Sixteen

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- Preparado, Harry? - Uma assistente de Elizabeth pergunta enquanto eu espero pelos meus possíveis futuros pais chegarem para começar a entrevista, eu estou em um banco de mármore no escritório da diretoria do orfanato, tenho a cabeça baixa e não falo com ninguém. Muitos adultos passam por mim apressados ou ocupados com seus trabalhos e não tem tempo para me cumprimentar. Mas por quê o fariam? Sou apenas mais um órfão coitado. A moça que fala comigo provavelmente me observava há um tempo e reparou meu ânimo zero.

- Não muito. - Respondo à sua pergunta sem de forma curta, não quero prolongar uma conversa.

- O que houve? - Ela senta ao meu lado com um pequeno copo de café na mão e as pernas cruzadas, seu cabelo é de um castanho bem liso e quando ergo a cabeça para olha-la posso notar seus olhos extremamente azuis, como os de Louis. Ela me faz lembrar do meu amor. - Quantos anos você tem?

- Quinze. - Respondo ao notar que ficar calado não vai fazê-la parar as perguntas.

Ela abre a boca para dizer algo, mas a porta é aberta trazendo o barulho de fora para dentro do local. O casal chegou. A mulher tem cabelos castanhos e volumosos, um sorriso radiante nos lábios que a deixam com uma aparência jovial. Ainda carrega consigo os arranhões do acidente de carro. Já o homem tem uma expressão séria, mas ao me ver ele sorri sem jeito, é alto e tem cabelos grisalhos, o rosto coberto por marcas de expressões e cansaço.

Elizabeth surge do além e os cumprimenta, sorrindo tanto que sua dentadura poderia cair agora mesmo no chão. Ela abre a porta da sala de entrevistas para que nós entremos. Para as crianças a sala é grande, cheia de livros e brinquedos para que os futuros pais conhecessem melhor a criança e pudessem criar um vínculo de amizade com ela. Bom, para os adolescentes é apenas uma sala com uma mesa e uma janela.

Entrei em silêncio enquanto o casal ria e conversava de algo aparentemente muito interessante com Elizabeth. Então ela pôs fim no assunto, me desejando boa sorte e fechando a porta. Aposto que ela está torcendo muito para que eu vá embora de uma vez daqui e ela não seja obrigada a ver um casal de garotos se beijando no corredor. Mas ela não tem com o que se preocupar, ela já estragou tudo.

- Olá, Harry. - A mulher diz sem deixar de sorrir. Ela está sentada ao lado do marido e em frente à mim, e parece estar esperando que eu diga algo muito interessante. - Meu nome é Anne.

- Oi Anne.

Os dois riem, eu disse algo engraçado?

- Vamos conversar. O que você gosta de fazer, garotão? - O homem diz tomando a iniciativa, os dois parecem estar tentando ser muito simpáticos.

- Eu gosto de ler, e às vezes eu jogo futebol, mas eu não sou bom. - Tento colaborar, dizendo tudo o que sei sobre mim. Não sou realmente uma pessoa interessante.

- Quantos livros você já leu? - Anne pergunta, se posicionando melhor na cadeira para prestar atenção, ela está realmente interessada, isso me assusta.

- Eu não sei. Acho que em toda a minha vida, devo ter lido uns trezentos. - Dou de ombros.

- É um bom número. - O homem comenta.

- Você também lê? - Pergunto à ele.

- Claro, leio mais de cem livros por ano, lá perto de casa tem uma biblioteca pública enorme, Harry. Você iria adorar, tem todo tipo de livro que você imaginar. - Ele conta, gesticulando com as mãos, me fazendo imaginar a imensidão.

- Tem livros de alienígenas?

- Claro.

- De vacas alienígenas?

Orphanage [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora