despertar

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- 8...9...10... lá vou eu, pronta ou não! - grito.

- Eu vou te encontrar, onde estás? Mariana?- estamos a jogar às escondidas dentro de casa, lá fora está a chover.

Eu conheço todos os esconderijos, fui eu que os mostrei a Mariana, por isso é fácil encontrá-la. Isso e o som do seu riso, que ela tenta conter.

- Encontrei-te!- olho para debaixo da secretária do meu pai, no escritório.  É lá que a danadinha se escondeu.

Viro as costas e começo a correr, ela segue os meus passos.
Corremos pelo corredor eu á frente e ela mesmo atrás de mim a rir.
Eu adoro ouvir a sua gargalhada é o meu som favorito.

- Não me apanhas! - grito.

- Não vale, tu és maior e mais rápido! - ela diz mas continua a rir.

De repente ouço um barulho forte. Paro e olho para trás,  Mariana está caída agarrada ao joelho. Acho que tropeçou no tapete.

- Mariana, está bem? - o meu coração está apertado e sinto medo que ela se tenha magoado.

- O meu joelho dói um pouco. Machuquei-o quando bati no chão.- os seus olhos estão brilhantes, prestes a chorar.

- Deixa eu ver, princesa!- abaixo-me ao seu lado e tiro as suas mãos que envolvem a carne magoada.

Não está ferida só vermelho, amanhã deve estar roxo.
Levo os meus lábios ao machucado e beijo a sua pele vermelha.

- Pronto agora vai passar. Um beijo cura tudo!- digo

Uma lágrima cai e eu limpo rapidamente com a ponta do dedo, levo a umidade aos lábios e sugo a pequena lágrima.

- Não gosto quando choras, princesa.

___________

Acordo sozinho no chão da biblioteca. Lá fora, as luzes da aurora pintam o céu. A tempestade passou.

Será que tudo não passou de um sonho, uma ilusão?

Olho para baixo, estou nu, o meu abdômen e o pau estão sujos de porra seca e sangue e o meu ombro arde. Viro o rosto para ver a origem desse ardor e encontro a marca das suas unhas, cinco vincos vermelhos são visíveis na minha pele. Lembro-me da sua expressão de dor quando entrei todo dentro dela.

Só espero que não a tenha magoado muito!

Ainda posso sentir o seu cheiro no meu corpo.
Imagem de nós dois começam a surgir.
O seu corpo, a sua pele, os seus gemidos.
Pequena diaba mostrou coragem ao montar-me, logo na primeira vez.

A pequena bruxa usou- me e se foi - sorriu com esse pensamento.

Procuro a minha roupa e visto-me, é  melhor regressar ao meu quarto antes que alguém me veja.

Não consigo conter o sorriso que rasga o meu rosto.

Ela é minha,
A minha princesa
Ela voltou

Vou tentar esquecer o que aquela bruxa me disse, já chega ficar refém das suas  palavras amargas.
O meu pai tem razão. Só espero que a Mariana me perdoe por tudo. Eu sei que errei e muito, mas vou consertar. Nem que leve a vida inteira.
Por que agora eu sei como me doe perde-la.

__________

De banho tomado sigo para a sala de refeições, estou com uma fome de leão.

Aquele diabinha, deixo-me de rastos! - o sorriso bobo volta ao meu rosto.

- Bom dia família!- digo quando me sento á mesa.
O meu pai olha admirado para mim, ontem ele ficou comigo enquando eu chorava e em martirizada.
Por isso deve estar perplexo com a minha disposição.

- Bom dia, meu amor! Ontem foste embora depois do almoço e já não te vi!- a minha mãe pergunta.

- Tinha um compromisso! - não me orgulho do meu comportamento.
 
Um barulho de passos se faz ouvir antes da  figura feminina entrar na divisão. E é só olhar para ela para que o meu coração comece a bater descontrolado e um sorriso bobo se espalha no rosto.
Ela está linda, está sempre linda, os seus cabelos de diversos tons de castanho estão soltos e brilhantes, os seus grandes olhos escuros tem um brilho especial e a sua pele branca está resplandecente.

Recordações dela em cima de mim de como o seu corpo tremeu sobre o meu quando gozou comigo dentro, tomam conta da minha mente.
Tenho de me controlar para não saltar e ir ao seu encontro.

- Bom dia! - a sua voz sai tímida. Nem parece a mesma garota que me montou e me tomou inteiro dentro dela.

- Bom dia querida! - respondo os meus pais ao mesmo tempo.

- Então quais são os planos para hoje com o James? - pergunta a minha mãe.
Fico confuso, com essa pergunta. Ela não pode ter aceitado, não pode ter dito que sim e depois ter-se entregado daquela maneira.
Sinto o chão a abrir-se sob os meus pés, dando a sensação de queda.

Não é possível!

- Sílvia, não sejas curiosa! o meu repreendia mas está com os olhos em mim

- Sou curiosa sim, ainda mais com a minha menina. Estou tão feliz, querida. - as palavras da minha mãe são facas em brasa.

- O James convidou-me para ir almoçar! - ela reponde mas não levanta a cabeça.
E eu só quero olhar para dentro dos seus olhos e perguntar se é verdade, se foi verdade nós dois.
Mas fico sentado no meu lugar até a porra do café da manhã terminar.

________

Consigo alcança-la  no corredor que leva ao seu quarto. Agarro o seu pulso e viro-a para que fique de frente para mim.

- Tu aceitas-te? - é a única coisa que lhe pergunto.

- Sim. - uma única palavra

- Porquê? Porquê que aceitas-te e depois foste ter comigo?- quero respostas.

- Precisava de ter controlo de alguma coisa na minha vida. De fazer algo sem ter medo de ser rejeitada. - confessa e eu vejo os seus olhos a ficarem brilhantes com lágrimas.

- É o James que queres? Estás feliz, com ele? - não é possível que ela o ame. Não vou aceitar

- Os meus avós e tua mãe estão! - ela acaba por dizer. Uma raiva  começa a nascer no meu peito.

- Não podes ficar com o James. Tu és minha. Mariana olha para mim - agarro o seu rosto e obrigo a olhar nos meus olhos.
E quando os seus olhos encontraram os meus eu vejo um vazio e isso faz o meu coração sangrar.
Caiu ao seus pés e encosto a minha testa á sua barriga.

- Me perdoa princesa. Me perdoa por não ter lutado contra o ódio que ela me injetou. Me perdoa.



Filha Da OutraOnde histórias criam vida. Descubra agora