Filha Da Outra

não devia ...

Eu não devia me entregar assim, eu não devia deixar-lo se aproximar. Não depois de tudo o que ele fez. Mas eu sou fraca. Sou patética. Sempre á espera de migalhas, atenção e aprovação dos outros e sobretudo dele.

Eu sempre o amei, agora percebo, mesmo quando fugia eu o amava.

Ele foi o meu primeiro amor, a ilusão infantil. Um príncipe que eu pensei que me iria salvar. No entanto ele foi o meu vilão e eu gosto que assim seja.

Todo o medo que sentia não era mais nada mais do que desejo escondida.

Eu sou patética por amar um homem que me só fez sofrer e que já confessou que me odeia.

Eu nunca devia ter deixado-o tocar em mim. Eu me resguardei por tanto tempo, me protegi por tanto tempo...

Eu não devia ama-lo, mas amo.
Eu não devia deseja-lo mas desejo
Eu não devia...

  O Miguel deixou-me  no quarto com um beijo na testa e com a ameaça de me castigar caso eu volte a sair sem o seu conhecimento.
Depois saiu pela porta sem se preocupar que alguém o visse.

E eu fiquei aqui no mesmo lugar a sentir um turbilhão de emoções.
Por fim saiu do meu transe e vou tomar um banho, estou sauda e a cheirar a sexo. Nunca pensei que tivesse esse cheiro em mim.

______

- Mariana chegou uma coisa para ti.- diz a minha avó e aponta para  a mesa quando eu entro na cozinha.

No canto da mesa da cozinha está um enorme buquê de flores. Ao chegar mais perco reparo que entre as pétalas está um pequeno cartão. Levo o ramo ao nariz e inspiro o aroma doce das flores eu adoro o seu cheiro.

As estrelas já não têm o mesmo brilho sem ti.
Estou á tua espera...

Teu James.

Foi o James, foi ele que me enviou o buquê. O seu pequeno recado fez-me recordar a nossa conversa no jardim quando ele me disse que era bonita e que gostava de mim. Um pequeno sorriso surge no meu rosto sem eu dar por isso.

- Então foi o James, não foi?- abano a cabeça como se tivesse a acordar e olho para a minha avó.
Ela está a sorrir com as mãos na cintura larga.

- Sim, foi ele.- respondo a sua curiosidade.

- Afinal até é um bom rapaz. Penso que estava enganada.- diz

- É. Afinal até que é um bom rapaz- sussurro para mim.

Coloco as flores num vaso e deixo-te em cima da cómoda do meu quarto, olho para o cartão na minha mão e lê-o novamente.

As palavras aquecem o meu coração por serem bonitas, mas gostava que elas me despertassem outro tipo de sentimento. Eu gostava de sentir algo mais pelo James porque ele sim é um bom rapaz.

Viro as costas ao vaso e ao cartão que coloquei encostado ao vidro do mesmo e saiu do quarto.

É melhor procurar o que fazer e ocupar a mente com coisas mais seguras e deixar o ninho de vespas que é o meu coração.