O Início Da Ilusão

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"Eu supero a mesma pessoa toda noite..., mas quando amanhece, eu me apaixono por cada detalhe dela novamente"

Tiago

Adrielly, com seus cinco anos de idade, estava há uma hora se preparando para sair. Quando fui vê-la, só havia conseguido arrumar o cabelo. Sydney, a babá, me explicou que ela estava indecisa sobre qual penteado escolher. Parecia que eu ainda teria que esperar mais duas horas até que ela estivesse completamente pronta.

Enquanto aguardava, peguei meu celular e decidi mandar uma mensagem para a mãe do meu filho. "Espero que você esteja bem," escrevi. Em poucos segundos, ela visualizou e respondeu com um coração.

Resolvi ir até o escritório do meu pai. Bati na porta, pedindo permissão para entrar, e ele me autorizou. -Pai, preciso conversar com você- disse, tentando chamar sua atenção. Meu pai, que estava de pé, sentou-se e me olhou com curiosidade.

- Desculpa - falei, deixando-o confuso. -Por que você está se desculpando,minha criança?- ele perguntou, vindo em minha direção.

-Tomei uma decisão errada e sei que o senhor não vai me perdoar quando as consequências vierem à tona - expliquei, olhando diretamente para ele.

-Minha criança, pode um pai desistir de seu filho?- ele perguntou. Aquelas palavras me causaram um déjà vu, pois já haviam sido ditas por Kate. - Pai, eu te amo - expressei, abraçando-o com força.

O abraço do meu pai me deu um conforto inesperado. Ele acariciou minhas costas e sussurrou: - Não importa o que aconteça, sempre estarei aqui para você

Aquele momento foi um alívio, uma pausa breve em meio ao caos interno que eu estava sentindo. Saí do escritório com o coração mais leve, sabendo que, independentemente das minhas decisões, o amor do meu pai sempre estaria ali para me amparar.

Finalmente, Adrielly estava pronta. Ela vestia uma calça larga e um casaco enorme, adotando um estilo street girl que a fazia parecer uma miniatura de Kate. Não pude deixar de notar o quanto Kate havia influenciado a pequena Adri.

Os cachos de Adrielly estavam presos em dois coques laterais, com alguns fios soltos que emolduravam seu rosto, dando-lhe um ar despreocupado e cheio de atitude. Ea parecia tão confiante e segura de si que era impossível não sorrir ao vê-la assim.

- Você está linda, Adri - eu disse, admirando sua escolha de roupa e penteado. Ela sorriu de volta, seus olhos brilhando de alegria e orgulho.

- Vamos, Ti! - Adrielly chamou, já ansiosa para sair. Peguei sua pequena mão na minha e juntos, saímos de casa.

Saímos em direção à galeria, onde encontraríamos Kate para a aguardada aula de pintura da Adrielly. Decidimos levar um buquê de jasmim, um gesto simples, mas cheio de carinho.

Ao chegarmos, atravessamos o hall e nos dirigimos ao escritório de Kate. Lá, a encontramos perdida em sua própria melodia, cantando uma música aleatória. Adrielly, com sua energia contagiante, correu para abraçar Kate, que levou um susto adorável, pois estava tão imersa em seu mundo que não notou nossa chegada.

Enquanto observava a cena, não pude deixar de admirar a elegância de Kate. Ela usava um sobretudo cinza-escuro que caía graciosamente até seus joelhos, destacando sua silhueta esguia. O tecido grosso parecia desafiar o vento cortante que soprava lá fora. O colarinho erguido protegia seu pescoço, enquanto os botões de madeira adicionavam um toque de rusticidade. Um cinto perfeitamente ajustado, marcado por um laço simples mas cuidadoso, completava a peça com um ar de sofisticação.

Sob o sobretudo, ela vestia um suéter de lã bege, cuja textura visivelmente macia espiava pelo decote V, prometendo conforto contra o frio. Suas calças de tom marinho profundo,
feitas de um tecido mais grosso, aqueciam suas pernas sem sacrificar o estilo.

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