Desde daquele dia que não vejo a garota bonita que estava na cozinha a falar com a Madalena.
Mas a mamã contou-me que ela agora vai viver aqui em casa porque é a neta da Madalena e do José. E que eu tenho que ser amigo da garota porque ela não tem amigos por aqui.Mas ela tem se escondido no quarto ou na cozinha e sempre que eu chego perto ela foge.
Ela é tão bonita.
Sempre que penso nela o meu coração começa a bater muito depressa e fico um bocadinho nervoso.
Ainda tenho que perguntar à mamã o que significa isso.Quando chego a cozinha não vejo ninguém, nem a Madalena, o José ou aquela mulher estranha que acho que é a mãe da garota.
Mas quando olho pela janela vejo que a garota bonita está no jardim, e o meu coração aquece e começa a bater muito depressa.É hoje que vou falar com ela.
Olho para cima da mesa e vejo que a Madalena fez o meu bolo preferido e tenho uma ideia.O papá sempre dá presente à mamã e ela fica feliz, por isso vou dar um pedaço de bolo à garota bonita.
- Olá! - digo quando chego ao seu lado.
- Olá!- ela responde e olha para mim. E o meu mundo para. As minhas mãos começam a suar, a minha pele parece que tem formigas a correr sobre ela. O meu coração parece um tambor. Tudo porque a garota bonita olhou para mim e eu vi por fim os seus olhos. São da cor do chocolate docinho, não daquele que a mamã me deixa comer ao fim de semanamas antes da cor do chocolate que a Madalena usa para fazer os bolos.
- E..eu so..sou o Mi..Miguel!- gaguejo. Ela é tão bonita.
- Eu sou a Mariana! - ela sorri, e eu fico bobo ao olhar para ela.
- Queres um pedaço de bolo! É bolo de limão o meu preferido!- ofereço o pequeno tesouro doce que roubei da cozinha.
- Obrigada! - ela aceita e volta a sorrir.
E eu penso que que nunca vi coisa mais bonita na vida. E prometo a mim mesmo que vou fazer de tudo para que ela sorria para sempre.
Minha pequena princesa.
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Porra, a minha cabeça parece que está a explodir e a luz que entra pela janela não está a ajudar em nada. Tenho os braços e as pernas pesadas. Não devia ter bebido tanto. Mas precisava de esquecer o que vi. Mas as lembranças até nos sonhos me perseguem.
Ela tinha saído com ele. Ele tinha tocado nela. E eu não pode fazer nada. A minha princesa, a minha amiga, o meu tormento a minha Nêmesis.
Viro a cabeça na almofada e vejo que não estou sozinha.
Porra!
A Raquel está ao meu lado e está sem roupa. Voltei a dormir com a vagabunda. Agora é que ela não me vai largar o pé.
Sento-me na cama, virando-me de costas para a cena deprimente que é a garota deitada na minha cama.
Não devia usar a vagabunda como uso. Mas também ela não se queixa. Ela sabe bem que não é o seu nome que eu chamo quando gozo nem é o seu rosto que eu vejo quando estamos juntos.
- Fica mais um bocadinho amor!- unhas grandes e vermelhas tocam no meu estômago. Baixo o meu olhar e vejo o vermelho das unhas próximo ao anel dela e sinto nojo, não só da dona dessas unhas como também de mim.
- Vaza!- a minha voz sai áspera, devido ao sono e á ressaca que me martela o cérebro.
- Sério Miguel! - a piranha reclama, mas não sai do sítio.
- Vaza, já disse! - levanto-me e visto a cueca que está jogada no chão perto da cama.
- Mas Miguel, eu pensei que nós....- ela começa a falar manhosa.
- Não existe a nós, nem porra nenhuma.! Sai da minha cama e do meu quarto. Nem devias ter dormido nela. - corto logo aquela conversa.
Por fim a puta se levanta, veste a camisola e sai batendo a porta com força.
- Puta de merda!- grito para a porta, sentindo a dor que o som causou no meu cérebro.
Caralho, agora nem o seu cheiro eu posso sentir. - penso ao olhar para os lençóis que já não têm o cheiro dela. Agora só cheiram a sexo e a puta barata.
E a culpa é toda minha.
Eu faltei a minha promessa.
Eu a fiz chorar.
Eu a feri
Mas quando penso que posso ser diferente eu ouço as palavras da outras como se fossem uma maldição.
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Filha Da Outra
RomansaEu não pedi para nascer. Não pedi para ter a mãe que tive Nem pedi para ser deixada para trás. Ser filha da outra, da quase amante é ser marcada. Mas ser a filha da outra e ser deixada para crescer na mesma casa da família que a sua mãe quase destr...