CAPÍTULO 18: DECLARAÇÕES 3💫

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Tudo que eu queria depois daquela conversa era tomar um banho e ir dormir. Porém quando entrei no quarto minha janela estava aberta, imaginei que tivesse sido papai que tivesse aberto. No entanto havia um envelope na minha cama... Abri e me espantei com o que tinha dentro dele. Uma foto, a mesma foto que um dos bandidos deixou cair, só que a que estava no envelope estava completa. Meu rosto estava nela e sublinhado com uma caneta vermelha.
Olhei dentro do envelope  de novo, mas não havia bilhete nenhum... No entanto, atrás da foto havia algo escrito;

Seu segredo não vai durar pra sempre... Eu vou te destruir como você me destruiu.

Obviamente aquilo era uma ameaça. Só podia ser coisa de uma pessoa, Doutor P.  O que esse maluco queria comigo ainda? Será que já não tinha destruído minha vida o suficiente?
Não podia ficar parado, agora a coisa estava ficando séria... Ele mandou alguém entrar na minha casa e colocar isso na minha cama. Minha família estava correndo perigo e isso era óbvio. Tomei o meu banho bem gelado, para aliviar a tensão no meu corpo, saí e fiz o que tinha que fazer;
--Alô.
--G as coisas pioraram.
--O que quer dizer?
--Muitas coisas aconteceram hoje, muitas mesmo.
--Estou ouvindo.
--Eu estava saindo de uma sorveteria com meus amigos, quando do nada apareceu um carro e de dentro dele saíram vários homens, eles tentaram me sequestrar.
--Sequestrar? Meu Deus, você tá bem? Aonde você tá?
--Eles não conseguiram G, meus amigos e eu saímos na mão com eles. Porém o pior vem agora, um deles antes de fugir, deixou cair uma foto... Uma foto da Mistério O.E .
--Como eles tinham uma foto nossa?
--Não sei, mas meus amigos pegaram. A sorte é que meu rosto estava rasgado da foto, mas o seu e o dos outros estavam lá. E agora quando eu chego  em casa, me deparo com um envelope em cima da minha cama e a varanda do meu quarto estava aberta... No envelope continha a mesma foto impressa da Mistério O.E, mas dessa vez completa e ainda com meu rosto sublinhado.
--Isso não pode ser, não é possível.
--É possível sim. Porém tem mais, eu contei ao João, neto do Henrique Salinas sobre nós e a Mistério O.E .
--Se enlouqueceu? Ele pode dizer a alguém.
--Ele não vai, pois ele está atrás da mesma coisa que nós... As peças de La Estrella,
--Porque ele estaria atrás delas?
--O avô dele estava procurando elas a fim de descobrir se a lenda era real... Existe mais que um tesouro lá embaixo e nós não sabíamos G.
--A que se refere?
--Existe um Demônio que guarda o tesouro de intrusos. Por isso os portugueses não voltaram para pegar, a criatura não deixou mais ninguém se aproximar do tesouro desde que Cajamar foi construída.
--Isso é absurdo Espurr, não tem como um Demônio guardar o tesouro, nós saberíamos, o doente do Doutor P saberia disso na época.
--Ele talvez não saiba, mas se sabe deve ter uma tática para roubar o tesouro e derrotar o Demônio.
--Talvez, mas acho arriscado esse João saber dos nossos planos.
--Ele é de confiança, sem contar que está totalmente disposto a nos ajudar... No entanto há uma boa notícia para nós.
--Qual?
--Já conseguimos uma parte de La Estrella.
--Como? Aonde?
--Hoje, os trabalhadores do João continuaram a escavação no fundo do mar iniciada por Henrique Salinas e encontraram ela.
--Está com ela em mãos?
--Não. Ela está guardada no laboratório submerso na costa do mar de São Paulo a três mil metros de profundidade.
--Meu Deus... Isso é incrível.
--Sim, já temos uma... Faltam quatro.
--Vamos conseguir, você vai ver... O Doutor P não vai nos vencer.
--Tomara , agora G eu tenho que dormir... Estou exausto depois de hoje.
--Está bem, tome cuidado e me ligue se precisar de algo ou se descobrir mais alguma coisa.
--Tudo bem, até depois.
Eu odiava ser tão jovem e estar com tantos problemas igual eu tinha. No dia seguinte foi bom e ruim, eu cheguei cedo na escola com Edward, o que ainda causava espanto nas pessoas nos ver juntos. Porém, ao entrarmos na escola  e subirmos para nossa sala, era dia de uma experiência biológica em duplas.
A aula aconteceu na sala mesmo ao invés de descermos pro laboratório da escola. Íamos nos sentar em nossos lugares de sempre, até que o professor nos interrompeu e disse que as duplas seriam escolhidas por ele... E ainda mais , a mesma dupla faria junto o teste dele no fim do bimestre antes das férias. Eu estava orando para que minha dupla fosse alguém legal ou aceitável.
Ele começou a sortear os papeizinhos, não prestei atenção na maioria... Mas nos que ouvi bem preferia não ter ouvido. Ele anunciou;
Clarice e Miriam
O que já começou mal, pois por algum motivo que eu não sei, Clarice não gostava muito de Miriam.  Ou seja ela teria que aturá-la até o teste bimestral.
Elmon e Benjamin.
Até que essa não foi tão ruim, só tive pena do Ben, afinal eu sabia o que ele passaria aturando aquele fofoqueiro. Elmon era do tipo fresco e meio chato, mas era inteligente, o que pelo menos ajudaria na situação do Ben.
Álice e Emily
Pronto. Começou a desabar ali, elas duas juntas mesmo sendo para um trabalho? Isso não ia dar certo. Da minha cadeira vi minha amiga se lamentando na cadeira e me olhando com um olhar de tristeza, que seu pudesse eu faria algo... Mas o professor de biologia era conhecido na escola por ser decidido, ele marcava tudo antecipadamente, como datas e esquemas de teste para depois não mudar nada.
Lírio e Esteban
Outra que eu só lamentei. O Esteban além de ser um cretino, não era nada inteligente, no pouco tempo que estive na escola vi que a mãe dele fora chamada algumas vezes para reuniões privadas.
Ema e Diancie
Diancie era certamente uma garota que eu nunca reparei muito na sala. Ela era bonita, isso já tinha percebido, mas nunca prestei atenção se era esperta ou não. Devia ser, pois eu já ouvira elogios dela pelos corredores.
Cristian e Edward
Tá bom, ali deu uma solidificada. Seria até bom para eles, pois assim poderiam voltar a se dar bem. Eu torcia pra isso acontecer, porém vi meio que uma decepção na cara do Cris. Ele me olhou com um olhar que eu tenho quase certeza que significava: “Queria que fossemos nós”. Não nego que eu também queria, mas nem tudo aconteceu como queríamos, pra ninguém ali.
Espurr e Amun.
Pronto, terminou de desabar o que já estava despedaçando. Eu desejei a morte ao saber que teria de fazer dupla e ainda por cima fazer o teste bimestral com aquele cretino... Fiquei paralisado , mas pude ver Álice estalando os dedos pra mim lá da frente tentando me fazer cair na real, até o Cris estava me cutucando;
--Se tá bem? (Cristian)
--Estou, só estou assimilando a ideia que terei de fazer dupla com aquele garoto que eu odeio.
--Vai dar tudo certo. (Cristian)
--Quer trocar de dupla comigo? (Edward)
--O professor não vai deixar... Me conformo com isso, não vai durar pra sempre mesmo.
Todos começaram a se levantar e juntar cadeiras com suas respectivas duplas. Estava caçando forças para ter que aguentar aquele ser que tirava minha paz estudantil. Em um piscar de olhos ele estava sentado no lugar que era de Edward e arrastou a cadeira pra perto de mim... Quando ele se sentou, me olhou com uma cara de repulsa e eu com uma cara de ódio. Por um instante, acho que todos na sala sentiram o atrito que estava rolando ali.
Álice e eu teríamos de ser fortes, afinal os piores ficaram com agente... Porém eu sabia perfeitamente como lidar com uma pessoa como ele. O professor distribuiu papéis e algumas raízes bioquímicas, depois entregou umas lentes para analisarmos a diferença entre elas e anotar no papel. Quando ele saiu da nossa mesa, começamos a nos mexer para começar, peguei uma lente e conferi os pontos de uma e de outra, e foi aí que o inferno se iniciou;
--Vai fazer tudo sozinho?
--Confere a raiz seca que eu vou ver essa.
--Porque você tá dizendo o que temos que fazer?
--Quer trocar? Eu só quero terminar isso o quanto antes.
--Ah querido, também não é nem um pouco confortável pra mim estar fazendo esse trabalho com você.
--Como se pra mim fosse.
--Está aqui porque quer.
--Porque fui obrigado pelo professor, caso contrário a última pessoa nessa vida com quem eu pensaria em fazer qualquer trabalho, seria você Amun.
Nos calamos e fomos fazendo cada etapa do processo das raízes. De minutos em minutos o professor passava nas mesas para ver se estávamos fazendo o experimento corretamente. Porém, em comparação com as outras, fomos os primeiros a terminar, depois disso ficamos atoa esperando agoniada mente, pela conclusão dos outros experimentos. Ele me olhava pelo canto do olho e meio que disfarçava;
--Vem cá, vai ficar encarando mesmo ou vai falar alguma coisa?
--Desde quando estou te encarando? Saiba se colocar no seu lugar novato.
--Estou aqui a mais de um mês, de novato não tenho mais nada.
--Não se acha muito não... O que é seu está guardado.
--Não tenho medo de você Amun, já devia saber disso.
--Claro, com seus amiguinho por perto
Você se garante que é uma beleza.
--Não preciso dos meus amigos nem de ninguém para poder me livrar de chatos e doentes que nem você.
--Ah claro, o independente.
--Cuida da sua vida beleza? Quanto mais rápido isso terminar, mais rápido me livro de você.
--Se livrar... Meu sonho é esse, me livrar de você, afinal desde o dia em que colocou os pés aqui, você não me deu um segundo de paz.
--Eu é quem deveria dizer isso, você e seus amigos me infernizam apenas por não irem com a minha cara.
--Nós mandamos nessa escola Espurr, intrusos como você, tem que ser colocado no chinelo. Ainda mais quando destruiu meu plano.
--Que plano?
--Não interessa... Só espero que os dias até o teste passem rápido, assim não tenho mais que fazer dupla com você.
--Nem fale.
Ficamos calados até o final da aula. Assim que tocou o sinal, ele voltou pro lugar dele e Edward reocupou sua cadeira. Ficamos dedicados a todas as aulas restantes do dia, afinal Cris, ele e eu estávamos em desvantagem de aprendizado, perdemos muitas aulas enquanto estávamos no hospital.
Os dias passaram como vento... Quando me dei conta, duas semanas haviam se passado.  Eu percebi que Cris andava meio afastado de mim, aliás, não só ele, mas Álice também estava distante.  Eu queria muito saber o que que estava chamando tanto a atenção dele, no começo pensei que era apenas desanimo com tantas matérias para aprender, mas eis que fui surpreendido com uma rejeição. Pensei em reunir os dois no nosso lugar especial, no morro... Porém nenhum dos dois apareceu. Mandei mensagem de noite quando cheguei em casa, pois aquilo havia me deixado indignado.
No entanto o que me responderam foi ainda mais frustrante. Álice disse que estava ocupada com umas pesquisas e Cris disse que não pode ir, pois havia tido um compromisso. Eu achei estranho, pois a Álice nunca foi de fazer pesquisas assim do nada e o Cris com compromisso marcado? Essa sim era uma coisa extremamente suspeita. No dia seguinte era uma bela manhã de Segunda, porém eu estava tão desanimado com aquelas desculpinhas, que nem prestei muita atenção na aula e não vi o tempo passar.
Depois que a aula terminou, saí e fui pras arquibancadas respirar um pouco, o tempo estava bem favorável, deitei e fiquei apreciando o céu limpo. Estava quase dormindo, quando ouvi passos se aproximando;
--Com licença.
Me levantei num impulso impressionante até pra mim mesmo;
--Sim, pois não.
--Você é o Espurr não é?
--Sim sou eu, você é?
--Mirella. Mirella Weems.
--Ah, muito prazer... Posso ajudar em alguma coisa?
--Sim, me dando uma explicação.
--Como é?
--Exatamente... Quero saber porque levou meu namorado pra morar com você.
--Espera, que namorado?
--Edward Almeida.
Eu estava paralisado com aquela fala... Namorado? Desde quando Edward namorava e eu não sabia? Era realmente espantoso, se bem que nem tanto, ele não era feio;
--Sim, sou a namorada dele.
--Bom Mirella, eu não fazia ideia que ele namorava... E bom, eu o levei pra lá como um gesto de solidariedade e bondade.
--Não estou entendendo, como assim bondade?
--O responsável dele não está na cidade. Ele acabou de sair do hospital assim como eu, ele não podia ficar sozinho... Se você é namorada dele como disse, sabe bem como ele é, se ficasse só não iria tomar os remédios e muito menos iria praticar os exercícios orientados pelo médico.
--É, eu o conheço bem mesmo... Porém ele podia ter ido pra minha casa, esse seria o correto por eu ser a namorada dele. Tudo bem, se é pra melhora dele eu aceito isso,  mas se eu sonhar que você está tentando algo com ele, não vai acabar bem entendeu?
--Da onde você tirou esse absurdo garota?
--Me informaram o tipo de pessoa que você é, e eu não quero correr o risco de você mudar meu namorado.
Eu estava começando a me estressar e ficar com raiva por dentro;
--E segundo você, que tipo de pessoa eu sou?
--Um aproveitador e manipulador de situações, que faz de tudo pra chamar atenção... Escuta não quero te julgar, mas você é um verdadeiro nojo de pessoa.
--Quer saber, Edward que me perdoe, mas eu não me calo nem diante da minha mãe quem dirá de uma desconhecida qualquer como você... Como você mesma acabou de dizer, eu sou um nojo de pessoa, sou sim. Nojo o suficiente para não ligar para  lixos como você.
--Você me chamou de que?
--De lixo, está precisando limpar os ouvidos?
--Quem você pensa que é garoto?
--Uma pessoa que não tem medo de uma garota  qualquer como você.
--Agora você foi longe demais.
--Eu fui? Você chegou aqui me ofendendo de mil e uma maneiras sem nem me conhecer.
--Foi o que disseram de você, e que se eu não tomasse uma atitude, você iria roubar o Edward de mim.
--Mas quem foi o doente que inventou isso pra você?
--O Amun, um dos amigos do Edward.
--Só podia ser aquele troço mesmo, eu já devia desconfiar.
Eu estava revoltado, já não bastava aquele cretino me perturbar todo santo dia na escola, agora estava inventando coisas absurdas de mim pros outros? Ah, mas isso não ia ficar assim, não ia mesmo;
--Escuta garota, vou te dizer logo da maneira mais direta... Até uns dias atrás, seu namorado me odiava, agora que ele e eu nos aproximamos como amigos e nada mais que isso.
--Está falando a verdade?
--Porque eu mentiria criatura?
--Vai saber... Mas eu acho que meu chuchu não me trairia, então vou confiar. Porém eu gostaria de visitá-lo.
--Se ele quiser, eu não teria a menor oposição em receber você lá.
--Então posso ir mesmo?
--Claro, eu nunca privei o Edward de receber visitas.
--Bom, obrigada... Desculpa pelas ofensas.
--Digo o mesmo, só vou te dar o mesmo conselho que dei a uma garota da minha sala... Não acredite em tudo que ouve por ai, espere até ouvir os dois lados.
--Você é filosófico, realmente não parece ser nada com o que me disseram.
--E não sou, espero ter deixado isso claro.
--Tá bom... Então até depois.
Ela saiu andando, porém eu vi que seu rosto estava vermelho como pimentão. Eu dei uma bela lição nela, por mais que ela não merecesse tanto já que só estava defendendo o namorado... Aliás era isso que Edward teria de me explicar, como tinha uma namorada e não tinha dito nada? Paspalho.
Saí andando pra dentro, pois a aula de dança dos flocos iria começar. Era a oportunidade ideal para eu me distrair e verificar a vida amorosa dos meus dois amigos, Dylan e Lótus. Eu só não sabia... Que estava sério.

Teens 2 💫 Elos InabaláveisOnde histórias criam vida. Descubra agora