"𝚃𝚘𝚍𝚊 𝚙𝚎𝚜𝚜𝚘𝚊 𝚚𝚞𝚎 𝚙𝚎𝚛𝚍𝚘𝚊 𝚜𝚎𝚞 𝚊𝚜𝚜𝚊𝚜𝚜𝚒𝚗𝚘
𝚎𝚜𝚝á 𝚌𝚘𝚗𝚍𝚎𝚗𝚊𝚍𝚊 𝚊 𝚖𝚘𝚛𝚛𝚎𝚛 𝚗𝚘𝚟𝚊𝚖𝚎𝚗𝚝𝚎."𝑲𝒂𝒕𝒆
Rodríguez agiu com uma rapidez surpreendente, envolvendo-me em um turbilhão de ação que cortava a neblina da dor e da desordem em minha mente. Enquanto sombras de desconforto se entrelaçavam ao meu redor, a voz de Rodríguez emergia como um farol, guiando-me através da escuridão com seu tom firme, porém tranquilizador. "Vai ficar tudo bem," ele assegurava, suas palavras uma âncora em meio ao caos de meus pensamentos, mesmo quando a realidade do meu mundo parecia despedaçar-se ao toque da dor intensa.No hospital, a cena que se desenrolou foi uma sinfonia de eficiência, os médicos orquestrando seus movimentos com uma urgência que rivalizava com uma coreografia precisamente ensaiada. A infecção resultante da facada que eu recebi, uma complicação imprevista, agora dominava o espetáculo da minha provação. Era a dor e a luta contra a infecção que coreografavam minha experiência, mas não estava a enfrentar esta batalha no isolamento de minhas próprias agonias. Rodríguez permanecia firmemente ao meu lado, uma presença que repelia a escuridão crescente, mesmo quando a dor ameaçava consumir tudo ao seu redor.
A cirurgia transcorreu como uma batalha tensa contra o relógio e a infecção rampantemente voraz, mas a equipe médica, armada com competência e uma determinação feroz, lutava por mim. Embora eu estivesse adormecida, uma parte de mim intuía a sua tenacidade, seus desejos unificados para afastar a ameaça que me acometia. Isso injetava em minha coragem uma força renovada.
Ao despertar, encontrei o olhar de Rodríguez, sua presença um pílar de alívio e constância em meio ao turbilhão que se desencadeou. "Você conseguiu", ele murmurou, com uma sombra de sorriso que dissipava qualquer resquício de temor. O reflexo desse sorriso aflorou em mim, embora a dor persistisse, ela já não era mais a dominante, mas um eco distante do que fora outrora.
Assim, mesmo naquela cama de hospital, mesmo com a sombra da dor me acompanhando, eu perseverava. Continuava a lutar, a superar, a demonstrar que era capaz de transcender qualquer desafio lançado em meu caminho. A dor transformava-se em apenas mais um obstáculo a ser ultrapassado, e eu, com Rodríguez ao meu lado, estava pronta para enfrentar o mundo.
Ao ouvir meu nome sendo chamado pelo médico, com uma voz que denotava experiência e profissionalismo, confirmei minha presença com uma resposta rouca, efeito colher de longas horas envolta em um sono febril.
— Graças a Deus vocês chegaram a tempo, a infecção não é tão séria quanto poderia ser.- disse ele, seus cabelos grisalhos brilhando sob a luz suave do quarto de hospital, sua postura levemente encurvada evidenciando anos dedicados à cura e cuidado —
Obrigada, Doutor.-murmurei, minha voz baixa, quase engolida pelos lençóis que me envolviam.
Ele me informou, com um tom gentil, que após avaliação da equipe médica, era seguro que eu recebesse alta. Meu caso, felizmente, não demandava maiores intervenções, apenas repouso. Sua sugestão seguinte, no entanto, trouxe uma dor distinta, diferente daquela provocada pela minha condição física.
Você deveria chamar seus pais para ficarem com você.-ele sugeriu, sua voz embargada pela inocência de não conhecer minha realidade.
Eles morreram.- respondi secamente, meu olhar fixo no teto, um escudo contra a dor que essas palavras evocavam.
A recomendação subsequente veio na forma de uma ligação para minha irmã, que, mesmo distante e carregando sua própria vida nova, representava um fio de esperança.