CAPÍTULO 1: MILAGRES ACONTECEM💫

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Vazio. Tudo escuro com um silêncio enlouquecedor, parecia um mar, um mar cheio que coisas que não se podia ver e nem tocar, mas que sabia-se que estavam ali. Uma luz surgiu junto de um ruído estranho, algo que me fez acreditar que eu estava indo pro além... Pro desconhecido. No entanto comecei a escutar vozes, pessoas conversando bem baixo, mas eu escutava.
Aos poucos fui abrindo meus olhos, a luz era forte e intensa. Quando consegui abri-los por completo, vi rostos ao redor do meu... 4 enfermeiras e 1 médico precisamente. O doutor pareceu feliz com o fato de eu estar acordado;
--On... Onde eu estou?
--Como se sente Espurr? (Médico)
--Estranho... Quem é você? Que lugar é esse?
--Eu sou o Doutor Martín Gandia e você está em um hospital. (Médico)
--Hospital... O que houve comigo?
--Se lembra de alguma coisa? (Médico)
--Mais ou menos.
--Conte-nos do que se lembra. (Médico)
--Eu... Eu estava chegando na escola e... Eu só vi quando um carro... Aquele maldito carro que passou... Ele... Ele atirou nele.
--Nele quem? (Médico)
--Cristian... Ele levou o primeiro tiro. Quando eu corri para tentar ajudá-lo, ouvi o segundo disparo... Então senti uma pontada no coração e um líquido vermelho escorrendo de mim.
--Mais alguma coisa? (Médico)
--Não que eu... Na verdade sim, ouve um terceiro disparo. Porém eu não consegui ver aonde pegou.
--Aonde ou em quem não é. (Enfermeira Molly)
--Como assim?
--Enfermeira não seja indelicada. (Médico)
--Doutor, mas é a verdade. (Enfermeira Molly)
--Isso não é da sua conta enfermeira. Agora por favor se retirem todas, quero conversar com o paciente. (Médico)
Elas saíram uma a uma enfileiradas. Confesso que aquilo me assustou mais, ficar sozinho com o médico;
--Bom Espurr, você nos deu um baita susto, pensamos que não sobreviveria.
--Meu caso foi tão sério assim?
--Sério? Você está vivo aqui por um verdadeiro milagre rapaz.
--Como assim?
--A bala acertou em cheio um pedaço do seu coração, quando chegou aqui estava praticamente morto. Porém fizemos a cirurgia mesmo sabendo que você provavelmente não sobreviveria, mas por um milagre você resistiu.
--Eu estou bem agora?
--Você é quem tem que me dizer se sente bem ou não, se bem que eu acho meio improvável você não estar sentindo nenhum desconforto depois de tantas cirurgias.
--Tantas? Como é? Quantas cirurgias eu fiz?
--Fizemos 9 cirurgias em você... Foi preciso para que remendássemos a artéria rompida, retirar a bala e suturar a parte atingida no seu coração.
--Espera, vocês suturaram meu coração?
--Foi necessário... Caso contrário você não sobreviveria.
--Por isso essa queimação no peito.
--Está sentindo algo mais além dessa queimação?
--Só dormência no braço esquerdo e uma leve dor quando eu respiro.
--Entendi, amanhã faremos uns exames para saber como está sua pulsação e verificar seus sinais cardíacos.
--Cardíaco?
--Sim, você tem um problema de coração de um grau bem elevado.
--Eu nunca soube disso.
--Não é surpresa, ele só atacou agora por conta da elevação dos seus nervos... Mas ele sempre esteve ai.
--Eu vou ficar bem doutor?
--Tenho plena certeza que sim, o mais difícil era salvar você da morte, agora só tem-se a recuperar.
--Que alívio ouvir... Espere doutor, mas e meu amigo? O que aconteceu com ele? Ele está bem não é?
--Refere-se ao jovem Cristian Salvaterra?
--Como sabe o sobrenome dele?
--Fui eu que o atendi quando ele esteve internado aqui.
--Quando esteve? Ele já se recuperou?
--Sim, está em casa a quase uma semana.
--Uma semana? Espera , a quanto tempo ei estou internado aqui?
--Três semanas, completou hoje.
--Três... Semanas.
Eu estava sem acreditar que aquilo era possível, mas então ele mesmo me mostrou no celular dele o dia em que estávamos e as contas batiam;
--Doutor, o que ele tinha? Aonde o tiro atingiu ele?
--Foi na coluna, mas por sorte se recuperou rápido. Porém ele vem todos os dias aqui.
--Porque? Exames de rotina?
--Não, ele vem para saber de você. Tem dias que fica mais de uma hora te observando dormir.
--Ele vem... Só pra me ver?
--Sim. Hoje mesmo ele esteve aqui.
--Alguém mais além dele veio me visitar?
--Bom, já vieram seu pai e sua mãe, seus amigos Lótus e Dylan e um rapaz chamado João.
--Meus pais, juntos aqui?
--Sim, estavam bem aflitos em todas as visitas.
--Isso não prestou, tenho certeza.
--O que importa é que Cristian já saiu e você está se recuperando... Queria que o jovem que esta na UTI melhorasse também.
--Que jovem? Quem mais está aqui?
--Um amigo seu , que também foi atingido por um tiro.
--Não pode ser. Álice?
--Não, essa também veio te ver algumas vezes... Um chamado Edward.
--Edward? Como ele está?
--Mal, tivemos que fazer uma cirurgia no estômago dele e retirar a bala. Ele está em observação, mas os sinais andam meio fracos.
--Meu Deus... O que foi que eu fiz.
--Como assim fez?
--Nada doutor, nada... Pode me deixar descansar um pouco por favor?
--Claro, você tem muito o que pensar... Boa noite e até amanhã de manhã meu paciente milagroso.
Ele saiu e eu me senti mal, mal por ter deixado as coisas chegarem aquele ponto, mal por ter sido eu o culpado por tudo que houve com Cristian e Edward , mesmo Edward sendo um imbecil comigo. Coloquei meus amigos em perigo... Agora sou considerado um milagre da medicina que resistiu a 9 cirurgias no coração.
Fiquei martelando aquilo na minha cabeça a noite toda, até que sem nem mesmo perceber eu dormi. Quando acordei eram cerca de oito da manhã e vi uns rostos borrados na minha frente, aos poucos foi ficando tudo claro e pude ver... Mamãe e papai na minha frente com caras estranhas;
--O que estão fazendo aqui?
--Filho, que bom que está bem. (Papai)
Papai veio e me abraçou cuidadosamente, mas mamãe me olhava emocionada;
--Como  assim o que estamos fazendo aqui? Viemos te ver. Fiquei tão feliz quando o médico me ligou, posso te dar um abraço? (Mamãe)
--Já passei por todas as torturas possíveis nesse hospital, essa vai ser só mais uma.
Ela me abraçou sem ser correspondida, pois eu podia estar me recuperando, mas não havia esquecido o que ela queria ter feito comigo;
--Pronto chega os dois, sabem que eu detesto abraços.
--Está se sentindo bem filho? (Papai)
--Estou ótimo pai, afinal eu sou um Cristal não é? Cristais não se quebram fácil.
--Vai... Vai usar seu nome agora ? (Mamãe)
--Não, jamais. Porém é a verdade.
--Bom, estivemos falando com o doutor e em mais uns 4 dias e você talvez poderá receber alta. Não é incrível? (Papai)
--Ótimo. Quero muito sair daqui e ver meus amigos, voltar pra minha casa e ver meu Denver... Inclusive como ele está pai?
--Está muito bem, cresceu tanto que você não vai acreditar... Mas sente bastante sua falta. (Papai)
--Logo, logo eu vou estar com ele... Meu Denver.
--Filho, o médico disse que terá que ficar em observação depois desse incidente... Então eu vou buscar suas coisas para que volte lá pra casa. (Mamãe)
--Como é ? Não mesmo.
--O médico disse que isso é fundamental pra sua recuperação Espurr. (Mamãe)
--Ele disse que eu tenho que ficar em observação, não que tenho que morar com você... Quando eu receber alta vou voltar para a casa do João. Ele cuida muito bem de mim, não tenho a necessidade de ir pra sua casa.
--Espurr você ainda é meu filho e está sob minha guarda... (Mamãe)
--Errada. Isso não vale de nada já que eu decidi que meu pai é meu responsável agora. Como eu sei o tipo de baixaria que você é capaz mamãe, vou falar com o João para que meu pai vá ficar uns tempos conosco até eu me recuperar por completo.  
--Prefere que esse homem cuide você ao invés de mim? (Mamãe)
--Prefiro, pois sei que ele não é capaz de me matar.
Ela se calou diante a atrocidade que tinha acabado de sair da minha boca... Confesso que até eu fiquei pasmo comigo mesmo. Naquele momento o Médico entrou e disse que era hora dos meus exames;
--Podem voltar depois, ele terá que fazer esses exames agora para saber se ele está pronto mesmo ou não para ter alta. (Médico)
--Claro doutor, vamos Naline. (Papai)
--Pai, fala com o João, tenho certeza que ele não se importará de você ir.
--Claro filho, agora faça os exames direitinho para sair logo. (Papai)
Assenti e eles saíram. Fiquei com um pouco de remorso pelo que eu disse a minha mãe, mas eu estava magoado e ferido... É como dizia meu avô, as vezes milagres acontecem e as vezes eles simplesmente não acontecem como esperamos que aconteçam.

Teens 2 💫 Elos InabaláveisOnde histórias criam vida. Descubra agora