CAPÍTULO 20: INTENÇÕES E DECEPÇÕES💫

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(Capítulo contado por Cristian)
Tudo parecia estranho, eu estava me sentindo estranho. De repente tudo começava a fazer sentido, era ele... Ele quem eu queria na minha vida o tempo todo e nunca havia me dado conta. Eu estava definitivamente apaixonado pelo Espurr.
Me senti bem ao finalmente reconhecer isso, porém faltava eu criar coragem para dizer pra ele. Então procurei ajuda de uma pessoa que conhecia tanto ele quando a mim muito bem, Álice. Ele nos fez um convite de irmos pro morro, mas eu e Álice tivemos que inventar uma desculpa para que eu e ela nos encontrássemos na minha casa e ela me ajudasse com meu sentimento secreto;
--Bom, pode falar Cris. O que é de tão sério que tem pra me dizer?
--Álice, eu tomei uma decisão.
--Que decisão?
--Vou dizer pro Espurr tudo o que eu sinto por ele, vou declarar todo o sentimento que estou guardando dentro de mim e toda alegria que ele trouxe pra minha vida desde o dia que voltou pra nós.
Álice me olhou pasma de surpresa e em seguida me deu um abraço sorrindo muito animadamente;
--Está falando sério? Que fantástico.
--Sim, mas preciso de você pra me ajudar.
--Só dizer amigo.
--Estou pensando em fazer um jantar romântico no nosso lugar secreto.
--Que ideia legal, ele vai amar tenho certeza.
--Porém, preciso de ajuda para organizar... Pode sair comigo amanhã depois da aula pra comprarmos as coisas necessárias?
--Claro, mas vai dar tempo ?
--Vai sim, vou levar outra ajudinha pra nós.
--Quem?
--Eva, uma amiga nova que eu fiz no parque a uns tempos.
--Ah sim, bom por mim tudo bem.
--Feito, mas não diga nada a ele... Vai ser difícil, mas vamos ter que evitá-lo, pelo menos até amanhã a noite.
--É por uma causa boa, você finalmente vai dizer pra ele o que sente.
--Nem eu acredito que vou fazer isso mesmo.
--Mas vai dar certo, tenha confiança.
No dia seguinte, cheguei cedo e fingi estar concentrado em uma tarefa, assim era mais fácil de resistir a tentação de não falar com ele. No almoço, fui pro auditório onde tinha menos gente e liguei para Eva e combinei dela encontrar comigo e a Álice no centro. Estava tão empolgado que nem vi a hora passando, quando me dei conta o ensaio já estava no final, esperei contando os segundos pro sinal tocar. Assim que tocou, Álice e eu saímos rapidamente pelo portão e entramos no carro de aplicativo que havíamos pedido.  Em cinco minutos chegamos numa loja de decorações festivas.
Quando descemos, Eva nos esperava na entrada da loja;
--Oi Cris. (Eva)
--Oi Eva, que bom que veio. (Cristian)
--Você me chamou, então eu vim. (Eva)
--Ótimo. Ah, aliás... Eva essa é a Álice, Álice essa é a Eva. (Cristian)
--Oi, é um prazer te conhecer Álice. (Eva)
--Oi, é um prazer também. (Álice)
--Vamos entrar então? (Cristian)
Entramos e logo de cara vi uns balões vermelhos lindos, alguns de letras, outros de número, mas no final peguei os de corações. Depois vi uma toalha vermelha com detalhes dourados que me surpreendeu, peguei uma imediatamente;
--Bom, e qual a ocasião para todos esses enfeites Cris? Parece até um pedido de namoro. (Eva)
--Mas é um pedido de namoro. (Álice)
--Como? Pra quem? (Eva)
--Cristian vai se declarar pra um amigo nosso, o Espurr e pedi-lo em namoro. (Álice)
--Espera, você... Gosta desse seu amigo Cristian? (Eva)
--Sim. Demorei para perceber isso, mas finalmente me dei conta do que sinto. (Cristian)
--Entendi. (Eva)
Ela pareceu não gostar muito do que eu ia fazer, mas se manteve animada pelo restante da compra. Porém percebi um detalhe, Álice não havia gostado dela. Saímos da loja e nos separamos, havia duas lojas ainda pra ir, e se nos dividíssemos, levaria menos tempo. Álice foi atrás das velas enquanto eu fui atrás dos ingredientes pro que eu ia cozinhar, e obviamente Eva foi comigo;
--Cris, aproveitando que agora estamos só nós dois aqui... Você realmente gosta desse seu amigo? Tipo, não tem alguma dúvida ou incerteza?
--Não, nenhuma. Espurr é a pessoa que ilumina minhas manhãs, meu sol e minha lua, ele é exatamente o que eu procuro para mim.
--Ele sente o mesmo por você?
--Não sei, pretendo descobrir isso hoje.
--E se você for rejeitado... Digo, se ele não sentir o mesmo. Você vai ficar magoado.
--Porém terei dito o que realmente sinto.
--E seria capaz de ficar perto dele ainda mesmo se ele te desse um fora?
--Sim. Apesar de tudo, somos amigos desde que nascemos, eu vivi momentos únicos com ele, momentos que nunca vou esquecer. Pretendo fazer de tudo para continuarmos juntos, mesmo sendo como amigos ou algo a mais.
--Entendi. Mas é bom estar preparado para todas as possibilidades, afinal você é um garoto lindo e inteligente... Pode conquistar quem quiser.
--Valeu Eva, mas é só ele que eu quero.  É como se tudo na minha mente perdesse completamente o sentido quando ele está perto.
--Que profundo... Ele deve ser bem especial mesmo pra você se referir assim a ele.
--Ele é tudo que você possa imaginar. Ele é legal, fofo, carinhoso, esperto, atencioso e muito mais. Somente pelo fato dele ser ele, já me ganha por inteiro.
--Como pode alguém tão jovem e tão apaixonado.
--Ironias do destino, eu nunca fui de me expressar de nenhuma maneira,  mas desde que ele voltou, me mudou em todas as percepções.
--Tecnicamente você mudou por causa dele.
--Isso.
--Isso, não me parece muito legal. Se ele gostar mesmo de você, tem que ser pelo que você é.
--Eu sou assim Eva, só nunca pude demonstrar por motivos de insegurança e solidão, motivos esses que sumiram apenas com um olhar dele.
--Que legal.
Não sei porque, mas senti que a Eva não estava muito feliz com o que eu sentia pelo Espurr. Eu nunca quis confundir as coisas com ela, porém ela insistiu em manter a amizade, mesmo eu já tendo deixado claro que não rolaria nada. Afinal... Meu coração já tinha dono.  Saindo da loja, encontramos Álice perto da fonte, porém naquele momento em meio de risos com a Eva e a Álice, eu senti uma coisa estranha, ao mesmo tempo uma sensação de que alguém me observava e que na minha mente me veio o Espurr. Ao olhar em volta, vi o Lótus sentado em um banco mais a frente, acenamos e ele acenou de volta, não fomos até ele, pois eu estava sem tempo, a surpresa que eu estava planejando tinha que sair impecavelmente incrível.
Quando o carro que pedimos chegou, entramos e fomos diretamente pra minha casa preparar tudo. Nana minha querida baba da vida inteira, estava tão contente e alegre me ajudando com todos os preparativos. Álice montou um jogo de luzes vermelhas e brancas em um formato de coração, no topo onde sempre ficávamos observando a lua. Eu preparei o presente especial que tinha reservado pra ele e me arrumei. Nana cuidou de toda a comida e Eva preparou a toalha vermelha no chão com várias pétalas por cima... Podia parecer exagerado, mas eu quis fazer o melhor pra que ele gostasse.
Terminamos tudo por volta das oito e meia. Nana foi pra casa me desejando toda sorte do mundo. Já Eva foi embora com uma feição meio estranha;
--Bom, está tudo pronto Cris.
--Obrigado Eva, sem a sua ajuda e a da Álice eu não teria conseguido preparar tudo isso, te agradeço muito.
--De nada, amigos são pra isso né... Bom eu já vou indo, até outro dia e me conta tudo depois.
--Até.
Ela me deu um abraço e foi embora andando pela rua. Álice e eu estávamos bem nervosos e ansiosos;
--Chegou a hora Cris, vou ligar pra ele e chamá-lo.
--Tá bom, mas lembre-se em, não diga nada do que vai acontecer aqui, quero que seja tudo uma surpresa.
--Óbvio né Cris, calma ai que eu vou ligar aqui.
Ela pegou o telefone dela e telefonou pra ele, minhas mãos começaram a suar de nervoso e fiquei pensando em várias possibilidades do que aconteceria naquela noite. Eu só não sabia que na verdade... Nada aconteceria.
Esperei ansiosamente enquanto ela telefonava. Porém quando ela voltou, não estava com uma cara muito boa;
--O que aconteceu Álice?
--Cris eu, eu não sei como vou te dizer isso, mas o Espurr não vem.
--Como? Espera, porque?
--Ele está em outro jantar... Que pelo que parece é um jantar especial pro Edward, e ele disse que não vai sair.
--Mas, eu...
Eu estava sem palavras, desapontadamente triste com aquilo. Tudo o que eu fiz pra planejar tudo aquilo pra ele e ele se recusou a ir;
--Álice, eu fiz tudo isso... Pra nada?
--Calma Cris, ele estava ocupado.
--É, ocupado com o Edward. Que jantar tão especial seria esse mais importante do que esse que eu preparei pra ele?
--Ele vai explicar pra gente, você vai ver que ele teve os motivos aceitáveis.
--Eu não sei de mais nada, só sei que eu quero ir pra minha casa agora.
--Sinto muito amigo.
--Tudo bem, a culpa não foi sua.
Eu recolhi as coisas e fui pra casa. Cheguei e a nana ficou intrigada com minha cara de tristeza, mas  eu não queria falar com ninguém naquele momento. Me troquei e me joguei na cama, pensando no que eu poderia ter feito de errado ou no que tinha de tão especial no tal jantar com o Edward, pensei somente nisso e sem perceber acabei dormindo. 
Tive um sonho muito estranho, no começo dele, eu estava na escola, rodeado por todos aqueles assuntos. Porém em meio a eles, vi ele andando graciosamente vindo na minha direção, mas ele começou a desviar o olhar e o caminho... Quando segui seus passos, vi que eles o levavam a Edward, que estava escorado em uma das paredes do pátio aberto. Eles se encontraram e se abraçaram de uma forma carinhosa, de repente meu sangue esquentou... E quando pensei que não podia piorar, eles se beijaram. Em meio a todos, e nossos amigos aplaudindo felizes por eles.
Acordei desesperado, o sonho me fez pingar de suor, me levantei uma hora mais cedo e tomei um belo banho. Lá, debaixo do chuveiro, pude analisar o que esse sonho poderia significar, mas eu estava tentando bloquear ao máximo a cena deles se beijando da minha mente. Aquilo pareceu tão real, me deu até um calafrio.
De alguma maneira meu sentimento por ele vinha me fortalecendo, mas também vinha me deixando inseguro. Tive experiencias amorosas horríveis, inclusive perdi a amizade do Edward por isso, por uma garota. Ao mesmo tempo que me encorajava estar sentindo esse estranho sentimento chamado amor, me dava medo, medo de dar errado como das outras vezes que tentei me interessar por alguém. Porém eu nunca conseguia, por ser ele... Pelo Espurr ter sempre sido a pessoa que eu amei.
Pode parecer sim um completo exagero da minha parte, mas eu sofri muito pela ausência dele e, só depois disso, pude perceber que o remédio pra minha cura era ele. Com a volta dele, tudo se esclareceu pra mim, como um amanhecer me mostrava que, sem ele, eu não poderia estar completo e ele também não estaria completo sem mim. Ele me disse a anos atrás, um dia antes de ir:
“Pode ser que eu não volte, Cristian, mas saiba que meu coração nunca estará completo, porque você sempre vai carregar uma parte dele com você.”
Eu me lembrei dessas palavras por todos esses anos, como se o escutasse dizendo isso ao meu ouvido. Por tanto, eu não podia entender, o que teve de tão importante no tal jantar que ele não pode ir a minha surpresa. Eu queria muito descobrir, tanto que quando descobri...Desejei nunca ter descoberto.

Teens 2 💫 Elos InabaláveisOnde histórias criam vida. Descubra agora