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Luana virou-se e puxou uma cadeira, sentando-se desconfiada, enquanto Fred a observava com um olhar enigmático, cheio de incerteza. Assim que Karine deixou a sala, Luana dirigiu-se a Fred, que ainda a encarava buscando uma explicação: "Não é o que parece," começou Luana.

"Ah, então vamos morar juntos e eu nem estou sabendo de nada," questionou Fred.

"Mas foi só uma maneira de falar, ela estava me irritando, eu até tinha me esquecido," continuou Luana.

"Tinha se esquecido? Mas contou para minha mãe e usou minhas caixas como desculpa, né?" Fred disse asperamente.

"Que desculpa? Você mesmo disse que as caixas precisavam sair de lá," defendeu-se Luana.

"Me conta o que está tramando?" perguntou Fred, sua expressão carregada de desconfiança.

"Que pergunta é essa, Fred?" Luana questionou, tentando desviar o foco.

"O que rola é que você só arruma problemas para mim. Entende agora por que eu pedia para você ficar longe o tempo todo?" concluiu Fred, com um tom de acusação.

"Eu sempre te odiei, mesmo antes de te conhecer. Além disso, este contrato é tão difícil para mim quanto é para você. Eu não quero mais nada, além de ficar longe de você. Além do mais, nunca fui obrigada a aguentar um homem tão ignorante e mal educado. Eu que estou te aturando," disparou Luana, sua frustração transparecendo em suas palavras.

"Você e os seus erros é que são os motivos das minhas ações," respondeu Fred, visivelmente enfurecido.

"Quero que saiba que te odeio!" Luana rosnou, as palavras carregadas de raiva e ressentimento.

"E eu faço das suas palavras as minhas", Fred retrucou com a voz firme e cortante.

Luana se levantou abruptamente, os nervos à flor da pele com a resposta ríspida de Fred. "Por que ele tem que ser tão grosseiro?", ela se questionava internamente. Antes que ela pudesse alcançar a porta, Fred a chamou: "Não está esquecendo de nada, Luana?".

"O que mais agora?", Luana perguntou com ironia, já perdendo a paciência.

"Os tecidos para as cortinas", Fred respondeu com um tom sarcástico.

Sem poder conter a frustração, Luana voltou e pegou as amostras de tecido que estavam em cima da mesa de Fred. Ao sair do quarto, ela evitou olhar para o rosto dele, o queixo erguido em um gesto de desafio silencioso.

O sol da tarde banhava o jardim da casa dos Oliver, onde Isadora se aproximava cautelosamente da mesa onde seu marido, Luiz, trabalhava. Sentou-se em silêncio, observando-o enquanto ele se concentrava em seu notebook, dedos voando sobre o teclado. A quietude era quase palpável, apenas o canto dos pássaros e o farfalhar das folhas quebravam o clima tenso.

Isadora respirou fundo, reunindo coragem para iniciar a conversa que tanto adiava. "Luiz," ela começou, a voz baixa e hesitante, "preciso te pedir algo pela primeira vez em todos esses 19 anos que estamos juntos."

Luiz ergueu o olhar do notebook, seus olhos encontrando os de Isadora com uma mistura de surpresa e apreensão. "Diga, meu amor," ele respondeu, a voz suave, "o que você precisa?"

Isadora engoliu em seco, sentindo o peso das palavras que precisava dizer. "Quero que você seja pai para o Fred, Luiz. Não como um inimigo, mas como um verdadeiro pai."

Um silêncio pesado se instalou entre eles, a intensidade da emoção pairando no ar. Luiz abaixou o olhar, franzindo a testa. "Isadora," ele começou, a voz tensa, "eu não sou inimigo do Fred. Eu sou pai dele."

Isadora balançou a cabeça com tristeza. "Ele não sabe disso, Luiz. Você o afastou por tanto tempo, ignorou-o na infância, quando ele mais precisava de você. Tudo porque ele não é o filho que você tanto sonhava."

Lágrimas brotaram nos olhos de Isadora enquanto ela desabafava suas mágoas. "Você o afastou por anos, Luiz. O ignorou na infância, quando ele mais precisava de você. E agora, quando ele finalmente está encontrando seu lugar no mundo, aquela garota que você tanto se reusa a conhecer está prestes a tira-lo de nós."

Luiz se levantou abruptamente, a raiva borbulhando em seu interior. "Isadora, chega!" ele exclamou, a voz carregada de frustração. "Você não sabe do que está falando! Eu nunca o rejeitei, sempre o amei!"

Isadora se ergueu também, seus olhos ardendo em lágrimas. "Então prove isso, Luiz!" ela desafiou. "Prove ao Fred que você é o pai que ele sempre quis ter. Prove que você o ama e que quer fazer parte da vida dele."

Com essas palavras finais, Isadora se afastou, deixando Luiz sozinho no jardim, com as palavras dela ecoando em sua mente como um lembrete cruel da verdade que ele se recusava a enfrentar. A cena termina com Luiz encarando o notebook, seus olhos perdidos, a mente em turbilhão enquanto ele luta para lidar com as duras verdades lançadas sobre ele por sua esposa.

Em casa, Luana teve uma surpresa desagradável quando sua tia Cristina preparou um jantar e convidou suas amigas Daina, Fifi e Helo. Ela sabia que enfrentaria uma inquisição, e estava certa. Logo no início do jantar, Cristina começou a questioná-la.

"Então, você não vai se mudar para a mesma casa que Fred Oliver?" começou Cristina, com um tom de desaprovação evidente em sua voz.

Luana, tentando manter a calma, respondeu enquanto comia: "Não, tia. Eu decidi não morar com ele."

Cristina não estava satisfeita com a resposta. "Mas você disse isso, Luana! Disse que iria morar com ele."

"Sim, tia, eu sei. Mas foi um erro. Eu estava irritada com a ex-namorada de Fred e acabei falando sem pensar", explicou Luana, sentindo a frustração crescer dentro dela.

Cristina sorriu ironicamente, sentindo-se aliviada ao saber que tudo não passava de uma grande confusão. "Bem, isso é um alívio. Pensei que você estivesse enlouquecendo, garota."

Luana bufou, irritada com o comentário. "É, tia, parece que estou enlouquecendo mesmo, né?"

Cristina continuou, não dando trégua. "Não senhora, não foi do nada. Você está enlouquecendo a cada dia. Cadê a minha Luana que me contava tudo? Ela viu um homem e ficou com a cabeça revirada. Lembra quando eu descobri que você estava namorando? Foi pelas redes sociais, não foi mesmo?"

Fifi, que até então estava em silêncio, interveio: "Foi sim, Cristina."

Cristina olhou fixamente para Luana, determinada a obter uma resposta clara. "Olha, vou te perguntar uma última vez. Você jura que não vai morar com seu noivo? Jura ou não? Olhe nos meus olhos e me diga."

Luana sentiu o peso das palavras de sua tia e olhou para ela, chateada e preocupada. "Eu juro, tia! Eu juro que não vou morar com Fred."

As outras mulheres presentes na mesa observavam Luana, céticas diante de sua resposta. Era evidente que algo não estava certo.

"Eu juro, gente, eu não vou morar com Fred. Eu juro", repetiu Luana, desesperada para que acreditassem nela.

Contrato de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora