"Eu poderia amá-lo em todas as cidades, ele não poderia me amar em nenhuma cidade."
Kate
O grande dia da minha exposição finalmente havia chegado. Hoje, todos teriam a oportunidade de contemplar a minha obra-prima: a Fênix. Para esta tarde especial, decidi por um visual mais intenso, um outfit elegante, mas sem exageros. A maquiagem também foi cuidadosamente escolhida, pronta para revelar ao mundo o meu renascimento, tal qual uma Fênix.
Eu usava um vestido longo de seda vermelho rubi com um decote em V elegante, adornado por um colar de ouro branco com um pingente de chama. Saltos altos douradas complementavam o look.
Meu cabelo estava preso em um coque baixo com mechas soltas, e minha maquiagem destacava olhos esfumados em tons de cobre e dourado, com lábios vermelhos intensos. Brincos longos de ouro branco e uma pulseira delicada com pequenas pedras vermelhas completavam o visual, exalando confiança e elegância.
Saí de casa com um misto de nervosismo e empolgação, e caminhei até o meu carro, dirigindo em direção ao local da exposição. Dessa vez, o evento não aconteceria em na galeria tradicional, mas em um castelo moderno, um cenário digno da grandiosidade da ocasião.
Ao chegar, fui recebida por uma calmaria que contrastava apenas com a movimentação das pessoas que entravam carregando quadros e outras peças de arte. A organização do evento estava a todo vapor, e a excitação pairava no ar.
- Cuidado com isso - avisei gentilmente, ao ver um senhor lidando com uma caixa de quadros com certo esforço.
Ao adentrar o salão principal, fui imediatamente envolvida pela decoração impecável. Cada detalhe havia sido meticulosamente planejado e executado. Não pude evitar um sorriso de satisfação ao ver como tudo havia se materializado exatamente como imaginara.
Apesar de ainda faltar algum tempo para o início da exposição, a minha animação era incontida. Caminhei pelo salão, absorvendo a energia do lugar e imaginando as reações dos convidados. Hoje, não seria apenas uma exposição; seria uma celebração, um momento de transformação e de mostrar ao mundo a força do meu renascimento.
O tempo passava e minha ansiedade só aumentava. Rodríguez foi um dos primeiros a chegar, trazendo consigo as fotografias que eu tanto esperava.
- Katherine, como você está? Trouxe um pouco de chá de camomila para você se acalmar. Eu te conheço o suficiente para saber que está morrendo de ansiedade. - disse Rodríguez, sem pausas, enquanto me entregava o chá.
- Você é o melhor. - respondi, aceitando o copo. Observei o logo estampado e perguntei: - Desde quando o Starbucks faz chá de camomila?
- Oh, minha pobrecita, em que século você vive? No século 19? - Rodríguez respondeu, zombando de mim.
Eu estava prestes a rebater quando uma mulher de cabelos longos e cacheados, com as mãos adornadas por miçangas coloridas, entrou pela porta principal.
- Uma cigana? - sussurrei para Rodríguez, que assentiu com a cabeça.
- Como podemos ajudar? - perguntou Rodríguez, dirigindo-se à mulher.
Ela não respondeu. Continuou caminhando em nossa direção, até parar bem à minha frente. Olhou-me nos olhos e colocou a mão sobre o meu coração.
- Un gran hombre está llegando a tu vida, un hombre que puede provocar tu muerte pero que también puede llevarte a vivir la mejor felicidad de la vida. - ela disse com uma voz firme. Pegou minhas mãos e continuou: - Veo sangre, cementerio, estás en peligro mi niña, sálvate. - Olhou-me por longos minutos antes de se virar para Rodríguez e dizer: - Usted ayudó a causar esta muerte, usted y él son cómplices.
