Enquanto naufragávamos nas águas quentes e relaxantes da banheira, a porta do banheiro se abriu e Edward passou por ela. Ele estava de hobbie branco e seus cachos caiam soltinhos de tão bem finalizados que haviam ficado;
--Vocês estão bem? João disse que estavam na chuva e chorando. (Edward)
--Estávamos sim, tínhamos que colocar para fora tudo que estávamos sentindo. Hoje foi um dia muito difícil pra nós.
--O que foi que houve? (Edward)
--Começa você Lótus.
Ele abriu os olhos e ficou pensativo, então começou a falar;
--Saímos da escola muito grudados, ele dizia que era maravilhoso podermos fazer coisas de casal e andarmos de mãos dadas por ai. Porém eu já estava pra enlouquecer com tudo aquilo, eu gosto muito dele só que não desse jeito e com aquilo tudo que ele planejava pra nós. (Lótus)
--Entendo.
--Eu só queria ficar sozinho e pensar melhor, mas ele quis ir comigo pro parque e se recusou a me deixar só. Ali em meio a fala de todos os planos dele para o nosso relacionamento, eu surtei. Falei pra ele que eu não sentia de fato aquele amor por ele, e sim uma bela e simplória amizade. Ele se negou a acreditar, disse que eu estava apenas com medo de todos julgarem a gente e tudo mais... Só que não é, eu não me importaria com o que os outros iam dizer, se eu quisesse mesmo namorar o Dylan, eu o assumiria diante de todos, mesmo com nós dois sendo meninos. (Lótus)
--Você foi muito corajoso Lótus, de verdade. Eu não seria tão paciente desse jeito para terminar algo, apesar da consideração que eu tivesse pela pessoa. (Edward)
--Eu tentei sabe, eu juro que tentei me apaixonar por ele, mas não consigo vê-lo de outra maneira que não seja como amigo. (Lótus)
--Posso imaginar, sei bem como é isso... Queria poder ver Benjamin, com outros olhos além de amigo, e eu até consigo, mas esse sentimento não é e nem será possível enquanto eu amar o Cristian.
--É isso também é... Espera, como é que é? Desde quando você e o Benjamin... Como que... Explica isso Espurr. (Edward)
--Tá ai uma coisa que eu não imaginava, você e o Benjamin. (Lótus)
--Tudo começou quando eu voltei do hospital, naquela noite ele escalou a janela do meu quarto para ver como eu estava. Você até o viu Edward, mas depois que você foi dormir, eu e ele ainda continuamos conversando, até que... Nós nos beijamos.
--Não dá pra acreditar, você e o Benjamin de beijaram? Porque não me disse nada? (Edward)
--Eu senti que estava traindo meu sentimento pelo Cris, mas hoje eu vi que ele não sente nem nunca vai sentir nada por mim.
--Porque acha isso? (Lótus)
--Eu o vi hoje no parque, com a Eva. Uma que ele disse que era somente amiga dele, no entanto hoje eu os flagrei se beijando.
--Isso deve ter doído, sinto muito Espurr. (Lótus)
--Como você mesmo disse, somos os que mais sofrem do nosso grupo de amigos.
--Espera calma, calma lá. Ele estava beijando a tal Eva, mas ele viu que você estava olhando? (Edward)
--Não , eu acho.
--Espurr sinceramente acho que já que ele não quer nada com você, se deveria dar uma chance ao Benjamin. (Lótus)
--Olha eu não quero falar disso agora tá.
Tentei me levantar da banheira, mas esqueci que meu pulso estava torcido. Doeu na alma, pois pressionei de uma vez para me levantar;
--Ai meu Deus. Argh.
--O que houve? (Edward)
Ele se aproximou numa rapidez extrema, quando me dei conta ele já estava me ajudando a sair da banheira. Lótus levantou primeiro e pegou a toalha pra mim. Fui andando devagar até a cama já que Edward estava praticamente sustentando meu corpo;
--O que houve com sua mão? (Lótus)
--Nada, só uma queda que eu levei, nada demais.
--Queda? Mas você não estava assim hoje cedo quando estávamos na escola Espurr. (Edward)
--Eu sei, foi quando... Quando...
Eu definitivamente não podia dizer o que havia realmente acontecido. Conhecia bem o temperamento de Edward, se ele soubesse o que tinha realmente acontecido naquela tarde além da minha decepção com Cristian, ele surtaria de raiva;
--Quando eu vi o Cristian e a Eva, eu comecei a correr e mais a frente tropecei, foi isso.
--Você tem que tomar mais cuidado, apesar de eu entender completamente como deve ter sido pra você ver aquilo. (Edward)
--Tudo bem, vou ficar mais ligado.
Consegui enrolar eles com essa falcatrua de história que eu inventei, mas acredite em mim, me doeu ter que mentir pro Edward e pro Lótus, pois me lembrei do que Amun e seus lampeiros haviam me dito, as coisas cruéis e infames. Tive vontade de chorar quando menti pra eles, mas foi necessário. Logo em seguida, emprestei uma roupa minha pro Lótus se vestir e me aprontei para relaxar um pouco. Eu queria muito poder dormir, mas aquelas cenas horríveis ficavam se repetindo na minha cabeça, desci pra sala para ficar com os meninos, então para tentar me distrair, Lótus ligou a TV da sala em algum programa de culinária.
Nem estava prestando atenção direito, mas eis que uma coisa passou no comercial me deixando muito intrigado;
E atenção aos moradores de Brasília e regiões em torno, daqui uns dias teremos o privilégio de receber em nossa cidade uma das maiores obras de arte de todos os tempos vinda diretamente do Exterior. Garanta já sua visita ao museu, pois essa digníssima obra só estará em exposição por uma semana.
Meus olhos se arregalaram de uma maneira que acho que os dois perceberam que eu estava faltando entrar dentro da televisão. Era aquela obra, aquela precisamente a qual o G se referia. O pedaço que meu avô havia escondido estava dentro daquela obra, então custasse o que custasse eu tinha que pegar. Edward e Lótus foram se divertir com o Denver nos fundos da casa. Enquanto eu assimilava a notícia dada pelo repórter, João apareceu com o telefone fixo da casa na mão;
--Espurr, está ocupado?
--Não, porque?
--A Clarice está no telefone e parece aflita.
--Porque?
--Não sei, ela só disse ser urgente.
--Tá bom, me dá aqui.
Ele me entregou o telefone e se sentou na poltrona ao lado do sofá onde eu estava;
--Oi Clarice.
--Espurr, preciso da sua ajuda urgentemente.
--O que foi que houve?
--A mãe do Dylan ligou pra minha, dizendo que ele teve um surto estranho e saiu de casa chorando e atordoado, ela está desesperada com medo de algo acontecer com ele.
--Meu Deus, não pode ser. Ela não tem nenhuma ideia de pra onde ele possa ter ido?
--Não. O que vamos fazer?
--Me encontra na casa dele em meia hora, vamos resolver isso e não avise a mais nenhum de nossos amigos sobre isso, para não preocupá-los.
--Tá bom, te vejo lá.
Ela desligou e pude ver a cara de preocupação se formando no rosto dele;
--Espurr o que foi que houve?
--Fica tranquilo, teve um problema com o Dylan, mas Clarice e eu vamos resolver.
--Você vai sair assim, com a mão machucada?
--É necessário, ele precisa de mim. Por favor não diga nada ao Lótus nem ao Edward, se perguntarem por mim, diga que fui comprar uns remédios ou qualquer coisa, mas enrole eles até eu voltar.
--Tudo bem, por favor se cuida e me liga se precisar de algo.
--Tá bom.
Subi, peguei meu casaco e saí portão afora sem fazer barulho. A casa do Dylan não era tão longe da minha por sorte, então a pé levei 18 minutos até lá. Quando cheguei em frente a casa, Clarice já me aguardava com um papel na mão;
--Oi, aqui estou eu. Vamos perguntar pra mãe dele algum lugar que ele goste muito de ir?
--Não, olha. Eu entrei no quarto dele e achei isso na mesinha de computador.
--Uma foto de montanhas? Como isso vai nos ajudar?
--Dylan ama acampar nas montanhas desde que tinha sete anos, os tios o levavam. Ele pode estar lá.
--Bem pensado Clarice, mas aonde ficam essas montanhas da foto?
--São os picos que ficam a vista da Explanada, já viu?
--Sim, vamos logo então.
Fomos correndo até o ponto de ônibus mais próximo e por sorte o que precisávamos passou rapidamente. No caminho fiquei pensando no que Dylan teria ido fazer nas montanhas. Chegamos na parada da Explanada e fomos correndo o máximo que pudemos. Atravessamos meio caminho de puro matagal e árvores crespas, o capim pinicava nossas canelas. Chegamos aos picos já ao anoitecer, andamos por todo o lugar em volta e nada vimos, até que eu avistei pegadas no chão enlameado pela chuva que levavam a uma trilha na subida extrema da montanha.
Seguimos o rastro e nada achamos, até que eu senti um farelo de terra caindo no meu ombro, olhei pra cima e avistei Dylan prestes a se jogar de cima do penhasco da montanha, Clarice estava prestes a gritar, mas eu segurei sua boca antes que fizesse algo irremediável, ele não havia nos visto e tínhamos que aproveitar aquilo. Subi por trás silenciosamente e fui chegando perto dele;
--Dylan, não faça isso amigo. (Clarice)
Ele olhou pra baixo e a avistou;
--Vá embora Clarice, se ele não me ama, ninguém mais vai me amar. (Dylan)
--Não estrague sua vida por um erro, tudo pode ser resolvido. (Clarice)
--Não , não pode. (Dylan)
Ele estava prestes a se jogar, mas então eu o puxei para trás e ao se virar vi em seus olhos a dor e o medo de se matar apenas para curar aquilo que estava sentindo. Abracei ele com o máximo de carinho do mundo e ele se deixou ser abraçado.
Ali eu pude sentir e comprovar... O amor, assim como constrói vidas e relações, também pode destruí-las.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Teens 2 💫 Elos Inabaláveis
AventuraDas tragédias, emoções, confusões e descobertas... Os teens continuam suas aventuras. Será que juntos vão destruir o mal que os persegue? Só o tempo dirá, com os mistérios escondidos pelas sombras da terrível verdade... A mistério O.E Lutando para...