- Louis?
Pergunto um tanto quanto timidamente, observando com curiosidade o garoto parado sozinho aqui no terraço, a essa hora da noite. Aparentemente ele apenas esbarrou em uma mesinha de centro. Como sempre, está ventando muito e agora faz um frio desconfortável que instintivamente me leva a cobrir minhas mãos com as mangas do moletom.
Louis, até então de costas e imóvel, se vira hesitante ao som da minha voz chamando por seu nome. Ele veste a mesma roupa da festa e parece carregar em uma expressão todo o peso do mundo nas costas.
- O que tá fazendo? - Volto a falar, agora me aproximando timidamente ao atravessar toda a cobertura até enfim parar ao seu lado e me apoiar no vidro assim como ele.
- Nada. - Ele responde rápido, variando o olhar perdido entre eu e a vista à nossa frente. - Só... pensando.
E então ele suspira, cansado.
- Foi uma grande festa, né? - Tento soar o mais feliz que consigo no momento, ignorando toda a ansiedade e insônia que é responsável por me deixar acordado até agora e estar aqui. - Acho que vai ficar pra história.
Consigo tirar um sorriso satisfeito dos lábios finos de Louis, e logo em resposta o acompanho puxando também os cantos da minha boca. Posso ver seu rosto com certa facilidade devido a iluminação natural da lua.
- Eu gostei muito. - Seu sorriso aumenta gradativamente, provavelmente ao que as lembranças da noite vão voltando em flashs na sua cabeça.
- Você estava bem doidão. - Comento com um tanto de receio, torcendo que não pareça alguma espécie de crítica. Apenas não consigo tirar da minha mente a imagem de Louis com as pupilas tão dilatadas me puxando para tão perto de si, sem parecer nem um pouco o Louis tão recluso de sempre.
Surpreendentemente, ele reage com um riso nasalado, fitando a rua e a praia logo abaixo de nós. Enquanto isso, minha visão um pouco desnorteada passeia por todas as direções que estão no meu campo de visão, sem focar em lugar nenhum.
Espero que isso não pareça um sinal de nervosismo, assim como a inquietação do meu corpo ao movimentar-se e balançar freneticamente minha perna. Não é muito agradável que Louis saiba o quanto sua presença anda me deixando afobado.
- Eu não tava muito, na verdade, eu criei uma boa resistência a isso. - Explica o garoto, enfim mudando o olhar fixamente para mim, fitando meus olhos como uma faca. E posso constatar que suas pupilas estão bem normais em comparação a como estavam horas atrás, ele está sóbrio. - Eu só finjo estar alterado.
A intensidade que ele coloca ao dizer que apenas finge todo o seu comportamento para que pareça estar fora de si, é tão forte que não é possível que não tenha um significado maior. Não posso conter meu peito em entrar num pequeno colapso, disparando meu coração em batidas como um choque.
- Você finge? - Falo de forma natural, impensada, apenas o que passa pela minha cabeça como um pensamento alto demais que deixo escapar.
- Eu finjo o tempo todo, Harry. - Ele então vira o corpo em minha direção, mudando toda a sua atenção apenas para mim. Seu rosto não podia estar mais inexpressivo, apenas com a cabeça levemente inclinada para cima de forma a olhar nos meus olhos. O azul que costuma ser tão forte, agora está tomado por um cinza sem vida.
Louis finge o tempo todo. Fico surpreso por não conseguir imaginar como seria possível alguém estar atuando o tempo inteiro. Isso também traz uma pequena onda de decepção por me fazer perceber que na verdade, quem eu pensei estar finalmente conhecendo de novo, não passa de uma pessoa inventada pelo garoto.
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Orphanage [L.S]
FanfictionHarry e Louis são colegas de quarto em um orfanato desde que se conhecem por gente. O amor entre ambos é recíproco, embora decisões tomadas os levem à separação. Mas o que Harry não sabe é que tudo o que está nos planos do destino há de acontecer. E...