10. DESPEDIDA

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Dizem que ao observar os cinco amigos mais próximos, temos um reflexo de quem somos, como pensamos e vivemos.

Conheço o Dustin há anos, mas não estava entre esses amigos íntimos, ao contrário de sua equipe de MMA. Eles se tornaram sua família nos últimos tempos e certamente influenciaram suas recentes mudanças.

Por isso, era adequado que ele pedisse desculpas por segredos mantidos durante um almoço após deixarmos o hospital.

Essa ocasião também me permitiu conhecer sua equipe, que imediatamente aqueceu meu coração ao ver um Dustin hesitante sair do carro, transformando-se em alívio e alegria ao reencontrá-los.

Cada membro cumprimentou Dustin à sua maneira, com abraços calorosos, alguns até o levantando do chão em frente ao restaurante, antes de tentarem beliscar sua bochecha.

Era evidente que Dustin estava simultaneamente feliz e envergonhado com a recepção, parecendo uma criança recebendo afeto materno em público.

— Podem parar com isso, pelo amor de Deus... — ele disse, esquivando-se dos companheiros e me dando espaço para me aproximar, o que o fez ficar ainda mais tímido ao explicar minha presença — Esta é Nicole, comportem-se, por favor...

Sua tentativa de manter a ordem foi em vão quando um homem tão robusto quanto Dustin me abraçou com tanta efusividade que me levantou do chão, me fazendo ofegar de surpresa, antes de me soltar com um sorriso amigável.

— Muito obrigado por trazer juízo ao Kyle. Sou eternamente grato por sua existência, senhora... a propósito, sou Tate, o treinador dele.

Ainda surpresa com a recepção, sorri e apertei sua mão antes que os outros se apresentassem: Pietro, o secretário, Oliver, o lutador e parceiro de treino, e Alan, o nutricionista.

Alan fez questão de esclarecer que não estava ali profissionalmente ao nos direcionar para o restaurante chinês. Ele estava presente como um amigo ansioso para ver Dustin pagar um almoço de desculpas para a equipe.

— Tenho certeza que a ideia foi sua, não dele, certo? — Alan indagou ao entrar no restaurante, fazendo-me morder o lábio e arrancar-lhe um sorriso.

— Como descobriu? Ele é muito orgulhoso para se desculpar ou muito avarento para pagar um almoço para vocês? — sussurrei como se fosse um segredo, enquanto ele me conduzia a uma mesa e sinalizava o número dois com os dedos, fazendo-me olhar para Dustin atrás de nós e franzir o cenho. — Não acredito... o que mais ele aprontou?

Alan sorriu com a malícia de uma criança pronta para revelar todos os segredos dos irmãos a quem quisesse ouvir.

— Ah, será um imenso prazer contar... — ele parou de falar assim que Dustin se aproximou e cobriu sua boca.

— Que tal mudarmos de assunto, hein?

Por causa disso, os rapazes se esforçaram para contar tudo o que sabiam, para desespero de Dustin.

Isso tornou o almoço repleto de histórias; ao ouvi-las, quase me engasguei de tanto rir, e ao contá-las, deixei os rapazes boquiabertos com relatos de como Dustin queimou o dedo de um garoto que me beijou no rosto.

— Mas como assim ele se queimou... jogou água fervendo ou algo assim? — Alan perguntou curioso, e eu neguei, bufando.

— Ele simplesmente pegou a mão do garoto e a colocou na fogueira, dizendo que da próxima vez ele beijaria o diabo.

Dustin tentou conter o riso naquele momento, e eu lhe dei um leve cutucão ao ver isso.

— O que foi? — ele perguntou, rindo como se fosse inocente na história — Eu sei que foi errado o que fiz, mas tínhamos 11 anos e naquela época só conseguia pensar que ele precisava de uma lição.

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