Cécile voltou para seu consultório e dobrou as barras da calça para disfarçar que estavam molhadas.
Começou a tirar as coisas da sacola e a guardar tudo no seu devido lugar.
Agora vou ter que comprar um aparelho de pressão e repor o que ele jogou no lago antes que a Sra. Giry perceba... Qual será o problema daquele maluco?
Cécile sentiu seu estômago roncar e notou que não havia almoçado e nem comido nada e já estava quase no seu horário de ir embora.
Tudo isso porque fui atrás daquele homem.
Estava terminando de guardar tudo quando ouviu uma batida na porta.
- Entre.
Piérre colocou a cabeça pelo vão da porta e sorriu.
- Oi, Cécile! Estou atrapalhando?
- Não, pode entrar. - Ela respondeu com um sorriso.
Piérre entrou e colocou as mãos nos bolsos.
- Vou trabalhar até mais tarde hoje e vou jantar por aqui, sozinho. Vai estar por aqui? Porque pensei de jantarmos juntos e... - Ele suspirou, como se estivesse tomando coragem. - Posso pedir um lanche, não sei se você gosta...
Cécile sorriu.
Iria para casa jantar sozinha, mas, pensando melhor, talvez fosse interessante ter companhia. Estava prestes a aceitar quando se lembrou do homem lá embaixo.
Meu Deus, ele também precisa comer e muito provavelmente não vai sair de lá, já que está ocupado demais pensando em sua querida Christine... Eca! Preciso fazer alguma coisa.
- Piérre, eu agradeço muito, mas não posso. Hoje preciso levar os documentos na agência de empregos. Sobre minha contratação, sabe?
- Ah, entendo. - Ele pareceu desapontado. - Bom, te chamo numa próxima.
- Ficarei no aguardo. - Cécile sorriu e acenou enquanto ele saía e fechava a porta atrás de si.
Parece que o mocinho está dando bola pra mim. - Sorriu consigo mesma. - Mas agora preciso resolver a questão do homem lá embaixo, preciso entender o que está acontecendo e me certificar de que ele vá ficar bem.
Pensou em ir para casa e preparar uma sopa para ele, mas iria demorar muito, e levando em conta que ele passara mal pela manhã, precisava se alimentar o mais rápido possível.
Procurou um contato de um restaurante em seu celular e ligou.
- Alô? Oi, Bibi, aqui é Cécile. Tudo bem? Ah, estou bem sim... Ouça, Bibi, pode preparar um prato especial, por favor? Preciso de uma sopa de batata bem consistente, como aquela que fez quando eu estava com virose, se lembra? Ah, não, estou bem, é para um paciente... Tudo bem... Ah, ouça Bibi, preciso que entreguem aqui no Opéra Populaire. Ok, obrigada, Bibi, tchau.
Cécile desligou o celular e mexeu na prateleira de medicamentos. Encontrou isotônicos e separou um de laranja. Pegou 4 garrafas de água mineral e algumas barras de proteína. Recolocou tudo na sacola e resolveu ir até a porta da frente da Ópera esperar o entregador.
Estava se dirigindo a entrada do teatro quando notou, à sua esquerda, um corredor com grandes quadros pendurados. A curiosidade falou mais alto e ela foi até lá. Eram quadros de pessoas que ela nunca tinha visto, mas imaginava serem grandes nomes do Opéra Populaire. Diretores anteriores, grandes cantoras, uma tal de Madame Giry, que Cécile deduziu ser parente da Sra. Giry, e, no fim do corredor, o último quadro fez Cécile congelar.
A imagem dele, com uma máscara branca sobre o lado deformado do rosto que ela conhecia, uma roupa preta e envolto em uma capa também preta, a fez sentir arrepios. Aquele rosto era inconfundível. Ele tinha um olhar penetrante por trás das íris verdes, o queixo bem desenhado dava um ar de soberania que, mesmo doente e jogado no chão como quando Cécile o vira pela primeira vez, era possível perceber.
Ela se aproximou mais para ler a descrição no canto do quadro:
O famoso Fantasma da Opéra Populaire
Cécile sentia seu corpo todo tremer.
Então ele é o Fantasma? A história de Piérre era verdadeira?! Como é possível, esse homem que viveu em 1819, estar vivo hoje, lá embaixo, vomitando roxo?! Meu Deus, eu acho que vou desmaiar...
Cécile respirou fundo, da melhor forma que pôde, e correu para a calçada do teatro.
Precisava de ar fresco.
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O FANTASMA - Phantom Of The Opera AU
FanfictionApós ser abandonado por Christine, Érik decide pôr fim à sua vida. O tão famoso Fantasma da Ópera só não esperava acabar enfeitiçado, dormindo por 200 anos e acordando no primeiro dia de trabalho da nova funcionária do lendário teatro de Paris.