Vou dedicar esse capítulo a Borkenzinha, vulgo jurídico Anita Berlinger amante. Beijinho pra ti, filha ♡
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Os fios loiros de seu cabelo acabavam por molhar o roupão branco que usava naquela manhã, ainda que sua atenção estivesse em qualquer outro lugar. Os olhos fitavam o reflexo no amplo espelho de sua penteadeira, ao passo que os dedos corriam por algumas linhas de expressão sem muita preocupação com o fato, Anita estava definitivamente longe daquele quarto. Seus pensamentos rodeavam no mesmo ponto, voltando as cenas que compartilhara com Verônica durante a sequência de dias que se iniciara sem sua ciência. Fugir do controle não lhe era comum, mas não podia negar o quão gostoso era.
Presa em seus próprios olhos, a mulher apenas despertara da imersão em seus pensamentos quando o barulho em sua cama se fizera audível, mas não o suficiente para redirecionar sua atenção. Percebia a movimentação dentro de seu quarto, o vestir da roupa e a inclinação para se movimentar até a porta. Anita Berlinger apreciava o silêncio pela manhã, mas não desfrutava do mesmo com frequência em certas épocas de sua vida.
────Eu já vou... Tá bom? ────Com a ponta do dedo ela iniciava o processo de passar pequenas quantidades de creme em seu rosto, apenas assentindo com a cabeça.
────A porta está destrancada, é só sair. ────A mulher a fitara de longe, organizando a alça de sua blusa enquanto negava com a cabeça, sem nem mesmo poder dizer que aquilo não era comum.
Berlinger era prática em suas relações, a ponto de deixar tudo bem claro e estabelecido logo de início, para que não houvesse meias conversas no decorrer dos pseudos relacionamentos nos quais entrava. Prática no trabalho, e mais prática ainda em sua vida pessoal. Parte da forma de lidar com tudo vinha em decorrência do trabalho que havia escolhido, afinal, não podia se dar ao luxo de fazer o que bem entendesse sem pensar claramente nas consequências. No reflexo do espelho, um sorriso se formava em seus lábios. Sempre pensava nas consequências até a página dois.
Seu corpo estava relaxado naquela manhã, a ponto de lhe dar a certeza que teria um bom dia por não se estressar com facilidade, algo que só um sexo bom pela madrugada concedia. Após terminar sua maquiagem para o dia, a mulher rumara para seu guarda-roupa, retirando dali o look todo preto que deixava seus ombros a mostra. Verônica amava olhar seus braços e porque não lhe dar material suficiente para babar? Como toque final, a delegada calçara o coturno, saindo do quarto com certa pressa, a fim de cumprir o horário que sempre seguia sem falhas.
Em suas mãos ela carregava um copo de café grande, suas chaves e a bolsa, rumando para o carro sem muito pensar, havia um trânsito infernal pela frente para ser vencido. O rosto permanecia em repouso, lábios fechados e uma expressão séria enquanto sua mão descansava no volante, esperando que o sinal abrisse. Por vezes, voltando a ficar imersa em seus pensamentos, Anita sorria sem perceber, deixando o ar sair por seus lábios ao se lembrar de como suas mãos se encaixavam bem nas pernas de Verônica Torres. Seu pé afundara no acelerador a medida que ela negava com a cabeça, cantando baixo a música que tomava conta do veículo.
Do outro lado da cidade, contando com uma quantidade de tempo bem diferente, Verônica estava parada em frente ao espelho trajando apenas um conjunto preto. Suas mãos deslizavam por seu corpo até onde alcançavam, a medida que o peito pesava mais e mais, sendo possível notar um quê de desejo em seu rosto. Em meio a sua ação, a aproximação de Paulo não fora notada até que suas mãos contrastassem com a pele da mulher, a puxando para si com gentileza. Aos poucos, as mãos nada sutis lhe acariciavam a pele, beijando seu pescoço com calma.
────Está pensando no que conversamos outro dia? ────Torres sentia seu cabelo ser colocado para o lado, dando a passagem necessária para que Paulo beijasse a pele desnuda de seu pescoço.
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Under a secret | veronita fanfic
FanfictionQuantos segredos São Paulo era capaz de guardar sob suas luzes coloridas e prédios bem apessoados? O casamento de Verônica e Paulo sempre fora sinônimo de harmônia para quem quer que tivesse o prazer de cruzar o caminho dos dois, uma paixão avassal...