CAPÍTULO 4: UM DIA SELVAGEM💫

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Fiz a volta toda e nada. Nada da serpente que deixou o rastro. Parei e analisei todas as possibilidades daquele bicho ter sumido sem deixar resquícios, mas então eu percebi uma coisa, o rastro  levava para debaixo do carro e não tinha continuidade, ele simplesmente sumia... O que só podia significar... Ela estava debaixo do carro escondida. Se ela se escondeu debaixo do carro, ela poderia entrar lá assim que abríssemos a porta, ou seja... Edward. Meu Deus ele ficou sozinho com o carro aberto. Eu estava surtando pensando que aconteceria o pior, até que um grito surgiu;
--ESPURR.
Era a voz do Edward, eu sabia... Ela estava lá. Comecei a correr de volta pra lá, mas ainda assim era meio lento, pois o caminho era áspero e eu estava recém operado. Quando cheguei vi o carro balançando como se estivesse possuído. Me aproximei rapidamente, mas não encontrei rastro nenhum da cobra. Muito menos dele;
--Edward, Edward cadê você... Edward.
Ele não respondia e a porta estava escancarada como eu imaginei, mas havia um rastro maior no chão, ele havia sido arrastado. Segui o rastro correndo e achei... Achei ele no matagal desacordado;
--Edward, fala comigo cara... Acorda.
Só então me deparei com uma marca de mordida no braço dele... A desgraçada havia picado ele. Comecei a sugar o veneno e cuspi, não sei se deu certo, mas indicava que sim, pois só começou a sair sangue depois que eu suguei toda a água venenosa por cima da camada de pele. Comecei a dar uns tapas na cara dele para ver se ele reagia, mas nada. Porém comecei a sentir algo estranho, uma presença por perto... Quando me virei, lá estava ela, a espreita se preparando para voar em cima de mim.  Eu fiquei paralisado, ela era enorme... Era a maior cobra que eu já vira na vida, ela teria força para arrastar um carro se quisesse. Ela estava se preparando para me abocanhar, mas uma faca atravessou a garganta dela. A cobra se contorcia de dor e agonia, seu sangue espichou no meu rosto o que me deu muito nojo e ânsia.
Dentre uns instantes ela desapareceu pela mata enquanto seu sangue caia como água. Quando ela foi embora, pude avistar um rapaz e duas meninas, queria agradecê-los, mas uma tontura inesperada começou a se passar na minha mente, tudo ficou embaraçado e eu não vi mais nada. 
Quando acordei, estava deitado numa cama de hospital de novo, mas não era o mesmo quarto que eu estava. Acreditei seriamente que aquilo tudo havia sido um sonho, teria continuado a pensar assim se eu não tivesse me sentado e visto um rapaz sentado me observando;
--Quem é você?
--Boa tarde Espurr, é um prazer finalmente te conhecer oficialmente.
--Oficialmente?
--Eu te via no seu quarto antigo do hospital enquanto o meu pai lutava para salvar sua vida.
--Seu pai?
--Nem me apresentei, desculpe. Eu sou o Levy, Levy Gandia.
--Gandia? Espera, você é filho do doutor Gandia?
--Sim. Eu estava presente em todas as suas cirurgias, assisti todas.
--Meu Deus. Mas seu rosto não me é estranho.
--Você deve ter me visto antes de desmaiar no matagal onde te encontrei.
--Você é o rapaz que lançou a faca na garganta da serpente?
--Sim.
--Muito obrigado, se não fosse você eu e o... Edward. Cadê ele? Ele levou uma picada da serpente, onde ele está?
--Está se recuperando, foi tratado assim que retornaram.
--Nossa, te devemos a vida. Mas como nos achou? Passava por acaso com suas amigas?
--Amigas?
--Vi duas meninas com você.
--Ah, eram minhas irmãs mais novas.
--Ah claro.
Depois disso estabeleceu-se uns minutos de puro silêncio. Nesses minutos vi que ele era uma rapaz bem atraente, tinha cabelos claros e olhos azuis quase cinzas;
--Como se sente?
--Bem, só meio pasmo com esse dia.
--Entendo, mas afinal por que fugiram?
--Entraram uns caras atirando no quarto do Edward e não tivemos escolha se não fugir... Inclusive, como você nos achou?
--Segui o rastreador do carro de papai até aquele lugar.
--Carro do seu pai , mas só tinha o... Não, não me diga que o carro que pegamos era o carro do...
--Meu pai.
--Meu Deus. O doutor deve estar furioso comigo.
--Não, ele está feliz que estão bem. Ele estava mesmo pensando em trocar o carro depois que saísse a promoção dele... Então isso meio que ajudou.(risadinha)
--Menos mal. (Risadinha)
Ele ficou me encarando fixamente;
--Tem algo errado?
--Não, não... Desculpe é que, você é bem mais bonito acordado. Eu só te via dormindo.
--Ah, obrigado.
Naquele momento duas meninas entraram no quarto;
--Oi , se sumiu mano, estávamos te procurando. (Luna)
--Olhamos em todos os quartos, só faltava esse... Ah esse é o garoto que salvamos, oie. (Elisa)
--Meninas isso são modos? (Levy)
--Ué, queríamos ver se estava bem mesmo, o seu paciente preferido. (Luna)
--Paciente preferido?
--Não sabia ? Meu irmão só fala de você agora, todos os dias pergunta pro papai se você deu algum sinal de melhora ou não. (Elisa)
--Elisa que que isso , para agora. Me desculpe por isso Espurr não é bem isso não tá... Essas são minhas irmãs malucas, Luna e Elisa. (Levy)
--Oi meninas, é um prazer conhecê-las.
--Ele é educado pelo menos. (Luna)
--Não seja grossa Luna, é bom te conhecer também viu Espurr. (Elisa)
--Vocês não parecem tão novas quanto Levy havia mencionado.
--Não somos mesmo, ele exagera... Eu tenho 15 anos e a Elisa 16. (Luna)
--Espera, quantos anos você tem Levy?
--Bom, eu tenho... (Levy)
--Ele tem 17 anos. (Elisa)
--Nossa, um com um ano de diferença do outro.
--Pois é, meninas podem ir indo eu ainda vou ficar mais uns minutos. (Levy)
--Imaginamos mesmo, você deve ter muito a conversar com seu sonho em realidade. (Luna)
--Como assim?
--Levy sonhou com você quinta passada, só não sabemos como foi o sonho.(risada). (Elisa)
--Chega, saiam logo daqui. (Levy)
Pude ver que ele estava bem constrangido com o que as irmãs falaram. Porém eu não nego que estava impressionado com o fato dele ter sonhado comigo... Como pode se ele nunca havia nem falado comigo;
--Espurr, me desculpe mesmo pelas minhas irmãs, elas são muito doidas.
--Tudo bem... Sei como é.
--Tem irmãos?
--Dois... Na verdade três. O mais velho está na faculdade, a do meio cresceu comigo e o terceiro não faço ideia de como vai ser.
--Como assim?
--Ele ainda está na barriga da minha mãe.
--Ah, entendi. Bom, sua mãe tirou a sorte com 4 filhos saudáveis.
--Três... O mais velho é filho do meu pai.
--Entendo, tem contato com ele?
--Faz anos desde a última vez que nos vimos.
--Entendi, ele faz faculdade aqui na cidade?
--Não, ganhou uma bolsa no exterior.
--Que bom, conseguir uma bolsa para outro país é um sonho de muitos.
--Deve ser mesmo, mas não parece muito a cara do Jasper.
--Jasper?
--Esse é o nome dele.
--É bonito o nome. E o da sua irmã?
--Rubi.
--Jasper, Espurr e Rubi... Que mistura interessante.
--Você e suas irmãs parecem ser bem divertidos uns com os outros.
--Somos... Aquelas duas malucas são minha vida.
--Que fofo.
--Fofo?
--Você se referir assim a elas é fofo.
Ele riu envergonhado. Ficamos conversando bastante... Até o pai dele entrar;
--Bom senhor Espurr, foi por pouco em. (Médico)
--Doutor desde já peço desculpas pelo seu carro.
--Não se preocupe com isso, eu estava mesmo era aflito de algo acontecer a algum de vocês dois. Por sorte voltaram com vida. (Médico)
--E o Edward? Está bem?
--Está sim... O veneno foi retirado antes de agir nele. (Médico)
--Sim, fiz o que eu pude.
--Que bom que agiu rápido. Liguei pros seus pais e amanhã de tarde você recebe alta. (Médico)
--Tão rápido assim? Achei que demoraria mais pai. (Levy)
--Minha preocupação era ele não conseguir fazer esforço, mas ele consegue muito mais. Está pronto pra ir pra casa, só se cuidar e tomar os remédios que vou indicar. (Médico)
--Eu vou, pode ter certeza. 
--Agora acho bom se preparar para a mega visita que você vai receber. (Médico)
--Que visitas?
--Seus amigos estão ai fora... Vieram te ver. (Médico)
--Pode pedir para eles entrarem, estou morrendo de saudades deles.
Ele saiu para autorizá-los a entrar;
--Bom Espurr eu vou indo, aproveite a visita dos seus amigos... Eu venho amanhã antes de você receber alta. (Levy)
--Claro. Te vejo amanhã então.
Ele saiu piscando pra mim. Eu fiquei meio bobo com aquilo, mas o porque eu não sabia ao certo.

Teens 2 💫 Elos InabaláveisOnde histórias criam vida. Descubra agora