Orphanage [L.S]

Thirty Two

"Se duas pessoas estão destinadas a ficar juntas, elas eventualmente encontram seu caminho de volta" - larrynatic (Game Over).

-x-

Embora eu não queira ter quer admitir, eu já estou provavelmente há dez minutos acordado e esperando meu corpo voltar a dormir. Obviamente nada acontece, e o que ontem parecia a o monte de lençóis e colchas mais confortável do mundo ontem, agora parece me sufocar ardente como o inferno. Não tolero mais nem um minuto debaixo de tantas cobertas, joga-as pro lado vazio da cama um pouco atrapalhado, pois vez ou outra o pano engancha no meu pé.

Não é mais frio e agradeço por ter ido dormir sem calças como sempre, caso contrário eu estaria suando agora. Eu poderia dizer que coisas ruins aconteçam por bons motivos, como o fato de eu não ter lembrado de comprar calças de moletom antes de vir, mas é visível que é apenas sorte. E ultimamente, eu tenho precisado muito disso. Espero que esse trevo de quatro folhas continue junto a mim por um bom tempo.

Enquanto desço as escadas um pouco tonto por levantar rápido, posso ver, ao virar a cabeça para trás, Liam sentado no sofá calçando os seus sapatos e me observando descer da escada ainda sonolento e parecendo grogue. Ele solta um breve "bom dia" e eu retribuo antes de entrar no banheiro e fechar a porta atrás de mim. A água fria do chuveiro desliza rápido pelo meu corpo tirando todo o calor que meu corpo adquiriu ao ficar embalado na cama. Esfrego bem o rosto para tirar todo o resquício de sono que for possível. Tenho dificuldade em desenrolar os fios bagunçados do meu cabelo debaixo d'água, é a segunda vez seguida que acordo e não os arrumo em cachos bonitinhos que todos elogiam, dessa vez não posso deixar passar. Afinal, vou sair com Niall para conhecer o campus.

Isso faz eu me lembrar do início da minha adolescência, quando meus cachos estavam começando a se formar rapidamente. Eles foram docilmente recebidos por Louis, que possuía algo que eu posso chamar de obsessão em arrumá-los ou tê-los entre seus dedos. Não devo negar que a cada toque macio eu sentia-me arrepiar. E assim, me senti tão sozinho como nunca, uma sensação de vazio que precisava ser resolvida com afetividade. Talvez possa ser chamada até de carência.

Quando desligo o chuveiro e enrolo a toalha -  que estava estendida na maçaneta da porta - em minha cintura, tenho a impressão de ouvir uma conversa vinda de dentro do quarto. Uma voz familiar, que provavelmente é Niall. Eu o chamei ontem a noite para passar no meu quarto quando amanhecesse e aparentemente ele já está aqui, e conversando com Liam. Eu preciso contá-lo sobre o garoto com quem conversa agora, não creio que ele lembre-se do moreno, mas espero que após eu explicar, ele possa ter ao menos uma lembrança vaga. E para isso eu preciso me vestir logo.

Mas onde estão minhas roupas?

- De novo não! - Sussurro contra mim mesmo ao reparar a falta das roupas. Eu esqueci de pegá-las outra vez, mas não é minha culpa. Eu não tenho costume, eu não fui criado para isso.

Agora eu vou sair do banheiro e chamar a atenção dos dois garotos conversando no quarto. Não que eu seja inseguro com meu corpo, mas ficar exposto para alguém que você não conhece - ou não vê há anos - não é a melhor sensação.

Abro a porta do banheiro, encontrando Liam e Niall conversando animados no sofá. Liam explicava algo sobre acordes e tons, e Niall parecia estar tão focado em concordar com o que o moreno dizia que nem ouviu o som da porta abrir. Eles nem mesmo dão muita importância pra mim, e isso me permite caminhar até minha mala até sentar no chão para tirar algumas roupas de lá. Eu realmente preciso guardar minhas coisas no armário e na decoração do quarto. E faço uma nota mental para não esquecer de fazer isso hoje ainda.