Andando pela luz da lua, estávamos a caminho de casa. Eu queria muito saber o motivo pelo qual aqueles caras estavam atrás de mim, seria o Doutor P mesmo me procurando? Se fosse eu teria de tomar cuidado com minha família, ele poderia tentar algo a qualquer minuto;
--Está pensativo... Se arrependeu de ter jantado na casa da sua mãe?
--Edward, eu sinceramente nem queria ter ido e hoje, você entendeu o porque de eu ter saído de casa.
--Realmente, se padrasto é insuportável.
--Fico mal ao ver que minha mãe gosta de uma pessoa assim.
--É amor... Uma coisa bem esquisita.
--Pois é e.... Espera um pouco, já que tocou nesse assunto... Como é que você sabe?
--Sei do que?
--Que eu gosto do...
--Ah, que você tá afim do Cristian? Por favor Espurr, isso está muito óbvio.
--Nem tanto, só você percebeu.
--Eu sou bem observador então se acostume... E eu saquei pelo jeito que um age com o outro.
--Agimos normalmente Edward.
--Normalmente como um casal isso sim.
--Não fala isso nem de brincadeira... Não quero confundir as coisas.
--Mas e se ele também sentir o mesmo? Você nunca vai saber se não tentar.
--Ele nunca me veria dessa maneira, e eu tenho medo de estragar nossa amizade por esse sentimento confuso.
--É melhor decidir logo... Quem muito deixa os sentimentos de lado Espurr, mas a frente, percebe que perdeu exatamente o que queria.
--Uma frase bem filosófica, você pode ter razão afinal de contas Edward, mas não por agora. Vou esperar um pouco e ver no que dá.
--Como preferir, só não deixe ele ir sem dizer o que sente.
Naquela noite andando na rua com Edward eu pude comprovar três coisas sobre ele. A primeira é que ele era um bom conselheiro, a segunda é que ele tinha um coração bom em vista do que fez por mim no jantar para me aproximar da minha mãe. E por último, que por incrível que pareça... Estávamos virando amigos. Quando chegamos em casa, papai nos aguardava na sala bem apreensivo;
--Oi pai.
--Boa noite tio. (Edward)
--Aonde estavam meninos, olhem a hora. (Papai)
--O jantar demorou mais do que pensávamos.
--Aonde jantaram? (Papai)
--Edward não lhe avisou por mensagem?
--Não, ele só disse que iriam jantar fora. (Papai)
--Jantamos na casa da mamãe.
--O que? Porque voltou lá Espurr? Você mesmo disse que não queria mais ir e... (Papai)
--Calma pai, não foi planejado. Estávamos saindo da casa do Ben e ela nos viu, nos convidou e eu não quis fazer essa desfeita... Queria muito ver minha irmã.
--Eu não quero ser um pai chato filho, mas não gosto de você perto daquele Carl. (Papai)
--Nem eu gosto de estar perto dele, mas eu não quis recusar pai.
--Não brigue com ele tio, eu que insisti pra gente ficar pro jantar, a mãe dele ficou bem feliz em tê-lo de volta lá nem que fosse por uma noite. (Edward)
--Sendo assim eu não tenho motivos para achar ruim. Só me avise quando for lá filho... Para eu já saber e ficar atento. (Papai)
--Claro... Cadê o João?
--Está no quarto dele , inclusive pediu para que você passasse lá antes de ir dormir. (Papai)
--Entendi, vou até lá então, depois vou tomar um banho e dormir. Até amanhã pai.
--Até querido. (Papai)
Abracei ele e subi com Edward. Ele foi pro quarto dele , pois tínhamos um dever de Biologia que tinha que ser entregue no dia seguinte e ele ainda não tinha feito. Eu fui ao quarto do João. Quando bati na porta, ele me deixou entrar, e lá estava ele na cama sentado com o computador;
--Oi.
--Oi, demorou pra chegar em.
--Passei na casa da minha mãe, está tudo bem?
--Sim. Só estou curioso com uma coisa.
--O que?
--É sigiloso então não pode dizer a ninguém.
--Claro.
--Veja isto.
Ele me mostrou a tela de seu computador e eu fiquei em choque, era um pedaço... Um pedaço de La Estrella;
--Que foto é essa?
--É uma peça antiga que meus instrutores encontraram em meio a enseada da costa do litoral de São Paulo.
--Acharam essa peça?
--Sim, ela é bem chamativa não é?
--É sim, mas aonde ela está agora?
--No meu laboratório submerso.
--Como é? Você tem um laboratório submerso?
--Agora tenho... Antes ele era do meu avô. Ele o construiu justamente para procurar por essa peça. Porém nunca obteve sucesso na procura, já eu a encontrei pra ele.
--Espera, espera, espera... Henrique Salinas estava atrás desse pedaço?
--Sim, ele e toda a CRC.
--Não estou entendendo.
--Seu avô não te contou a respeito disso?
--Não.
--Bom... Antes deles se separarem, eles estavam tentando solucionar um crime nunca resolvido. Em um caso, encontraram um homem que estava morrendo, no entanto antes de morrer ele entregou um pedaço igual a esse para a CRC. Eles ficaram intrigados com aquilo e decidiram investigar mais a fundo, assim descobriram que aquele pedaço era parte de uma relíquia antiga... Uma relíquia que levava a um tesouro inestimável deixado pelos conquistadores do Brasil. Sua localização é desconhecida por mim, mas a CRC tentou até onde conseguiu para encontrar esse tesouro.
--O que eles fizeram depois que descobriram sobre o tesouro?
--Tentaram encontrá-lo obviamente, mas não tiveram sucesso. Durante a procura, descobriram que o tesouro era maldito... Pois um demônio o protegia. Eles começaram a discutir e a brigar entre eles, uns queriam parar antes que fosse tarde e outros queriam continuar para terem o tesouro.
--Esse foi o motivo pelo qual se separaram?
--Exatamente... Seus avós e meu avô ficaram do mesmo lado, mas Jane, Ofélia e Silvério queriam o tesouro de qualquer jeito. Daí seu avô tomou a atitude mais arriscada, ele quis destruir o pedaço, porém aquilo despertou uma raiva nos membros que queriam o tesouro, começaram a brigar entre si. A briga desencadeou uma tremenda catástrofe, destruiu a cidade onde viviam... O chão se rachou e houve um terrível terremoto. Aquela tragédia levou Ofélia e Silvério, os dois morreram naquele dia.
--Meu Deus, mas e os outros... Eles se feriram? O que houve depois?
--Os outros sobreviveram, mas viram algo sobrenatural... A imagem do demônio lhes foi revelada pelo pedaço. Era uma criatura asquerosa e pavorosa, ela os ameaçou. Se não se livrassem do pedaço, eles iriam pagar um preço muito alto. Então o que sobrou da CRC, se separou em dois casais, seus avós e meu avô com a Jane.
--Isso, é inacreditável. Como você sabe dessa história João?
--Meu avô me contou antes de partir.
--Mas o que eles fizeram com o pedaço ?
--Seu avô que se livrou dele, disse ter escondido em uma obra de arte histórica do século passado... Em um museu no exterior.
--Tudo isso é... Uma loucura.
--Nem fale, eu fiquei exatamente como você está agora no dia que meu avô me contou. Ele até mencionou detalhes da tal relíquia, dizia ser do período Maia, chamaram de...
--La Estrella.
--Essa mesmo e... Espera como sabe disso?
--Eu já vi dois dos pedaços.
--Como é? Quando? Aonde?
--Calma João... É meio complicado.
--Estamos conversando abertamente, pode falar Espurr.
Tinha chegado a hora, a hora que eu finalmente diria a alguém sobre meu segredo obscuro que definiu meu passado em Cajamar;
--João, eu não disse exatamente tudo pra você sobre mim.
--O que quer dizer?
--A razão pela qual eu não quis que você me chamasse de Cristal, não foi só por que não gosto do meu nome.
--E qual é a outra razão?
--Que se alguém me chamasse pelo meu nome original, eu seria descoberto.
--Como assim descoberto?
--Antes de tudo João, me responde uma coisa... Você já ouviu falar na mistério O.E?
--Mistério O.E?
--Sim.
--Bom...
Ele ficou pensativo por uns instantes e depois começou a fuçar no notebook;
--Ah, são um grupo de jovens que resolviam casos misteriosos em uma cidade de São Paulo.
--Ai diz mais alguma coisa?
--Calma, vou ver aqui... Diz sim, eles desapareceram a pouco mais de um ano e nunca mais foram vistos... Há rumores que um deles morreu nas ruínas das cavernas da cidade em que viviam.
Fiquei sério e comecei a olhar pra ele. Ele percebeu meu olhar estranho;
--O que isso tem haver com você saber sobre a relíquia e com o fato de você não querer usar seu nome?
--Porque... Eu sou um dos membros da Mistério O.E que desapareceu em Cajamar, São Paulo.
--Como?
--Sim, eu era um deles... Inclusive, sou o que acham que morreu nas ruínas das cavernas da cidade.
--Mas, porque? Como aconteceu isso?
--Aconteceu quando eu fui embora a 10 anos. Lá em Cajamar os conheci... E lá deles me despedi. Éramos muito amigos, mas descobrimos um dos mistérios mais estranhos da história.
--Que mistério? Como começou isso?
--A cidade tinha muitos mistérios e casos não solucionados... Então depois que meu avô partiu, eu criei a Mistério O.E , que deu continuidade ao legado da CRC. Porém um dia, encontramos um desses pedaços, o que também nos levou a conhecer um ser maléfico e desprezível... Doutor P, a pessoa responsável pelo fim da Mistério O.E .
--Você está me deixando curioso demais, quem é esse Doutor P?
--Um cientista maluco. Ele estava atrás da parte que encontramos, quando soube que estava com agente, foi atrás de nós e nos fez uma proposta... Que nos aliássemos a ele e acharíamos o maior tesouro da história brasileira. Nos iludimos com o fato de achar um tesouro desses, tanto que não percebemos o que aquele louco estava fazendo. Ele ficou paranoico e obsessivo com esse tesouro, se tornou perigoso, então não tivemos escolha a não ser sumir com os pedaços que ele tinha conseguido e entregar os planos dele para a policia.
--Ele foi preso?
--Sim, mas foi solto dois dias depois por não haver provas de que o tesouro realmente existia. Para detê-lo tive que fingir minha morte, assim ele seria culpado por ter me matado e meus amigos poderiam sumir de Cajamar sem deixar resquícios.
--Espera, deixa eu entender a situação... Vocês foram enganados por esse cara e depois se revoltaram contra ele, roubando os pedaços de La Estrella e incriminando ele por sua falsa morte?
--Foi necessário João, ele estava louco... Aquele homem sempre foi horrível, um crápula. Eu não podia permitir que ele fizesse mal aos meus amigos, então forjei minha morte e culpei ele.
--Como ele saiu como culpado da situação?
--Jean o golpeou quando ele estava tentando enforcar o Gael, daí ele desmaiou por tempo suficiente para que eu, Naomi e Marisol executássemos o plano da minha falsa morte... No começo eles acharam um absurdo eu me sacrificar por eles, afinal se desse errado o plano, eu seria descoberto e aquele maldito seria inocentado. Porém eu não me importei com os riscos.
--Você se sacrificou para que a Mistério O.E saísse viva e com uma nova vida de Cajamar?
--Sim, por mim e por eles eu fiz isso. E tudo ainda estaria maravilhoso se aquele psicopata não tivesse fugido da cadeia.
--Ele fugiu?
--Sim e... Está recrutando forças para achar o tesouro.
--Como assim forças? Poder você quer dizer?
--Também... Mas principalmente aliados.
--Aliados? Quem?
--João, agora vem uma outra parte da verdade que eu estou escondendo desde que entrei na escola daqui.
--Pode dizer, estamos juntos nessa.
--Se lembra de Jane Biers não lembra?
--Claro, uma membro da CRC... Como nossos avôs.
--Sim.
--Mas o que ela tem haver?
--Jane Biers e seu marido Brad Hart, estão do lado do Doutor P para encontrar o tesouro.
--Como? Não, isso não é possível.
--Sim é possível, estão com ele pelo tesouro.
--Como você sabe isso?
--Agora vem a verdade final João... Eu me aliei com um dos meus ex-companheiros da Mistério O.E .
--Com quem?
--Gael Parks, ou apenas G que é como eu o chamo por telefone para não levantar suspeitas.
--Ele quem te disse essas informações?
--Sim, estamos trabalhando juntos e ele tem vigiado o Doutor P... E descobriu que ele também se aliou a um homem muito poderoso de Cajamar, o Senhor Ricler, dono das indústrias Castanho. Ele também hackeou o computador do Senhor Ricler e descobriu que eles estão procurando os pedaços de La Estrella.
--Como pode... Esse Gael deve ser bem influente para conseguir descobrir tudo isso.
--Gael é o dono das Indústrias MontCorp, ele sabe bem como agir.
--A Empresa para produtos de pele e estética?
--Essa mesmo.
--Meu Deus, estou verdadeiramente pasmo com tudo isso... Podia ter me dito tudo isso antes Espurr... Aliás Cristal, não sei como te chamar agora.
--De Espurr, meus amigos daqui não sabem disso e nem podem saber.
--Claro eu entendo, mas você podia ter me dito antes... Podia ter ajudado vocês, meu avô estava atrás dessas partes a anos.
--Desculpa, sei que combinamos de nos ajudarmos... Mas eu não queria colocar você e os outros em risco, não de novo.
--Como assim de novo?
Me aproximei e sentei perto dele na cama, estava extremamente sem jeito;
--O atentado que ocorreu na frente da escola... Foi culpa minha. Não tenho provas, mas sei que foi ele, Doutor P que estava por trás daquilo. Por isso eu meio que...
--Se sente culpado?
--Exato. Cris e Edward não teriam se ferido se eu não tivesse um passado tão obscuro.
--E o Edward e você não seriam amigos como são agora se isso não tivesse acontecido.
--Tem razão.
--Escuta, não quero que fique tão preocupado... Eu posso ajudar você e o Gael a resolverem isso.
--Eu não tenho nenhuma objeção a isso, só acho que tenho que perguntar a ele antes.
--Claro... Escuta, alguém mais sabe dessa história?
--Não, não posso me arriscar a confiar em mais ninguém e nem colocar em perigo.
--Sendo assim, acho melhor averiguarmos esses fatos melhor Espurr, se pudéssemos descobrir mais detalhes do que a CRC viu no dia da catástrofe.
--Temos... Minha avó estava lá lembra?
--Claro, Helena é uma membro da CRC... Se souber que Jane está ajudando os inimigos , pode ser que nos apoie.
--Ela é minha avó João, nunca negou nada pra mim.
--Pode falar com ela para podermos visitá-la e descobrir algo?
--Claro... Mas acho melhor irmos nas férias, eu ainda estou tendo aula e tenho muito que aprender pra compensar as três semanas que fiquei hospitalizado.
--Sim, sem problemas... Mas até lá o tal Doutor P pode achar algum dos pedaços.
--Não tão fácil... Os que escondemos ele só poderia achar se um dos membros da Mistério dissesse, pois só nós sabemos a localização.
-E o terceiro está no laboratório a três mil metros abaixo do mar , na costa de São Paulo. Porém tem os outros dois.
--O quarto se eu não me engano, está em uma casa... Uma casa que desmoronou a muitos anos e ficou em ruínas.
--Que casa?
--A mansão Matos. A família Matos era a mais importante de Cajamar, eles acharam um dos pedaços em meio a uma escavação de seus negócios de mineradoras.
--Então o pedaço estava na mansão?
--Sim, provavelmente está soterrado junto dela, mas o Doutor P teria de chamar atenção para se aproximar com uma escavadeira perto de onde a casa foi soterrada. Ele não vai fazer isso correndo risco da polícia o encontrar.
--Tem razão, então fale com sua avó e peça a ela para que nas suas férias agente vá até lá descobrir mais informações.
--Tá bom. Agora eu vou descansar João... Tive um dia cheio hoje.
--Claro, durma bem e não se preocupe eu não direi nada a ninguém. Por favor qualquer avanço com o Gael me avise.
--Está bem. Boa noite e obrigado por deixar eu me abrir com você.
--Obrigado por confiar em mim.
Eu saí e fechei a porta. Estava aliviado por ter contado isso a alguém, só me restava avisar ao Gael... Eu estava torcendo para que tudo dar certo, assim não precisaríamos envolver mais nenhum membro da Mistério O.E nisso, eles tem suas novas vidas agora. Gael e eu com o apoio do João iriamos resolver tudo... Pelo menos, era no que eu acreditava.
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Teens 2 💫 Elos Inabaláveis
AventuraDas tragédias, emoções, confusões e descobertas... Os teens continuam suas aventuras. Será que juntos vão destruir o mal que os persegue? Só o tempo dirá, com os mistérios escondidos pelas sombras da terrível verdade... A mistério O.E Lutando para...