Forty Three

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Quase não sou capaz de abrir meus olhos na manhã seguinte do grande impacto emocional causado por Nick. A única coisa que me obriga a fazê-lo, é a responsabilidade de não perder nosso voo que partirá em breve e a pressão de meus amigos para que eu acorde.

Faço o que eles insistem: me levanto e entro logo debaixo da ducha quente, mas não sem antes parar de frente ao espelho para reparar na aparência destruída que estou carregando. Os olhos estão caídos e inchados por tanto chorar, o cabelo está espalhado para todos os lados possíveis e sinto uma leve dor de cabeça chegando.

O banho, ao contrário do que eu esperava, não me ajuda a acordar e sim me deixa com mais vontade de voltar a dormir e fugir de toda a realidade em meio a meus travesseiros. É triste lembrar que só vou voltar a vê-los quando voltar de viagem. Espero que quando isso acontecer, eu já esteja pelo menos um pouco melhor.

- Haz, você não arrumou suas malas? - Niall pergunta da forma mais carinhosa possível ao me ver saindo do banheiro, não querendo me causar mais frustração. Eles ainda não sabem o que aconteceu e com certeza estão se doendo por dentro para saber, mas sabem que contarei quanto estiver a vontade.

Ignoro o apelido detestável que Niall me chama, estou sem forças para reclamar, principalmente agora que percebo que ainda preciso colocar todas as coisas na mala; algo que deveria ter sido feito ontem mas claramente não foi possível. Para minha sorte, sei exatamente o que colocar e o que deixar aqui, e isso ajuda muito a poupar tempo.

Enquanto arrumo minhas coisas com a ajuda de Niall, Liam faz o favor de ir comprar nossos cafés da manhã para comermos no caminho. A ideia inicial era que acordássemos mais cedo para termos tempo de fazer tudo isso, contando com imprevistos. Porém, todos acordamos mais tarde que o combinado devido à noite muito mal dormida e agora teríamos que correr contra o tempo.

O tempo exato que tomamos para arrumar e pegar todas as malas e descer do edifício, é o mesmo que Liam demora para nos encontrar na frente dos dormitórios com três sacos de comida. Alguns de nossos amigos vão se despedir de nós, como Camila, Josh e outros colegas de turma, que nos desejam boa viagem.

O táxi demora a chegar, nos causando mais atraso ainda e gerando um início de desespero nos meninos, já eu não sou capaz de me importar tanto assim se vamos conseguir ou não. Não consigo ocupar por muito tempo meus pensamentos com algo que não seja minha discussão com Nicholas. Confesso que esperei até os últimos segundos antes de entrar no táxi que ele aparecesse para se desculpar e me desejar boa viagem. No entanto, ainda posso acabar o encontrando no aeroporto me esperando.

O caminho até o aeroporto é rápido e não troco uma sequer palavra com alguém durante todo o trajeto. Não estou triste ou magoado, estou pensativo, repassando todos os momentos em minha cabeça repetidas vezes. O tempo gasto na fila do check-in é pouco, compensando todo o nosso atraso, pois há poucas pessoas a essa hora. Não consigo parar de olhar em volta, buscando por algum indício de Nick por aqui, mas não o vejo por enquanto.

Após despachar as malas, tenho apenas duas bolsas de lado e um grande casaco para enquanto ainda estivermos em clima frio. É a primeira vez que estou num aeroporto para viajar, a última vez que estive em um, pelo o que eu lembro, foi para me despedir de Ed na sua primeira ida à LA.

Veja só onde estamos agora. Depois de cinco anos após enviar Ed para tentar sua carreira como músico, estamos indo visitá-lo enquanto suas músicas têm cada vez mais público e recebem mais e mais reconhecimento.

E quanto à Zayn? Quem diria que, em uma ida inocente à california, ele se apaixonaria tanto e resolveria ficar pra sempre? Agora está apaixonado e prestes a se casar. Ver um de meus amigos se casando nunca passou pela minha cabeça como algo possível de acontecer, é um sinal de que a vida adulta chegou de fato.

Orphanage [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora