- Desculpa, James. Mas ainda não me sinto preparada. - viro o rosto e os lábios, do James roçam o canto da minha boca. Não consigo deixá-lo beijar-me, eu sei que é uma loucura, mas parece tão errado deixar outra pessoa me tocar quando eu desejo o Miguel.
- Mariana, não faz mal, eu posso e vou esperar! - o garota à minha frente fala ao mesmo tempo que seca com o polegar uma lágrima que desce pela minha face.
- Não é justo para ti, James. Eu, só posso te oferecer a minha amizade.
- Já é um começo. A amizade é o início de tudo. Hoje sou teu amigo, amanhã posso ser mais, é uma questão de tempo e paciência.
Era muito mais fácil se o louco e masoquista do meu coração não tivesse obcecado por quem não merece.
- Não gostas de passar tempo comigo? Das nossas conversas, das nossas saídas? - pergunta
- Sim, eu gosto. - mas não és a pessoa que eu desejo. Quero lhe dizer.
- Então vamos continuar a conversar, vamos continuar a ir jantar, a ir ao cinema e a passar tempo juntos. - ele agarra a minha mão e passa os seus dedos pelos nós dos meus.
Coloca um mecha de cabelo atrás da minha orelha, aproveita a minha distração e acaba por fim por me beijar. O seu beijo é calmo, sereno, como o toque de uma brisa. Os seus lábios dançam com os meus suavemente, tomando cuidado, como se eu fosse uma coisa frágil e preciosa.
Mas estrondo faz com que eu recuo. Olho por cima do ombro do James e vejo o olhar do Miguel em nós.
O seu olhar é sombrio mas ao mesmo tempo triste e magoado. E eu sinto que foi pega a trair-lo, sinto-me uma adultera, pelo mesmo com os meus sentimentos e o meu coração.- Desculpem, podem continuar.- a voz do Miguel sai magoada, mas a sua postura é de indiferença .
- Sempre vieste para o almoço? A tua mãe disse que talvez não viesses! -o James pergunta para o amigo.
- Começo a arrepender-me de ter vindo. - ele respondo mas vira as costas nem esperando que o amigo lhe responda .
Fico a ver o Miguel a afastar-se e sinto um aperto no peito.
Ele pareceu cansado e triste. Tive vontade de ir ter com ele e o abraçar.Estúpido coração masoquista.
- Vamos entrar, littler hare?- James puxa-me pela mão. Olho para ele, James é lindo o sonho de qualquer garota, então por que é que não consigo sentir nada por ele, além de amizade.
Garota burra
Coração estúpido e masoquista.A mesa está posta. Estranho! Porque será que se está a usar o serviço de porcelana que a D. Sílvia usa em ocasiões especiais, assim como um centro de mesa com flores? Muito estranho mesmo, não há motivo para celebração, não é o aniversário de ninguém nem temos nenhum convidado, com exceção do James, mas ele já é de casa.
Sento-me no meu lugar, a D. Sílvia está radiante no seu lugar com um sorriso que chega a brilhar. Por sua vez o senhor Eduardo está sério e tenso.
- Oh meu filho, ainda bem que chegaste a tempo do almoço!- a dona da casa aperta a mão do filho e sorri.
- O que a minha mãe não pede que eu não faço rapidamente e a sorrir? - o Miguel fala, mas sem humor. Parece uma carcaça, sem brilho no olhar.
Pelo resto da refeição o Miguel brinca com o garfo, comendo só algumas garfadas, mas por sua vez o seu copo não pára vazio. Ele bebe um atrás do outro. Já estou preocupada, mas não posso dizer nada. Tento chamar a sua atenção, mas ele nem levanta o olhar e evita ao máximo meu.
Rezo para este tormento ter fim, o sorriso no rosto da D. Sílvia, a tensão nos ombros do senhor Eduardo, o James que procura qualquer motivo para me tocar. E o Miguel que esta a fazer o máximo para ficar bêbado, esta apático como se não tivesse aqui á minha frente.
- Já sabes quando é que a Raquel chega?- o James pergunta para o Miguel. Este último nem levanta o olhar do seu copo.
- Não sei! - é a única coisa que diz.
- É uma pena, esperava que ela tivesse presente.- não entendi o porquê que o James falou isso. Mas o olhar que por fim o Miguel lhe lançou fez os pelos da minha nuca se arrepiarem.
- É! O que me recordo sempre gostaste da companhia dela, não é verdade. Vocês os dois gostavam muito de passar tempo juntos! - um sorriso irónico surge no canto da boca.
Sinto o James ficar tenso. E quando olho para ele vejo um tom rosa a surgir na sua face.
- Bem vamos para sala, tomamos o café lá! - a dona da casa levanta-se e espera que todos a imitassem antes de seguir para a outra divisão.
- Vou pedir para a avó o café!- digo
- Não, querida! Podes deixar que eu vou. Fica aqui com o James! - apressasse a dizer. Sinto um formigueiro na pele do o se algo tivesse para acontecer. Não gosto dessa sensação.
Pouco tempo depois a D. Sílvia entra na sala seguida pela minha avó. E atrás dela vem o meu avô. O que é o culminar da estranheza. Não sei o que pensar olho para os meus avós na esperança que perceber o que se passa.
- Acho que estamos todos não é? - pergunta o James.
O que se passa?
Não estou a gostar isto.
Porque é que está toda a gente reunida na sala?-James, o que se passa? - pergunto
- Littler hare,- sinto as minhas faces a ficarem vermelhas, ele nunca me chamou pelo apelido em público - sabes quais são os meus sentimentos por ti! E também desconfio que não são novidade para os presentes.- ele aperta as minhas mãos.
- Acho melhor falarmos em privado!- digo baixo.
- Mariana queres namorar contigo?- ele nem ouve, ou finge não ouvir.
- James, não foi... - tento falar.
- Querida, eu sei que começamos a sair á pouco tempo mas eu o que sinto.
Não sei o que responder. Não foi isso que falamos á pouco, no jardim. Eu disse que queria continuar com a amizade. Que só sentia um carinho de amiga por ele.
Ele nem quis me ouvir. Ele só está a falar dos sentimentos dele, então os Meus.Olho em redor da sala. Os meus avós estão a sorrir, parecem felizes. A D. Sílvia tem lágrimas nos olhos.
Eles estão felizes, eles parecem estar orgulhosos de mim, por ter conquistado um bom partido, um garoto de boas famílias. Tão diferente dela é o que os seus olhos dizem.Então e Eu, então os meus sentimentos, o que eu quero? - quero gritar.
E então procuro por ele, mas ele já não está lá. Em vez dele só encontro o seu copo meio vazio.
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Filha Da Outra
RomansaEu não pedi para nascer. Não pedi para ter a mãe que tive Nem pedi para ser deixada para trás. Ser filha da outra, da quase amante é ser marcada. Mas ser a filha da outra e ser deixada para crescer na mesma casa da família que a sua mãe quase destr...