Capítulo 38: Irene

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Irene

- Você tem certeza? - Pergunto pela milésima vez

- Sim, o tratamento falhou novamente. Eu sinto muito! - Minha obstetra fala

- Você acha que eu ainda vou conseguir engravidar? - Engulo o choro

- Claro que vai, podemos reiniciar o tratamento e tentar a sorte. Por que essa pressa toda, é por causa do seu namorado?

- Não tenho namorado!

- Então, por quê?

- Porque estou ficando velha, tenho medo de não conseguir engravidar.

- Você vai conseguir, eu prometo a você!

...

- Então você não contou a sua obstetra o real motivo da sua vontade de ser mãe? - Minha terapeuta pergunta

- Não, eu não contei.

- Você quer contar para mim?

- Eu passei por dois abortos quando eu morava na Coreia do Sul. Eu era casada com uma mulher muito agressiva, vivíamos brigando e discutindo por tudo, eu não queria colocar no mundo uma criança que fosse sofrer pelo o que eu tava sofrendo ao lado dela. - Engulo o choro - Então acho que Deus escutou os meus pedidos e os levou para um lugar melhor. - Suspiro - Mas eu engravidei de novo, dei a luz a um lindo menino.

- E o que aconteceu?

- Ele teve pneumonia e morreu. - Fecho os olhos - Eu tinha deixado a minha esposa cuidando dele enquanto ia visitar o meu pai que estava doente, eu disse a ela para não sair com ele porque estava nevando e fazendo muito frio. Ela teve um imprevisto na empresa dela, um Hacker estava invadindo o sistema de segurança dela, ela levou o nosso filho com ela para a empresa. Quando voltou ele já estava com começo de febre e espirrando, fomos ao médico e ele passou alguns antibióticos, funcionou por um tempo. 3 dias depois ele voltou a ter febre alta e o levamos ao médico, mas não adiantou de nada. Ele morreu nos meus braços. - Enxugo as minhas lágrimas - Eu tentei não culpá-la, mas sabia que no fundo a culpa era dela. Depois da morte do nosso filho, ela ficou pior, ela disse que a culpa era minha que eu tinha os deixado sozinhos, que graças a mim ele tinha morrido. Eu fugi depois disso.

- Alguém sabe sobre isso?

- Apenas a senhora.

- E a sua amiga Jennie?

- Ela só sabe um pouco que contei e umas coisas que inventei. Não quero que ela se preocupe comigo, não quero que ninguém se preocupe comigo!

- E como você está ultimamente?

- Eu estou melhorando. Não superei 100% a morte do meu filho, mas agora consigo viver uma vida normal. Até saí em uns encontros. - Rio - Eu e a minha amiga Jennie, saímos todo final de semana, ela me ajuda a esquecer dos problemas. Também tem a Yeri, a minha colega de quarto/apartamento, ela me entretém com a suas histórias loucas sobre o relacionamento dela com a bibliotecária.

- Você está fugindo da pergunta. - Tira os óculos - Como está a sua cabeça ultimamente? Você ainda pensa coisas ruins?

- Eu não penso mais em me matar e nem em me machucar, percebi que preciso viver para mostrar a filha da puta da Seulgi, que eu estou bem sem ela. Falando nela, ela voltou.

- E você está bem com isso?

- Por enquanto sim, ela apenas me segue e fica me olhando de longe. - Rio sem ânimo - Se ela quisesse fazer algo já teria feito, igual da última vez. Acho que ela só está preocupada comigo.

- E você está preocupada com ela?

- Acho que sim. Eu a amei por tanto tempo que é difícil não me preocupar, ela era uma má pessoa mas eu a amava como nunca amei ninguém.

- Talvez você só precise de um tempo com ela, um tempo para conversar e colocar as cartas na mesa. Você não pode fugir para sempre!

...

Passei o caminho inteiro pensando no que a Senhora Nakamura falou, talvez ela esteja certa ou talvez não. Não sei se estou pronta para ficar de cara a cara com a Seulgi.

Quando estou prestes a entrar no meu apartamento esbarro em alguém fazendo ela derrubar todas as suas coisas.

- Me desculpe. - Ajudo a pegar as coisas no chão - Eu estava distraída e não te vi.

- Você ainda é a mesma distraída de sempre.

Essa voz, eu conheço essa voz..

- Seulgi?.. - Olho para a mulher na minha frente

- Oi, amor. Sentiu a minha falta?

- O que você está fazendo aqui?

- Só vim conversar.

- Se for sobre eu voltar para Coreia é melhor esquecer, eu não vou para lugar nenhum com você!

- Então vai continuar fugindo?

- Não é da sua conta. - Abro a porta do meu apartamento e entramos. - Você tem 10 minutos para dizer o que veio fazer aqui!

- Precisamos conversar sobre nós, sobre o nosso casamento.

- Eu já pedi o divórcio.

- Você não percebe que fazendo isso só vai piorar as coisas?

- E quem se importa?

- Eu me importo! Seus pais tem uma dívida imensa com os meus pais, o que você acha que vai acontecer com eles? - Se aproxima

- Sei que você não vai deixar acontecer nada com os meus pais, você sempre gostou deles! - Engulo seco

- Meus pais não pensam assim. Eles vão tirar tudo o que sobrou da sua família, eles vão fazer da vida dos seus pais um inferno.. igual fizeram com a nossa.

- Você é a única culpada!

- Sabemos que não é verdade, tudo o que eu fiz foi para proteger vocês deles!

- Conta outra! - Rio sem ânimo - Você me batia para me proteger deles?

- Não. Eu me arrependo de cada agressão física e psicológica que eu fiz contra você, eu nunca deveria ter acertado um único tapa em você. Se eu pudesse voltar no tempo..

- Mas você não pode! Você não pode voltar no tempo e mudar tudo o que você fez. Você sempre será essa pessoa ruim que você é! - Grito - Pessoas como você não mudam!

- Mas eu posso tentar, eu posso ser a mulher que você sempre quis!

- Se eu fosse querer uma mulher, eu iria querer uma que me visse como mulher e não como um pedaço de carne. - Abro a porta - Vai embora e não volte mais!

- Eu vou ir, mas eu volto! - Me encara - Obrigada por me ouvir.

Fecho a porta e me permito derramar todas as lágrimas que tenho segurado desde que a vi. Eu nunca devia ter deixado ela entrar na minha casa e nem na minha vida.

[...]

Tentarei atualizar o quanto antes! Obrigada por lerem 💕💕💕

Everything is about you - (Jenlisa - Chaesoo) (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora