia e expressão, e aquela música sozinha fora suficiente para lavar a alma de Érik de qualquer resquício de dor que ainda permanecia.

- Tá gostando? - Cécile sussurrou no ouvido dele quando a primeira música acabou.

- Muito! - Ele respondeu.

Como posso explicar a ela que minha vida jamais será a mesma depois disso aqui?

O FANTASMA - Phantom Of The Opera AUOnde histórias criam vida. Descubra agora