Capítulo 1 - Uma Doce Vida.

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O amor não se vê com os olhos, mas com o coração.

-William Shakespeare.


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Décima ligação que eu atendo, já estou sem paciência...

 — Não Hyunwoo! Digo alto. — ... Não tem o que explicar... eu não... — Eu falava, quando ele me interrompe com sua voz esganiçada ao telefone.

Tiro o fone da orelha e olho para a tela lendo o nome Meu Amor❤️, meu estômago dá um salto, reviro os olhos, o levo de volta a orelha e o ouço falando sem parar. O vento forte e frio bagunça meu cabelo, quase me fazendo queimar a bochecha com o cigarro ao tentar tirar o cabelo da boca. Afasto a mão que seguro o cigarro, apoiando o corpo no guarda corpo de vidro temperado, observando aviões planando ao longe. Reparei na quantidade de proteção anti suicídio. Logo voltei a prestar atenção a conversa desinteressante do celular.

— Por favor amor, vamos conversar, eu sei que eu errei e não há nada que eu diga que vá remediar isso, mas pelo menos vamos conversar... — Ele tenta com a voz falhada me convencer.

Minha vez de interromper aquele assunto irritante.

— Conversar ? Remediar? Eu não quero conversar... quer saber? Quero que vocês se fodam...— Grito no bocal do celular o mais alto que consigo. E desligo a ligação, fechando o Flip com força. Quase jogo o celular daquela cobertura. Suspiro pesado, sorrindo soprado em seguida. Balanço a cabeça indignada com as situações que ando me metendo ultimamente.

Dou uma tragada no cigarro quando ouço um pigarro atrás de mim, eu estava tão presa nos meus pensamentos  não tinha escutado  essa aproximação. ... Me viro para olhar de onde veio o som e meus olhos encontram os de Jungkook, parado, não muito atrás de mim, com uma mão no bolso e a outra apontando para mim um cigarro marrom. Ele se aproxima falando com um leve sorriso cordial no rosto.

— Desculpa incomodar, você tem fogo aí? — Ele mostra o cigarro, chegando próximo o suficiente para eu sentir seu perfume, mesmo estando contra o vento.

Ele me olha, solto a fumaça pelo nariz e boca.

Ofereço a ele meu cigarro aceso e o isqueiro, para que ele escolha o que mais lhe apetece, ele aponta com o olhar pro cigarro aceso e elevo a mão até que ele alcance. Ele se aproxima e traga acendendo o seu cigarro no meu. Evito contato visual, olhando para o lado.

Um silêncio ensurdecedor paira depois disso. Ele agradece e se afasta. Fecho os olhos, elevo um pouco a cabeça e inalo aquele ar gelado, tentando esfriar a cabeça, eu pensava que ele tinha ido pra longe o suficiente, quando ouço sua voz, próxima a mim.

— Me desculpe se soar invasivo, mas eu ouvi sua conversa quando chegava, e por todos os suspiros que você soltou até agora acho que está com problema no relacionamento, acertei? — Ele traga, me olhando, esperando uma resposta. Nunca havíamos nos falado antes, sem que fosse assunto de trabalho. Achei invasivo, mas eu estava tão cansada mentalmente que apenas fui receptiva, acenando positivamente com a cabeça.

Sorrio fraco, o vento gelado passa por nós mais uma vez, bagunçando meu cabelo, ele usa uma bandana vermelha e mesmo assim seu cabelo bagunça. Penso se devo responder ou apenas sorrir para que a conversa se encerre ali mesmo. Mas decido dar uma mínima chance de quem sabe conversar com um desconhecido.

— Sim, um daqueles bem grandes...Tsc...— Suspiro pesado, soltando o ar bem forte com as bochechas infladas. Tragando mais uma vez o cigarro chegando ao fim. Me afasto dele, apago o cigarro e jogo a bituca na lixeira de metal, acho que tanta gente vem fumar, que essas lixeiras ficam espalhadas por aqui. Esse é o local de escape de quase todos os fumantes da empresa. E somos muitos, muitos mesmo.

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