Fifteen

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O professor de história está apenas sentado em sua mesa quase caindo num sono que parecia estar pendente há dias enquanto todos os alunos conversam e gritam, é uma verdadeira bagunça e o professor sequer liga.

Para minha sorte o alarme sinalizou o fim da aula e senti meu peito queimar em desespero junto de minhas pernas que correram por todos os corredores até chegar ao pátio que ainda está vazio por ter apenas se iniciado o intervalo de almoço, mas alguns segundos após me ver sozinho no grande espaço verde eu pude visualizar um garoto do outro lado, ele está ofegante e parece já ter me avistado, então corre em minha direção como um cão que sente falta do dono que estava viajando.

Ele pula em meus braços e eu o seguro firme com suas pernas entrelaças em minha cintura e sua cabeça enterrada em meu pescoço. Nem parece que ficamos apenas uma noite separados. Dentro de seus braços me sinto em casa.

- Senti tanto sua falta. - Eu digo o colocando no chão. - O quarto não é a mesma coisa sem você, ficou muito vazio, muito triste.

- Ed é uma pessoa maravilhosa.. - Ele começa. - Mas eu não dormi a noite, estava estranhando o quarto, era diferente demais pra mim, e você nem estava lá para ajudar a me familiarizar.

- Eu sinto muito por tudo. - Venho sentindo culpa desde quando o deixei no quarto de Ed, notei que ele não estava feliz e eu sequer podia consertar a situação, visto que eu que a comecei. - A culpa é minha.

- Claro que não, por que seria sua culpa?

- Nós não devíamos...

- Cale a boca, Harry! - Ele me interrompe. - É isso que eles querem que nós pensemos: que é errado. - Abaixo a cabeça para que ele não repare que estou sem graça, mas ele ergue-a com a ponta dos dedos - Olhe para mim, Harry, não há nada de errado com nosso amor.

- Você promete? - Choramingo.

- Eu juro. - Ele sorri, e eu também o faço, mas não me sentindo completamente certo de suas palavras.

Nos distanciamos um pouco quando o pátio começou a lotar, e entramos novamente no prédio para que conversássemos mais tranquilamente nos corredores.

Ele tem as costas apoiadas na parede e eu estou à sua frente, o observando em silêncio enquanto ele encara o chão provavelmente pensando em algo muito aleatório.

- Então, onde está Edward? - Interrompo seu devaneio.

- Eu não faço ideia.

Volto a observa-lo, ele encara o pátio através das janelas grandes e largas atrás de mim. Eu quero chamar sua atenção, quero dizer algo que o faça rir, que o faça me olhar com carinho e admiração em um tom especial de azul como ele me olhou quando estávamos no terraço, aquele olhar me fez derreter por inteiro, apenas me dando mais certeza que eu nunca vou conseguir substitui-lo por nenhum outro ser vivo, e eu espero que não seja preciso fazer isso.

- Você se deu bem com ele? - Encerro o silêncio.

- Quem? - Ele se espanta.

- Ed.

- Oh... - Ele murmura. - Sim, ele é um cara legal, mas um pouco curioso.

- O que ele te perguntou? - Digo sorrindo ao imaginar as asneiras que Ed disse à Louis.

- Algumas coisas estranhas. - Vejo seu rosto corar, e me encanto com tamanha doçura.

- Então, agora que o Ed é um cara legal, você não vai mais sentir ciúmes? - Eu brinco, e observo ficar mais vermelho e sem graça.

- Não seja idiota! - Ele me empurra rindo. - Eu não tenho ciúmes de você.

Consegui fazê-lo rir, seu sorriso bobo sem dúvida vai ser a melhor coisa que eu vou ver hoje.

Orphanage [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora