Beijo

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Estou em choque, os meus lábios ainda estão dormentes e o meu corpo e cérebro querem que o Miguel volte a beijar-me.
Este foi o meu primeiro beijo, nunca imaginei que fosse assim, selvagem e faminto. Mas no fundo sempre quis que fosse com ele, o meu príncipe que agora está mais para vilão.

-Com quem tiveste?- os seus olhos ainda estão negros e todo o seu corpo está a tremer.

- Como assim? Com quem?- tento falar assertiva, mas se torna difícil com ele a apertar o meu pescoço

- Não brinques comigo, sua rata! Tiveste toda a tarde fora estão todos à tua procura, não avisas-te nem a minha mãe nem os teus avós!- eu nem tinha me lembrado de avisar que ia sair estava tão fora de mim.

-Fui só ao centro da vila, precisava de estar sozinha!- confesso.

- Mentira! Com quem? Quem foi o da vez?- é sempre a mesma conversa, ele realmente pensa que sou assim tão promíscua. É hilariante se não fosse tão triste.

- Eu estava sozinha, Miguel, eu juro. Eu só perdi a noção do tempo porque estava a falar com a minha amiga Bianca.- nem sei porque lhe estou a dar satisfações. Como se ele fosse meu pai, irmão ou dono.

- Olha bem para mim, tu és minha, só minha Mariana, não vou admitir que mais ninguém te toque- diz calmamente. Os seus olhos olham dentro dos meus e a sua mão agrava o aperto no meu pescoço.

-Eu não percebo, Miguel! Realmente não entendo, porque dizes o que  dizes e me torturas. Não podes simplesmente esquecer que eu existo. - acho que a conversa com a Bianca me deu coragem, ter a minha amiga do meu lado fez com que a verdadeira Mariana aparecesse.

- Achas que eu não queria? Era tudo o que eu queria, mas a tua imagem, o teu cheiro até  a tua voz estão marcados na minha mente como se fossem feitos a ferro quente. És o primeiro pensamento que tenho ao acordar e o último ao deitar
És a porra de uma obsessão. Que  só vai passar quando te marcar com as minhas mãos e o meu pau. - sussurra no meu ouvido

- Mas depois eu fecho os olhos e vejo a tua mãe nua sentada no colo do meu pai,e mesmo ele pedindo para ela para. Aí eu me lembro que tu és a sua filha e que és igual. Que figes ser o que não és. És uma vadia, uma cadela, uma puta que abre as pernas para qualquer um- as suas palavras estão tão carregadas de ódio e fel que posso sentir cada uma a perfurar-me a pele.

E não sei se foi a conversa com a Bianca logo cedo, se foi a dor que as palavras me causaram ou mesmo o cansaço, mas eu faço algo que nunca pensei ser capaz e só tomo consciência tarde de mais. Eu bato na cara do Miguel. Os meus dedos marcados na lateral do seu rosto são a marca do meu cansaço e as lágrimas que caem no meu rosto são a prova que cheguei ao meu limite.

Saiu a correr em direção á porta da cozinha, rezando para não cruzar com ninguém e deixo um Miguel petrificado para trás.

Já no meu quarto, deitada na minha cama vejo que o meu ato de rebeldia pode me custar muito caro, mas o que ele pode fazer mais. Tenho medo que ele se vingue nos meus avós, mas penso que o senhor Eduardo e a dona Sílvia não o vão deixar ir tão longe.
Eu estou esgotada emocionalmente, dentro de mim existe duas Marianas uma que tem medo de todo e que só quer agradar a toda a gente. E tenho outra que quer ser livre, amar e ser amada sem que lhe cobrem nada em troca. E o mais grave é que as duas gostam do Miguel.

Depois de uma eternidade levanto-me lavo a cara e saiu para ir á procura da minha avó. Encontro-a na lavandaria a separar as roupas.

- Avó, desculpa por ter saído e não ter avisado!- eu devia ter avisado mesmo, não é do meu feitio sair assim

- OH querida, não faz mal! Eu imaginei que tivesses ido ao centro. O menino Miguel é que andou a tua procura feito um louco e ficou muito preocupado. Nem sei porque é que ficou assim?- o que vou dizer á minha avó, eu devia era contar logo o inferno em que eu vivo por causa dele.

- Não sei avó! Acho que tinha combinado ver uma coisa com ele e esqueci -me.- minto, não sei por que faço isso.

- Mariana, realmente devias ter avisado o coitado do garoto parecia uma barata tonta á tua procura.

- Eu já falei com ele e expliquei a situação acho que ele percebeu.- rezo para que ele me deixe mesmo em paz.

- Sabes a onde está a D.Silvia?- pergunto á minha avó.

___

Depois de falar com a senhora e ter explicado o porquê que tinha faltado ao nosso lanche, ao que ela compreendeu e até me encorajou a fazer mais vezes.
Resolvo ficar no meu quarto o resto do dia, aproveito para pôr a leitura em dia e arrumar as minhas coisas.

E por falar em arrumar, hoje não fiz as tarefas que aquele capeta me ordenou, mas depois penso, ele que as faça.
Não quero pensar nem olhar para ele nos próximos dias.

Mas a lembrança do beijo e das suas palavras, antes de me insultar, aquecem o corpo. Eu queria voltar a sentir os seus lábios e saborear o seu gosto. Queria que ele me tocasse...

-Chega, chega, Mariana, ele não é bom para ti. Ele é horrível e cruel. Não podes sentir o que estás a sentir. Tens que reprimir os teus pensamentos e sentimentos. - penso.

O que faço melhor é ir dormir e esquecer que este dia aconteceu, ou melhor, que os últimos dias existiram. Eu devia era aceitar a sugestão da Bianca e ir ter com ela. Fugir mais uma vez do Miguel.

___

-Mas que sonho estranho, tive está noite - penso ainda de olhos fechados.
Sonhei que alguém entrou no meu quarto enquanto eu dormia, e me pegou ao colo. E eu gostei, aliás penso que até falei com a pessoa e disse que gostava do seu cheiro e calor. Só pode ser um sonho, porque eu lembro-me de ter passado a chave na porta.

De repente tomo a consciência que não estou sozinha na cama, sinto um corpo colado nas minhas costas e algo duro e grande a fazer pressão na minha bunda. Tento me  mexer e reparo que tenho uma das mãos presas à cama.

Eu realmente não estou no meu quarto e está não é a minha cama. Eu estou no quarto do Miguel
Aquilo não foi um sonho. Como ele conseguiu entrar no meu quarto e me trazer para aqui sem ninguém dar por nada ou melhor eu não ter dado.

- É melhor não te mexeres muito, ratinha, se não quiseres ter de lidar com uma certa parte do meu corpo- fico estatística mal ouço a voz rouca pelo sono, do Miguel no meu ouvido.

- Porque é que estou no teu quarto e na tua cama Miguel?- pelo visto a minha coragem ainda está viva.

- Eu disse que a partir daquele dia ias dormir no meu quarto, já a resposta ao estares na minha cama devesse ao meu lado masoquista.

Filha Da OutraOnde histórias criam vida. Descubra agora