O departamento do DHPP parecia pegar fogo aos poucos, se moldando conforme as chamas ficavam mais altas no decorrer do dia. Pilhas e mais pilhas se acumulavam na mesa de Verônica, fazendo com que seus dedos fossem cada vez mais rápido, o cenho se franzia e por vezes seus movimentos paravam, resultado do cuidado em corrigir as palavras que digitava. Estava exausta e o relógio marcava apenas onze da manhã.
Há algumas mesas dali, os olhos castanhos bem marcados a fitavam, sempre sem se demorar muito, desviando ao primeiro sinal de que o olhar poderia ser retribuído. Como uma sociedade entre paredes de concreto, o departamento da polícia possuía suas próprias regras e quase uma vida própria, longe das vidas que cada um levava fora dali. Torres há muito já havia notado os olhares que recebia, bem como as intenções muito nítidas contidas na aproximação de Nelson, porém, em nada lhe interessava, colocando seu casamento sempre como uma barreira intransponível. Em algum momento, aquele fora um bom motivo.
A mente estava um tanto mais calma, em vista da atenção que era colocada em apenas um lugar, em algo no qual ela era boa, precisava daquilo e por tal, talvez estivesse fazendo o melhor trabalho de sua vida apenas para se esquivar de pensamentos. Por vezes os olhos fitavam o relógio no canto da tela, não podendo responder as inúmeras mensagens que chegavam em seu celular. Prata estava se certificando de que mais uma vez ela não faltaria aos almoços que sempre eram marcados, mas nunca iam para frente.
Entre a atenção no celular e em seu trabalho, a escrivã acabara se perdendo ao escutar a porta da sala principal se abrir, seguida dos passos extremamente característico. Anita estava de saída, completamente paramentada para algum tipo de ação, fazendo com que todos os olhares repousassem nela. Antes de sair com a mão a repousar no coldre, a delegada fitara a mulher sentada em sua habitual mesa, mordendo o canto do lábio.
────Tira logo o seu horário de almoço, preciso de você aqui quando eu voltar, escrivã. ────Um olhar entre ambas se estabelecera, fazendo Anita sorrir, era patético e engraçado a forma como todo o corpo de Verônica se modificava com o mínimo contato, físico ou não.
Antes que pudesse obter uma reposta, a loira rumara para fora, sumindo em questão de segundos sem dar mais informações. Como já precisava unir o útil ao agradável, a mão da morena alcançara o celular, respondendo Prata enquanto se levantava, tomando alguns de seus pertences. Naquele momento, Nelson se aproximara completamente sem jeito, a fitando com um meio sorriso.
────Verô... Você já está indo almoçar? Eu pensei... ────A mulher se aproximara do mesmo com um meio sorriso, deixando um beijo em sua bochecha de maneira rápida.
────Tenho que ir, marquei com o Prata... Depois você me diz, ok? ────Como Anita, ela sumira em questão de minutos, o deixando para trás em meio a uma respiração pesada que indicava descrença.
O trajeto da delegacia até o restaurante não poderia ter sido nada diferente de demorado e extremamente irritante, porém, Verônica estava otimista em finalmente conseguir tempo para ver seu amigo. Sabia que ao retornar para a delegacia Anita lhe faria trabalhar como uma escrava, então estava aproveitando o momento não só para seu próprio descanso, mas também para organizar sua mente tão conturbada pelos últimos acontecimentos. O carro fora estacionado na rua do restaurante com certa facilidade, e assim ela rumara para dentro, encontrando o amigo minutos depois.
────Eu achei que iria degustar da minha coca cola sozinho. ────Os olhos de Prata repousavam na ação de Torres ao tomar o líquido que estava em sua posse, negando com a cabeça. ────Bom te ver, Verô, finalmente! ────A mulher sorrira, se sentando em seguida.
────Eu posso muito explicar todas as três vezes que marcamos e não nos encontramos, sério! Você conhece meu ambiente de trabalho. ────Victor dera de ombros, pedindo com o indicador levantado por mais uma coca cola.
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Under a secret | veronita fanfic
FanfictionQuantos segredos São Paulo era capaz de guardar sob suas luzes coloridas e prédios bem apessoados? O casamento de Verônica e Paulo sempre fora sinônimo de harmônia para quem quer que tivesse o prazer de cruzar o caminho dos dois, uma paixão avassal...