Harmonia Em Cores

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"Somos iguais o sol e a lua, separados por uma distância mas conectados por um amor "

Kate

-Adrielly dormiu - sussurrou Tiago, com uma suavidade que parecia rivalizar com o próprio silêncio da noite.

- Vocês querem que eu desligue a música? Também sou pai de primeira viagem e minha esposa fala que um mínimo barulho a criança acorda - perguntou o motorista, um homem de meia-idade com um olhar cheio de empatia e um sorriso que exalava compreensão.

- Se não for um incômodo. - respondeu Tiago, acariciando o rosto de Adrielly com uma ternura que só os pais conhecem.

- Claro, claro. - disse o motorista, desligando o rádio e lançando um olhar cúmplice pelo retrovisor. - Uma vez, tossi e meu filho acordou gritando como um alarme de incêndio. Minha esposa jurou que eu estava tentando sabotar o sono dela.

- Isso seria ótimo, muito obrigado. - Tiago acrescentou, enquanto continuava a acariciar os cabelos cacheados de Adrielly. - Sério, minha irmã é como um detector de ruídos, um grito de uma formiga já a acorda.

Naquele momento, eu estava envolvida em um turbilhão de emoções, reminiscente da melodia melancólica da música "Friends" de Chase Atlantic. Tiago não negou, não se atreveu a afirmar que eu não era a figura materna para sua irmã, nem negou a conexão inexplicável que tínhamos.

A trilha sonora de nossa relação parecia estar tocando ao fundo, assim como a música "Friends", falando de conexões complicadas e sentimentos não ditos. A ausência de palavras dele parecia um eco distante da letra, "Você diz que somos apenas amigos, mas amigos não se conhecem como nós".

Tudo que não foi dito entre nós, cada silêncio, cada olhar, parecia uma nota musical, construindo uma sinfonia de sentimentos não ditos e conexões não definidas. A ausência de negação e o silêncio sobre o que tínhamos se transformaram em nossa própria versão da música, uma canção de amor não verbalizada, uma melodia de emoções não expressas, mas sentidas em cada compasso de nossos corações.

O táxi se afastou deixando-me para trás, levando com ele uma parte de mim.

Tiago

Kate e eu passamos toda a manhã arrumando a galeria para a próxima exposição. O ar estava carregado com a energia da expectativa e a tensão de garantir que tudo estivesse perfeito. A luz do sol se derramava através das grandes janelas, criando uma atmosfera mágica.

Eu estava pendurando um quadro particularmente pesado quando senti Kate se aproximar. Não vi, mas senti. Há uma certa eletricidade que ela carrega, uma presença que preenche o espaço. Ela se posicionou ao meu lado, segurando a outra extremidade do quadro. Nossos braços roçaram um no outro, enviando faíscas através da minha pele.

- Um pouco mais para a esquerda - ela sussurrou, os olhos fixos na parede à frente.

Segui suas instruções, ajustando a posição do quadro. Quando finalmente o penduramos no lugar certo, ambos demos um passo atrás para admirar nosso trabalho.

Foi então que aconteceu. Aquele momento clichê que você vê nos filmes, mas nunca acha que vai viver. Kate se virou para mim, os olhos brilhando com a luz do sol. Seu cabelo parecia uma auréola dourada em torno de sua cabeça. Ela estendeu a mão e, sem dizer uma palavra, deslizou-a na minha.

Nossos dedos se entrelaçaram naturalmente, como se tivessem sido feitos para se encaixar. O calor de sua mão pareceu se espalhar por todo o meu corpo, fazendo meu coração bater mais rápido. Eu olhei para Kate, perdido em seus olhos. E, nesse instante, soube que estávamos compartilhando algo mais do que apenas a satisfação de um trabalho bem feito.

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