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Fred e Luana, agora unidos por um anel de compromisso, circulavam pelo salão, recebendo os cumprimentos dos convidados. A felicidade transbordava em seus sorrisos, enquanto seus olhos se cruzavam com frequência, transmitindo uma mensagem secreta de amor e cumplicidade.

Cada abraço, cada palavra de felicidades, cada olhar de admiração, alimentava a chama que ardia em seus corações. Era como se um conto de fadas se tornasse realidade, e eles, os protagonistas, estivessem destinados a viver um amor eterno.

No entanto, por trás da fachada de felicidade, uma sombra pairava sobre o casal. A verdade sobre a natureza artificial do noivado pesava sobre seus ombros, como um fardo que os impedia de se entregar completamente à alegria do momento.

Fred, com sua postura arrogante e charme irresistível, colecionava olhares de desejo das mulheres presentes. No fundo, ele se alimentava da vaidade e da inveja que despertava, usando-as como uma armadura para esconder suas próprias inseguranças.

Luana, por sua vez, era a personificação da beleza e da ingenuidade. Seus olhos brilhavam com a esperança de um futuro feliz ao lado do homem que amava, ignorando os sinais de alerta que sussurravam em seu ouvido.

Ao longo da festa, diversos personagens se aproximavam do casal para oferecer seus parabéns. Entre eles, amigos de longa data, familiares e até mesmo alguns desafetos que tentavam disfarçar a inveja com sorrisos falsos.

Cada encontro era uma oportunidade para Fred demonstrar seu amor por Luana, com gestos grandiosos e palavras apaixonadas. Ele sabia que a encenação era necessária para manter as aparências, mas, no fundo, desejava que a farsa se tornasse realidade.

Luana, por sua vez, se deixava levar pelo momento, absorvendo cada palavra de amor e cada gesto de carinho. Ela permitia-se sonhar com um futuro ao lado de Fred, um futuro onde o amor fosse verdadeiro e absoluto.

A festa continuava, a música fluía no ar e os convidados se divertiam. Mas, para Fred e Luana, a alegria era apenas uma máscara que escondia a verdade: um noivado falso, encenado para atender às expectativas de outros.

A cada sorriso, a cada abraço, a cada palavra de amor, a sombra da mentira se tornava mais presente. E a pergunta que pairava no ar era: por quanto tempo eles conseguiriam manter a farsa antes que a verdade viesse à tona?

O burburinho na mesa do escritório foi silenciado abruptamente pela chegada de Karine. Com um sorriso radiante no rosto, ela anunciou que faria a divulgação do noivado para a imprensa. Fred, ávido por atenção e reconhecimento, não hesitou em concordar.

Karine, movida pela curiosidade e pelo desejo de alimentar a sua própria inveja, dirigiu-se a Luana com uma série de perguntas. A cada questionamento, a irritação de Luana aumentava. "O que devo colocar sobre você? Em que você é formada? Quem é a sua família? Em qual ramo ela atua?".

As perguntas de Karine eram como agulhadas dilacerando a alma de Luana. A farsa do noivado, a humilhação pública, a constante comparação com a vida perfeita de Karine... tudo se tornava insuportável.

Com a voz embargada pela raiva e frustração, Luana respondeu asperamente: "Diga que sou uma simples florista. Isso já basta."

As palavras de Luana ecoaram pelo salão, silenciando Karine e os demais presentes. A máscara de felicidade havia se estilhaçado, revelando a dor e a angústia que ela tanto tentava esconder.

Sem forças para continuar fingindo, Luana se retirou da festa em busca de um refúgio, um lugar para organizar seus pensamentos e acalmar seu coração dilacerado.

Fred, com o coração batendo acelerado, seguiu em busca de Luana. A raiva queimando em seu interior se misturava com a preocupação com o estado da mulher que, momentos antes, brilhava ao seu lado.

Antes de ir atrás dela, porém, ele precisava acertar as contas com Karine. Com um tom firme e ríspido, ele a confrontou: "Precisava disso, Karine? Isso não foi nada legal, totalmente desnecessário."

Karine, com a maestria de uma atriz experiente, fingiu não entender o que Fred estava dizendo. Seus olhos se arregalaram em falsa inocência e sua voz se tornou doce e melodiosa. "Eu não falei nada demais, Fred. Apenas fiz algumas perguntas para a Luana, como qualquer pessoa faria."

Fred, conhecendo bem o jogo de Karine, não se deixou enganar. Ele a encarou com fúria, seus olhos faiscando de indignação. "Você sabe muito bem o que fez. Queria humilhar a Luana, diminuí-la na frente de todos. Mas se enganou, Karine. Ela não é como você, não precisa de ostentação para se sentir importante."

As palavras de Fred atingiram Karine como um soco no estômago. A máscara de inocência se desfez, revelando a amargura e a inveja que corroíam seu coração. Ela se calou, fitando o chão com vergonha e frustração.

Fred, sem tempo para perder, deu as costas para Karine e partiu em busca de Luana. Ele precisava encontrá-la, pedir desculpas pelo constrangimento e oferecer seu ombro amigo para que ela pudesse se apoiar.

No caminho, seus pensamentos se tornavam cada vez mais confusos. A encenação do noivado, que antes parecia uma solução perfeita, agora se mostrava como uma teia de mentiras que o prendia cada vez mais.

Ao encontrar Luana, ele a viu sentada em um canto, com o rosto banhado em lágrimas. A dor que ela sentia era palpável, e Fred se sentiu culpado por ter contribuído para o seu sofrimento.

A voz de Fred vacilava enquanto se aproximava de Luana. Seus olhos, cheios de preocupação, buscavam nos dela algum sinal de que ela estivesse bem.

"Você está bem?", ele perguntou, com a voz baixa e hesitante. "Você ficou chateada com as perguntas de Karine?".

Luana o fitou por um instante, seus olhos ainda marejados pelas lágrimas que teimavam em cair. A humilhação que ela havia sofrido ainda era recente, uma ferida aberta que sangrava em seu coração.

"Dizem que o assassino sempre volta à cena do crime", ela disse, com a voz amarga e carregada de ressentimento. "Foi você que me causou o problema da faculdade, então, ainda me pergunta?".

Fred se encolheu, como se as palavras de Luana o tivessem atingido em cheio. A culpa pesava sobre seus ombros como uma rocha, e ele sabia que era o responsável pela dor que ela estava sentindo.

"Tá e você não pode viajar e realizar seu sonho de estudar fora?", ele perguntou, buscando uma solução, uma forma de amenizar o sofrimento que ele havia causado. "E você não poderia voltar para sua antiga faculdade?".

Luana o encarou com um misto de surpresa e irritação. "Claro, como eu não pensei nisso antes? Isso é uma grande ideia!". A ironia em sua voz era evidente, e Fred se sentiu ainda pior.

"Calma, eu só estou tentando entender o que aconteceu", ele disse, tentando se defender. "Eu não sabia que você tinha perdido a bolsa para estudar fora. Me conte tudo, por favor.".

Luana respirou fundo, tentando controlar a raiva que a consumia. Ela sabia que Fred não tinha culpa de tudo o que havia acontecido, mas era difícil conter o ressentimento que sentia.

"Eu abri mão da faculdade para estudar no exterior", ela começou, sua voz embargada pela emoção. "Eu tinha bolsa integral lá, mas fui informada que a perdi e tive que me retirar da faculdade.".

As palavras de Luana ecoaram no meio do silêncio, pesando sobre os ombros de Fred como uma maldição. Ele se sentia impotente, incapaz de ajudá-la a superar a situação.

"Eu sinto muito, Luana", ele disse, com a voz carregada de tristeza. "Eu não sabia que as coisas estavam tão difíceis para você.".

Luana o fitou por um longo momento, seus olhos cheios de dúvidas e incertezas. Ela precisava decidir se poderia perdoar Fred por tudo o que havia acontecido.

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