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Na aconchegante sala de estar da casa de Isadora, Cristina, a tia de Luana, e a própria Isadora, mãe de Fred, se sentavam frente a frente, tomando café. A tensão pairava no ar, evidenciando a relação conturbada entre as duas mulheres. Apesar das diferenças e do histórico de desavenças, elas se viam obrigadas a manter uma aparência de cordialidade por causa do noivado recente de Luana e Fred.

Com um sorriso forçado, Isadora quebrou o silêncio: "Então, agora que já tomamos nosso café, podemos falar do elefante que está aqui na sala?". Era evidente que ela queria abordar o tema do noivado, assunto que vinha causando grande desconforto entre as famílias.

Cristina, com um tom firme e decidido, respondeu: "Muito bem, eu começo então, senhora Isadora. Não quero que a senhora tenha uma impressão errada de Luana, só porque o noivado foi feito às pressas. E vou te dizer mais: foi o seu filho que começou tudo isso."

Isadora, tentando desviar o foco, disse: "O noivado não importa agora, tem outras coisinhas que eu gostaria de tratar." Mas Cristina, já irritada com a postura de Isadora, a interrompeu: "Nós já sabemos que a senhora não se importa com nada envolvido no noivado em si. E eu já sei da quantidade de pessoas que você convidou para a festa só pela aparência. Você que cuidou do noivado e seu filhinho querido, esqueceu justamente de trazer as alianças! Mas tudo bem, não faz mal. Porém, não confunda Luana com uma florista qualquer abandonada por aí sem família. Somos de uma família com tradição de milhares de anos, e não aceitamos qualquer homem para nossas mulheres. Pode começar suas preces agora."

Isadora, com um olhar de deboche, rebateu: "Infelizmente, não conhecemos ninguém da sua família na festa de noivado ontem à noite."

Cristina, cada vez mais irritada com a conversa, retrucou: "Nós também não tivemos a oportunidade de conhecer toda a sua família, senhora Isadora. Onde estava o seu marido?"

Isadora, com ironia, respondeu: "Então, eu vou presumir que você é todo o núcleo da sua família, já que ninguém veio ontem."

A conversa se tornava cada vez mais acalorada, com as duas mulheres se recusando a ceder. Cristina, com a voz alta, disse: "O que eu acho errado é o casal se conhecer em um dia e assumir um compromisso tão sério dias depois, e ainda esperar que a família aceite."

Isadora, concordando com Cristina, complementou: "Se eles se conhecessem melhor, perceberiam que são de mundos totalmente diferentes um do outro. E falando da sua sobrinha... Daina."

Cristina, a corrigindo, disse: "Luana é o nome dela."

Isadora, sem se importar com a correção, continuou: "Ela é um pouco... eu não sei como dizer... mas ela não serve para a nossa família."

Cristina, indignada com a declaração de Isadora, explodiu: "Eu concordo com você, você tem toda razão! Existe uma grande diferença entre a vida simples e humilde que nós levamos e a vida glamurosa e falsa que vocês levam. Se não fosse por seu querido filhinho, minha sobrinha Luana estaria se graduando hoje, com a melhor da turma! Ela estaria na Itália! Seu filho acabou com a vida dela!"

Isadora, perplexa com a revelação de Cristina, ficou em silêncio, processando as palavras que acabara de ouvir. A tensão na sala era palpável, e o futuro do relacionamento entre as duas famílias se tornava ainda mais incerto.

Luana carregava as caixas do escritório de Fred para o seu próprio espaço enquanto ele passava rapidamente por ela acompanhado de Ítalo. Ela sentiu a necessidade de abordá-lo e confrontá-lo sobre seu comportamento recente.

"Fred, você não vai me dizer nada?" Luana perguntou, tentando iniciar uma conversa.

Fred, sem muita disposição, respondeu friamente: "Você foi quem invadiu meu escritório sem permissão."

Luana reconheceu seu erro: "Você está certo. Só queria agradecer por ter feito as mudanças nas paredes."

Fred, ainda sério, não demonstrou interesse: "Lembra que pedi para não entrar em meu escritório hoje?"

Luana abaixou-se para ficar da altura de Fred, buscando entender o que estava acontecendo: "Qual é o problema? Por que está me tratando assim?"

Fred respondeu com irritação: "Eu pensei que nunca ia perguntar. Eu não te devo nada. Você é só alguém que vai sair da minha vida daqui a algum tempo, e é por isso que não me importo."

Luana respirou fundo, tentando manter a calma diante da resposta de Fred. Mas quando ele se dirigiu para a varanda, ignorando-a, ela não conseguiu mais conter sua frustração.

"Estou falando com você, Fred!" Luana gritou, atraindo a atenção de todos no escritório.

Ela seguiu Fred até a varanda, determinada a resolver o mal-entendido: "Qual é o seu problema? Por que está sendo tão ignorante comigo? O que fiz para merecer esse tratamento?"

Fred pediu para Luana sair, mas ela se recusou a ceder: "E eu vou para onde? Enquanto você me ignora assim, devo continuar trabalhando aqui? Devo ir para casa? Devo cancelar nosso contrato e sumir? Diga o que devo fazer!"

Fred respondeu com firmeza: "Luana, da para sair!"

Luana, indignada, afirmou: "Eu não posso fazer tudo o que você pede, Fred. Você está errado."

Depois de um momento de silêncio tenso, Luana quebrou o gelo mais uma vez: "O que fiz, fala logo."

Fred admitiu: "Você está chegando perto demais, e eu não gosto disso."

Confusa, Luana perguntou: "Como assim estou chegando perto demais? Eu pensei que entre nós..."

Fred interrompeu, cortando qualquer esperança: "E o que pode rolar entre a gente, Luana?"

Luana, chocada, tentou se explicar: "Uma conversa civilizada, como seres humanos. Foi mal, entendi errado."

Fred foi direto: "Lembra do cara de ontem à noite? Eu não sou aquele cara, entendeu? Ficou claro? Não ultrapasse os limites do nosso contrato, porque isso aqui não passa de um jogo."

Luana, compreendendo a mensagem, respondeu humildemente: "Eu entendi, Fred. Me desculpa. Foi um vacilo meu. Não vou errar de novo."

Fred concluiu: "Acho bom."

Os dois se encararam por um momento antes de Luana sair, deixando Fred sozinho na varanda. Ela partiu chateada, retornando ao seu escritório, enquanto todos no ambiente tentavam entender o que tinha acontecido.

Fred, tomado por um turbilhão de emoções, retorna à sua sala. A mente dele é um campo de batalha de pensamentos confusos, incapaz de desvendar a natureza dos seus sentimentos. A ideia de afastar Luana parece ser a única saída, um refúgio da tempestade interna que o consome.

Mas será que a distância é realmente a resposta? Negar seus sentimentos por Luana seria como negar a si mesmo, sufocando as chamas que ardem em seu interior. É importante que Fred se permita explorar suas emoções, por mais desafiador que isso possa parecer.

Talvez a chave para a paz interior de Fred esteja em enfrentar seus sentimentos de frente, mesmo que isso signifique abrir seu coração para a vulnerabilidade. Admitir seus sentimentos por Luana, seja qual for a resposta dela, pode ser o primeiro passo para a libertação das amarras que o prendem.

Em vez de fugir, Fred precisa encontrar a coragem de se conectar com a verdade de seus sentimentos. 

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