"Diz-se que o amanhã será sempre lindo. Porém, hoje não é o amanhã de ontem?"
𝐓𝐢𝐚𝐠𝐨
O relógio já apontava alguns minutos de atraso enquanto eu me encontrava impaciente, sentado na poltrona da casa de Kate. A sala, ampla e bem organizada, refletia a personalidade meticulosa dela, algo que eu já havia notado em outras ocasiões.- Já estão prontas? Vamos nos atrasar! - chamei, tentando esconder a ansiedade. Kate, com seus longos cabelos cacheados, sempre demorava um pouco mais para se arrumar, e hoje não parecia ser diferente. Adrielly, por sua vez, estava em uma fase onde nada lhe agradava ultimamente, o que só tornava as saídas um pouco mais complicadas.
Depois da festa da Adrielly, um laço especial se formou entre nós três. Kate tem um jeito encantador e genial, uma alma que parece trazer luz para os momentos mais sombrios. Meu pai, ainda imerso no luto pela perda da mamãe, evitava olhar para Adrielly, qualquer semelhança que ela tinha com a nossa mãe era um lembrete doloroso para ele. Kate, com uma naturalidade surpreendente, acabou assumindo um papel maternal que não lhe pertencia, trazendo um conforto especial para Adrielly.
Finalmente, Kate apareceu na sala com Adrielly. Não pude evitar um sorriso ao vê-las; estavam incrivelmente parecidas. Ambas vestiam moletom grande, quase como um vestido, mas na verdade exagero; usavam calças jeans de corte reto, caindo suavemente até os tornozelos, e a cor azul denim clássico realçava a simplicidade elegante do conjunto. Combinavam com sapatos confortáveis, como sapatilhas marrons, e acessórios discretos como relógios e pulseiras finas.
- Vamos antes que percamos o começo. - comentei, pegando Adrielly no colo. Kate, ágil, pegou a bolsa da pequena, com todas as necessidades, além da sua própria.
Saímos juntos para a rua, prontos para embarcar em uma nova aventura: a exposição de Van Gogh que estava ocorrendo no centro de Boston. O ar fresco da tarde nos envolveu enquanto caminhávamos em direção ao carro. Era um momento especial, um breve respiro de normalidade e alegria em meio à complexidade da vida que carregávamos juntos. Kate, com sua presença tranquilizadora, e Adrielly, com seu espírito resiliente, transformavam o simples ato de irmos a uma exposição em uma experiência que eu valorizava profundamente.
Enquanto caminhávamos para o carro, a excitação tomava conta de mim. A exposição de Van Gogh no centro de Boston era algo que eu estava ansioso para ver há meses, e compartilhar essa experiência com Kate e Adrielly tornava tudo ainda mais especial. O céu estava tingido de um azul profundo, pontilhado por estrelas que começavam a surgir, um prelúdio perfeito para a noite que nos aguardava.
Adrielly, no meu colo, estava radiante. Seus olhos brilhavam com curiosidade e alegria, refletindo a luz suave das lâmpadas da rua. Kate, ao meu lado, era um pilar de serenidade e graça, embora eu pudesse perceber um ligeiro nervosismo em seu sorriso. Talvez fosse a responsabilidade de cuidar de Adri, ou a expectativa de uma noite culturalmente rica.
- Estou tão animada! - Adri exclamou, balançando as pernas de forma animada. - Vamos ver os girassóis do Van Gogh?
- Sim, querida - respondi, rindo. - Vamos ver os girassóis e muito mais. Você vai adorar.
Kate sorriu e acrescentou: - A exposição está repleta de suas obras mais famosas. É uma oportunidade única.
Entramos no carro, e a viagem até o centro de Boston foi tranquila. Conversávamos sobre tudo e nada, desde as aulas de Adrielly na escola até as memórias das minhas viagens pela Europa. O rádio tocava uma melodia suave, proporcionando um fundo musical perfeito para nossa conversa.
Chegando ao museu, fomos recebidos por uma fachada imponente, iluminada de forma a destacar sua arquitetura impressionante. As portas de vidro refletiam nosso entusiasmo, e ao entrar, fomos imersos em um ambiente de cultura e história.