14. CONVERSAS

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Organizar uma festa surpresa em menos de nove horas, sem que a notícia do retorno de um campeão internacional de MMA se espalhasse para a mãe dele, era um desafio que me fazia questionar se eu havia ido longe demais.

Tudo começou quando a Sra. Emilia não estava na delegacia quando chegamos. Ao descobrir que impedimos o fechamento do rancho por causa daquela denúncia, ela, sem saber nada sobre Dustin, agradeceu-me com um alívio que aqueceu meu coração, assim como os abraços sinceros e gratos de todos no rancho, incluindo a pequena Lilian, que me deu um beijo na bochecha, feliz por eu ter voltado e impedido que suas amigas animais fossem embora, prometendo até nomear a próxima filhote em minha homenagem.

Aquilo quase me fez desabar de emoção.

No entanto, a Sra. Emília queria saber todos os detalhes de como salvei o projeto, e, sem saber como explicar sobre Dustin, disse que conversaríamos mais tarde sobre uma celebração. Ela, imediatamente animada, concordou e prometeu preparar uma bela decoração em minha homenagem.

Naquele momento, o pastor suspirou profundamente, desejando revelar a verdade. Mas a Sra. Carla, percebendo minha intenção, o afastou dali.

Assim, consegui mobilizar todos ao meu redor para organizar uma festa, sem mencionar o retorno de Dustin.

Deveria ser início da tarde quando cheguei em casa e senti um cheiro de queimado vindo da cozinha.

— Por acaso está queimando alguma coisa? — perguntei ao entrar na cozinha, e imediatamente me arrependi ao ver o caos instalado ali.

Havia massa, doce, chocolate e farinha espalhados por todo lado, cobrindo quase todo o corpo da minha mãe e da Jane, que olhavam desoladas para o frango queimado.

— Eu não acredito... duas horas de gás desperdiçadas... — lamentava minha mãe ao ver o frango carbonizado.

Quando olhei para o fundo da cozinha, tive que me segurar para não rir ao ver Dustin suando enquanto tentava desenformar um bolo inteiro, com gotas de massa espalhadas por sua roupa, apesar do avental que dizia "Aqui mando eu".

— O que você está fazendo aí parada, Nicole?! — minha mãe me viu e apontou para Dustin — Ajude esse menino antes que ele estrague outra massa, pelo amor de Deus! — exclamou ela, num tom de desespero, me fazendo quase rir enquanto colocava as luvas para ajudar Dustin, que pareceu respirar aliviado quando consegui desenformar o bolo.

— Parece que agora você perdeu um pouco do favoritismo com minha mãe... — brinquei com ele, que balançou a cabeça, decidido a nunca mais tentar desenformar um bolo. Isso me fez perguntar às outras duas mulheres — Precisam de mais alguma ajuda?

— Não, eu consigo... — interrompeu Jane, pegando o bolo e me olhando seriamente — Por que você não vai comprar algo para substituir o frango queimado, já que foi você quem organizou essa festa? Vá, Nicole.

A doçura habitual de Jane não me surpreendeu. Mas Dustin imediatamente tentou tirar seu avental para me acompanhar, e ela o impediu com um grito que quase fez nossos ouvidos explodirem.

— Você fica! Esqueceu que não pode ser visto por ninguém nesta cidade até a festa? — ela disse, e quando Dustin a encarou sério, ela apontou para mim — Culpe ela, não a mim.

Ergui as mãos em sinal de rendição, reconhecendo minha culpa e me distanciando das acusações de Jane, que ainda parecia guardar ressentimento do incidente que causei em seu casamento.

Contudo, tal como ela permanecia inalterada, seu irmão também não mudara. Ele me enviou uma mensagem solicitando que comprasse alguns ingredientes antes de nos encontrarmos na casa de seus pais.

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