5. PASSADO

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Depois do primeiro dia de volta a minha cidade natal que descobri um projeto social que o meu avô deixou no meu nome. Não teve muita coisa de que captou tanto a minha atenção nos outros dias da semana do que essa noticia.

Tanto que em cada ida até algum estabelecimento da cidade com a minha mãe que fazia questão de apresentar para todos a sua filha recém-chegada, a minha mente quase sempre estava aérea pensando no projeto social. E sobre o que eu ia decidir fazer com ele.

E assim não foi diferente com o café da tarde que a minha mãe tinha com as suas amigas para decidir algo para a cantata de Natal que se aproximava, e que ela me arrastou junto com ela para casa da Sra. Lia. Onde cumprimentei a mesma que disse o mesmo que quase todas as “tias” do bairro diziam sobre me ver agora crescida era um grande choque a elas.

E bom, como eu disse, aérea do jeito que eu estava, a minha mãe começou a parecer ficar irritada com a minha reação sempre de susto quando uma amiga dela perguntava algo e eu precisava que repetisse a pergunta de novo para dizer alguma resposta rasa ou vazia.

Então ela me mandou fazer mais café, enquanto a última amiga não chegava. E assim concordei indo até a cozinha até escutar por acaso a Sra. Carla ao lado da minha mãe suspirar algo interessante.

— Espero que a Emília tenha sorte e o neto a caminho seja parecido com a beleza do seu filho mais novo, o querido Dustin.

Como se tivesse um freio no meu pé e um start no meu cérebro. Eu parei de andar no meio do caminho e olhei para as outras duas concordando com a fala.

— O Dustin vai ser pai?!— perguntei imediatamente sem não conseguir controlar a língua. E a minha pergunta de supetão fez todas as três que sussurrava, dar um pulinho.

— Como assim? Quem te disse isso? — a Sra. Lia perguntou surpresa com a minha pergunta, mas a feição que a minha mãe tinha, parecia de que ela estava surpresa é com minha reação.

— Vocês disseram algo sobre neto da Sra. Emília parecer com o Dustin... — eu dei de ombros com vergonha e a Sra. Lia logo deu uma risadinha me chamando para sentar-se novamente.

— Não é ele, é a irmã dele mais velha. Se lembra dela ainda querida? A Jane.

Eu obviamente me lembrava dela, a mesma era minha vizinha. Jane era 5 ou 6 anos mais velha que eu e o Dustin que temos a mesma idade, e por isso nunca tivemos muito contato. Mas ainda assim era impossível não se lembrar de que estive no seu casamento e quase a deixei nua quando pisei no seu vestido.

— Que bom que a Família Kyle terá o seu primeiro neto, deve ser especial... — suspirei aliviada.

— Mas a Emília não parecia tão feliz quando a encontrei ontem, ou talvez não era por esse motivo...

Escutando aquilo da Sra. Carla logo acendeu uma luz na minha cabeça se talvez a Sra. Emília tenha notícias do Dustin.

Esse ser humano que para desencargo de consciência, olhei novamente sobre o seu número que tinha salvado. E mais uma vez não tinha uma mensagem respondendo as minhas que enviava desde que consegui o seu número com Noah. Outro que apenas respondia a mesma mensagem robotizada quando eu o perguntava algo: “Não se preocupe, nós estamos cuidando dele”

— E poderia ser talvez por causa do Dustin? A tristeza dela? — perguntei isso e minha mãe me olhou como se quisesse ler a minha mente.

— Por acaso aconteceu algo com ele?

— Não sei, talvez sim ou talvez não... — dei de ombros e ela cerrou os olhos me fazendo desviar os olhos depressa.

— Espero que não seja, aquele menino sofreu o suficiente para toda a vida.

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