- Miguel, chegaram! Já almoçaram?- a D. Sílvia pergunta quando chega à sala e encontra o filho.
- Obrigado mãe, mas já comemos na praia!- então os dois foram para a praia. O Miguel responde sem tirar os olhos de nós.
- E onde está a Raquel? - no quinto dos infernos, espero.
- Ela subiu para tomar um banho. - ela bem que podia se afogar no chuveiro.
De repente a S. Sílvia repara que o Miguel está a olhar fixamente para o James.
- Oh! Convidei o James para o almoço! - diz em jeito de desculpa. Não sei se ela sabe das condições da partida do James da mansão. Mas até um cego conseguia ver a tensão entre os dois.
- E parece que ele gostou bastante do almoço, não foi querido amigo?- o Miguel fala para o James mas olha para mim.
- Sim, gostei! Estava tudo delicioso como sempre!- o sorriso ladino aprece no rosto do James, o que me faz pensar que talvez o ele não seja totalmente inofensivo.
- Mas não posso mentir, não aceitei somente o convite da tua mãe para saborear a comida da Madalena. Queria perguntar á Mariana se ela aceitava sair comigo!- os olhos do Miguel queimam, os ombro ficam tensos, os punhos serrados e os seus dentes parecem que a qualquer momento se podem transformar em pó de tão apertados que estão.
- Sair?- digo por fim despertando do meu estado de espectadora do show de testerona que estes dois está a dar.
- Sim! Vi um cartaz de um concerto de piano no teatro da cidade e pensei que gostaria de ires comigo?- o Miguel está a uma unha negra de faltar no pescoço do amigo.
- Que maravilha! Ouvi falar desse concerto, o repertório parece muito bom. - a dona da casa fala.
- Pensava que não gostavas de música clássica!- nem sei como é que o Miguel consegue falar com o maxilar tão apertado.
- Mas sei que a Mariana gosta. E pela companhia não me importo de ouvir o que seja.- a D. Sílvia suspira como se tivesse ouvido a mais linda declaração de amor.
- Bem, acho que aceito! - respondo com o coração acelerado não pelas palavras do James mas pelo olhar do Miguel.
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A mamã está estranha, desde que a ouvi conversar com o papá, ela anda distraída e sempre com os olhos vermelhos. Mas hoje está pior.
Não a vi comer no café da manhã e os seus olhos estão mais vermelhos e brilhantes como se estivesse à beira das lágrimas.O papá também não está normal. Está calado e olha para a mamã com medo que ela se partisse ao meio.
Não gosto disso.E até mesmo a Madalena e o José estão diferentes. O José anda mais calado do que o habitual e já não me chama para ir lavar o carro com ele.
Os papás estão muito estranhos...
A casa anda estranha...Por isso esconde me na biblioteca.
Estou a olhar para a janela quando um carro, um táxi, pára ao portão. Não consigo ver bem quem está dentro do carro, mas parecem ser duas pessoas.A curiosidade leva-me a sair do meu lugar para ver quem é que chegou. Fico atrás da porta da sala à espera da chegada dos estranhos. Mas ninguém entra, por sua vez, ouço vozes na cozinha .
Corro pelo corredor e coloco-me atrás da porta e olho através da fresta.
A Madalena está abraçando uma mulher de cabelo loiro, mas não consigo ver-lhe a
cara porque está de costas.E a onde está a outro pessoa? Eras duas, não eram?- penso para mim.
- Diana, filha, pensava que só vinhas mais tarde! Mas ainda bem que chegaram, acabei de fazer um bolo!- a Madalena fala para a recém chegada.
- E quem és tu?! Minha linda menina!- ela continua a falar mas desta vez fala para outra direção. Mas não vejo ninguém.
E então, a mulher recém chegada, que a Madalena chamou de Diana, se desvia para o lado e eu a vejo envolta pelos raios de luz que entram pela janela da cozinha.
A menina mais linda que eu já vi...
Ela é perfeita...
Os cabelos castanhos compridos, os olhos grandes da cor do chocolate, emolduros por pestanas escuras e compridas.
Faces rosadas e lábios grossos e vermelhos como os morangos.O meu coração deixa de bater
Os meus pulmões esquecem de respirar
E a minha pele começa a formigar.É ela, a minha princesa.
O meu pai tinha razão. Ele sempre me disse que eu havia de encontrar a minha princesa assim como ele encontrou a mamã.E ela é linda.
E é a minha princesa...
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Filha Da Outra
Lãng mạnEu não pedi para nascer. Não pedi para ter a mãe que tive Nem pedi para ser deixada para trás. Ser filha da outra, da quase amante é ser marcada. Mas ser a filha da outra e ser deixada para crescer na mesma casa da família que a sua mãe quase destr...