O Peso Da Ilusão

58 11 186
                                    

Nós dois estamos pensando a mesma coisa. Eu penso
em você, você em si mesmo...


Tiago
Chegou o dia da mudança, e eu, Tiago, vesti uma camiseta e jeans, prontos para a ação. O apartamento de Kate estava iluminado pelo sol do meio-dia, com caixas de papelão espalhadas pelo espaço ainda vazio, ecoando a promessa de um novo começo. Arregacei as mangas e, junto com Kate, embarcamos na dança sincronizada do empilhamento e transporte. Os objetos de Kate, cada um portando um fragmento de sua antiga vida, foram cuidadosamente encaixotados e transportados para o caminhão de mudança.

Enquanto segurava uma caixa etiquetada "Quadros", senti o peso não apenas dos itens dentro dela, mas também do peso emocional que cada peça carregava. Kate e eu compartilhávamos sorrisos fatigados, mas esperançosos, em cada viagem de e para o caminhão. Ao organizar os móveis e pertences nos novos espaços, a dinâmica familiar sapeca entre nós se destacava - uma lufada de riso entre as exigências físicas do dia.

- Não sei como você conseguiu encaixar todos esses pincéis aqui, Kate. Parece que você está mudando um ateliê inteiro! - brinquei enquanto equilibrava uma caixa que parecia estar à beira de explodir.

- Ah, Tiago, você sabe que eu levo minha arte a sério. E, além disso, nunca se sabe quando vou precisar de um pincel número 12 para um toque final! - respondeu Kate, com um sorriso travesso.

No final do dia, com as caixas agora desempilhadas em seu novo lar e a mobília encontrando seus lugares, havia um sentimento coletivo de conquista. Pizzas foram encomendadas, bebidas foram compartilhadas, e celebramos o marco em meio a pilhas de coisas ainda para desembalar.

- Música! - gritou Kate quando finalmente conseguiu conectar o celular na caixinha de som.

Como alguém pode ficar tão linda mesmo estando completamente desarrumada? Pensei comigo mesmo. Enquanto a música ecoava pela sala, me deixei levar pelo ritmo contagiante. Fechei os olhos e deixei que a melodia invadisse meu corpo, afastando qualquer preocupação ou estresse do dia. A batida vibrante me envolvia, me fazendo dançar e me divertir como se não houvesse amanhã.

- Tiago, você está dançando como se tivesse formigas nos sapatos! - Kate riu, enquanto tentava acompanhar meus passos desajeitados.

- Ei, isso é o que eu chamo de estilo próprio! - respondi, fazendo uma pirueta desajeitada que quase me fez tropeçar em uma pilha de caixas.

Enquanto me movia pelo espaço, pude sentir a energia da música fluindo em cada parte de mim. Meus passos desajeitados se transformavam em movimentos graciosos, e minha desarrumação se tornava parte da minha personalidade vibrante.

Kate me observava com um olhar de admiração, seus olhos brilhando enquanto ela acompanhava cada movimento meu. Era como se a música tivesse o poder de realçar minha beleza natural, tornando-me ainda mais radiante aos olhos dela.

- Tiago, você parece um flamingo bêbado, mas devo admitir, um flamingo muito feliz! - disse Kate, rindo tanto que quase derrubou uma pilha de livros.

E assim, embalados pela música, dançamos como se fosse a última vez. A sala se tornou nosso próprio palco, e a melodia se transformou em nossa trilha sonora particular. Não importava como estávamos vestidos ou arrumados, o que importava era a conexão que a música criava entre nós.

E então, um toque conhecido ecoou pela sala. "Friends" de Chase Atlantic. Mais uma vez, trocamos aquele olhar cúmplice, como no carro quando cantamos "Can't Help Falling in Love with You". O karaoke começou.

Um Conto Sem Reciprocidade Onde histórias criam vida. Descubra agora