Retorno à festa e encontro todos já presentes, inclusive minha tia e minhas amigas. Fred se aproxima e pergunta: "Você está bem, Luana?". "Sim, só precisava tomar um ar fresco", respondo. "E você, Fred?", questiono com um sorriso. "Estou ótimo!", ele responde com entusiasmo.
De repente, somos interrompidos por uma senhora desconhecida. Ela se dirige a Fred, falando animadamente: "É você o noivo? Cadê sua noiva?". A mulher parecia não me notar ao meu lado, fingindo que eu não existia.
Antes que Fred pudesse responder, tomo a iniciativa e digo com firmeza: "Eu estou bem aqui!".
A senhora, ignorando completamente minha presença, sequer me dirigiu um cumprimento. Sem me dar a mínima atenção, ela se virou para Fred e, com um sorriso artificial, disse que precisava encontrar a mãe dele para lhe dar os parabéns.
"Por que ela me olhou daquele jeito?", questionei Fred, buscando uma resposta que ele, desconversando, não me deu. "Não é nada demais", ele disse, tentando amenizar a situação.
Enquanto caminhávamos pela festa, um rapaz e uma moça em uma mesa chamaram por Fred. Aproximamo-nos para cumprimentá-los. "Parabéns, Fred!", o rapaz disse com entusiasmo. Fred agradeceu, sorrindo. No entanto, meus sentidos aguçados captaram algo mais: o restante da mesa me observava com um certo desdém, como se eu não fosse digna de sua atenção ou de está ali.
Como se a situação já não estivesse desconfortável o suficiente, Ítalo chamou Fred para a mesa ao lado. E o que ele faz? Me deixa lá, à mercê daquele bando de desconhecidos esnobes, para ir atender ao chamado de Ítalo.
Fiquei atônita. A sensação de abandono era avassaladora. Como ele pôde me deixar sozinha, em um ambiente hostil, cercada por pessoas que me olhavam com desdém? A humilhação era palpável.
A saída de Fred foi o prenúncio de um interrogatório implacável. As perguntas, disfarçadas de interesse genuíno, eram na verdade tentativas de vasculhar minha vida e a de minha família. Queriam saber o ramo de atuação da minha família, com qual empresa a empresa de Fred se fundiria, como se a minha história se resumisse a um mero apêndice do sucesso dele.
Preparava-me para responder, com a mente afiada e a língua pronta para rebater qualquer insinuação arrogante, quando o assistente da mãe de Fred se aproximou. Com uma desculpa esfarrapada, ele me tirou daquele círculo de cobras venenosas.
No fundo, senti um alívio momentâneo. A fúria que percorria minhas veias ainda fervilhava, mas a fuga me proporcionou um respiro. No entanto, a frustração por não ter dado uma lição naqueles esnobes me consumia por dentro.
Inconformada com a interrupção do assistente da mãe de Fred, meus questionamentos fervilhavam em minha mente. Como ele ousou me tirar daquela conversa, me privando da oportunidade de colocar aqueles esnobes em seu devido lugar?
Foi nesse momento que Karine adentrou a festa, um furacão de elegância e pompa. Um vestido cor de uva, estonteante, adornava seu corpo, e seu noivo, Lucas, segurava sua mão com firmeza enquanto caminhavam em direção a Fred.
Toda a festa parou para observá-los. Os olhares antes direcionados a mim agora se voltavam para Karine, fascinados pelo seu porte majestoso e pela beleza estonteante. Senti-me engolida por uma onda de inveja e humilhação. Ela era tudo o que eu não era: poderosa, confiante, admirada.
Uma pontada de inveja, inesperada e incômoda, perfurou meu coração. Não compreendia a origem daquele sentimento, afinal, tudo não passava de um contrato. Fred e eu estávamos juntos por um acordo, e as coisas caminhavam exatamente como ele desejava.
Observando-o de longe, notei o ciúme que consumia Karine. Ela, que sempre ostentara uma postura altiva e confiante, agora se via abalada pela presença de alguém que, aos seus olhos, representava uma ameaça.
A ironia da situação me atingiu em cheio. Eu, a "noiva" encenada, sentia inveja da mulher que vivia um amor real, enquanto ela, por sua vez, me invejava por uma farsa.
Ao ver Karine se aproximando com seu noivo, Fred se aproximou de mim e, com um sorriso radiante, segurou minha mão. No instante em que Karine se aproximou, com um tom de sarcasmo em sua voz, perguntou se eu ainda não estava pronta.
A fúria subiu à minha garganta como um vulcão em erupção. Não me contive e, com a voz firme e o olhar penetrante, respondi: "Por que a simplicidade incomoda tanto as pessoas? Eu sou simples e gosto de ser assim, ponto final. Gostem ou não!".
Fred, perplexo com minha resposta, me olhava fixamente, seus olhos cheios de admiração. "Você não poderia estar mais linda", ele disse, sua voz carregada de sinceridade. "Para mim, você está perfeita! Vem comigo, quero te apresentar a uma pessoa especial."
E, sem mais delongas, ele me puxou pela mão, me guiando para longe da cena. Karine, perplexa e atordoada, ficou nos observando enquanto nos distanciávamos, sua boca entreaberta em uma expressão de pura inveja.
Fred me apresentou a um casal de amigos, Gabriela e Daniel. Ambos me receberam com sorrisos calorosos e um entusiasmo contagiante. Gabriela, com seus olhos brilhantes e sua voz melodiosa, me fez sentir instantaneamente à vontade. Já Daniel, com seu humor peculiar e suas piadas inteligentes, me arrancou gargalhadas que eu nem sabia que existiam.
Finalmente, alguém me tratava com gentileza e respeito, sem julgamentos ou olhares de desdém. A companhia de Gabriela e Daniel era como um oásis no meio do deserto árido que a festa havia se tornado para mim. Sentia-me acolhida, compreendida e, acima de tudo, valorizada.
Com eles, pude relaxar e ser eu mesma, sem precisar fingir ser alguém que não era. Conversamos sobre diversos assuntos, desde viagens e hobbies até filosofia e política. A conversa fluía naturalmente, marcada por risos, confidências e momentos de profunda conexão.
Naquele momento, percebi que, mesmo cercada por pessoas que me olhavam com desdém, ainda havia espaço para gentileza e amizade no mundo. A presença de Gabriela e Daniel me deu a força que eu precisava para seguir em frente, com a cabeça erguida e a certeza de que merecia ser tratada com respeito e consideração.
A festa, que antes me parecia um pesadelo, se transformou em uma experiência memorável, thanks à presença de dois amigos que me mostraram o lado bom da humanidade. E, quem sabe, talvez essa experiência fosse o início de uma nova fase em minha vida, uma fase marcada por pessoas que me apreciavam por quem eu realmente era.
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Contrato de Amor
RomanceLuana Andrade, uma determinada estudante universitária, vê seu mundo desmoronar quando sua bolsa de estudos é repentinamente cancelada. Sem meios para continuar sua educação, ela retorna à floricultura da família, jurando vingança contra Fred Oliver...