À beira do perigo 17

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>>>> Jimin <<<<

Cheguei à delegacia com o coração pesado, preocupado com o estado de Yoongi e J-Hope. Por sorte, ambos estavam sentados no saguão, visivelmente abalados, mas fisicamente ilesos.

— Jimin, que bom que você chegou! — J-Hope se levantou rapidamente, vindo ao meu encontro com um abraço apertado.

— Estão todos bem? — perguntei, inspecionando ambos com o olhar.

— Sim, estamos bem. Foi só um susto, um cara bêbado bateu e fugiu. — Yoongi respondeu, passando a mão pelos cabelos desgrenhados.

— Só precisamos que alguém assine como testemunha para podermos finalizar os papéis e ir para casa. — explicou J-Hope, com um suspiro aliviado.

— Claro, eu faço isso. — respondi, sentindo um alívio misturado com a tensão remanescente do momento com Jungkook.

Depois de assinar os documentos e garantir que Yoongi e J-Hope estavam seguros e prontos para voltar para casa, estava de volta ao apartamento com a mente ainda em tumulto. Notei que a porta do quarto de Jungkook estava entreaberta. Hesitei, ouvindo soluços abafados que cortavam o silêncio da noite.

Empurrei a porta devagar e vi Jungkook sentado no chão, as costas apoiadas contra a cama, chorando silenciosamente. A cena apertou meu coração, e sem pensar, entrei.

— Jungkook-a? — chamei suavemente, me aproximando.

Ele levantou o rosto, os olhos vermelhos e inchados de choro. Sem dizer uma palavra, ele me puxou para perto, e eu me sentei ao seu lado, envolvendo-o em meus braços. Os soluços dele ecoavam no quarto enquanto eu acariciava suas costas, tentando oferecer algum conforto.

— Meu pai... ele veio aqui. Ele estava bêbado, Jimin. Queria dinheiro... como sempre. — A voz de Jungkook era um sussurro trêmulo, carregado de dor e memórias pesadas.

— Você sabe... quando eu era mais novo, meu pai dirigia bêbado com minha mãe no banco do passageiro. Eles bateram o carro. Minha mãe ficou gravemente ferida, passou meses em cirurgias e parecia estar se recuperando, apesar de seu coração ainda fraco... — A voz de Jungkook falhou, suas palavras pingavam com o peso de uma dor não resolvida.

— Continua, eu estou aqui com você. — Eu murmurei, encorajando-o a deixar a dor sair.

— Ela estava no hospital... e no Dia dos Pais, meu pai foi liberado temporariamente. Ele apareceu no quarto do hospital bêbado, culpando minha mãe por tudo de ruim em sua vida. Ele gritou com ela, e ela... ela teve uma parada cardíaca e morreu ali mesmo, diante dos meus olhos. — Jungkook engoliu em seco, suas lágrimas fluíam livremente.

— Isso é horrível, Jungkook-a. Ninguém deveria passar por algo assim. — Minhas palavras eram um sussurro triste, sentindo a dor dele como se fosse minha.

— Depois disso, eu larguei tudo, o boxe, Busan... Paguei um advogado para garantir que ele ficasse longe de mim, rompi todos os vínculos. Mas ele... ele voltou a me procurar. — Ele apertou os olhos fechados, como se tentasse bloquear a realidade.

Eu o abracei mais forte, compartilhando o silêncio que se seguiu. Cada um de seus soluços era um lembrete da dor que Jungkook carregava sozinho. Agora, mais do que nunca, eu sabia que precisava estar lá para ele.

Enquanto as palavras de Jungkook ecoavam no silêncio, uma onda de emoções turbulentas nos envolveu. Senti o calor do seu corpo se intensificar, a respiração dele acelerando ligeiramente conforme a dor se transformava em outra necessidade, quase tão palpável quanto a angústia.

O Amor Oculto - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora