Orphanage [L.S]

Forty Six

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Gigi dormiu aqui, mas logo cedo se despediu de nós com a justificativa de precisar resolver coisas do casamento. Imagino que ela esteja com a cabeça cheia com a organização, afinal seria uma festa muito grande e cada detalhe iria parar em absolutamente todos os sites e fontes de notícias de celebridades em pelo menos vinte países.

Apesar de ser empolgante tantas pessoas se interessando por um momento tão importante de sua vida, ainda é muita pressão de tornar tudo perfeito. Qualquer mínimo erro ou cadeira fora do lugar seria motivo de piada. Perguntei a Zayn qual era sua parcela de participação, mas ele me explicou que Gigi o deixou fora disso para evitar atrasar a preparação com discussões. Ele não parecia nem um pouco chateado com isso, ainda mais porque estar longe da organização o possibilitava passar mais tempo com os amigos que não vê há anos.

Não sinto ressaca da noite anterior, mas também não lembro da última meia hora de festa e muito menos quem me colocou dormindo na minha cama. Os meninos parecem estar morrendo lentamente pela casa, então todos combinaram que hoje seria o dia do lixo: sem atividades que exigissem esforço, sem sair de casa e sem pensar demais. Basicamente eles vão passar o dia inteiro deitados nas poltronas da sala de cinema assistindo séries.

Não parece um programa ruim, mas eu prefiro me abster e ficar no meu quarto remoendo meus problemas. Minha mãe respondeu a mensagem que enviei essa madrugada pedindo que fizéssemos uma chamada de vídeo. Espero perceber que a casa está silenciosa e inicio uma ligação com ela pelo meu computador em cima da cama. Sempre que vejo seu rosto faço uma nota mental de ligar mais vezes, mas nunca realmente faço, apesar de ser tão gratificante poder vê-la em tempo real.

Acho que passo cerca de uma hora a atualizando sobre tudo o que vêm me acontecendo nos últimos dias. Conto brevemente sobre Nick e como estou me sentindo, sobre a casa de Zayn e como os meninos estão parecendo adolescentes de férias. Também pergunto sobre meu pai, o que ele tem feito e por onde anda.

Desde que eles se divorciaram, raramente entramos em contato, mesmo depois daquela conversa tão esclarecedora sobre a aceitação da minha sexualidade. Ainda me machuca um pouco que a família que demorei tanto para ganhar esteja dividida e nunca mais vá ser a mesma de quando me receberam, são lembranças de momentos que não haverão iguais.

Quando já estou próximo de terminar a conversa, de repente me espanto com os meninos falando muito alto e repentinamente entrando em meu quarto ao perceberem que estou fazendo uma chamada com minha mãe. Eles se aproximam e sentam próximos a mim na cama, excedo Zayn e Louis. Niall é o mais folgado, praticamente toma meu lugar para cumprimentar minha mãe e falar o quanto está com saudade. Ela claramente ama ele mais que eu, fica até emocionada em vê-lo, fala sério.

- Que saudade do meu segundo filho! - Ela expressa um grande sorriso nos lábios que parecem dar um forte abraço em Niall pela tela do computador. Ele, que sabe o quanto é amado, manda vários beijos para a webcam.

Ed, que está do meu outro lado, também começa a falar.

- Eu to me sentindo pessoalmente excluído. O Niall nunca morou com a senhora.

- Edward! Você cresceu tanto! - Seu rosto é tomado pela surpresa e carrega certo orgulho. Não sei porque tanta emoção, não é como se ela não visse ele na televisão ou nos clipes. E eu não estou com ciúmes.

Anne continua conversando com os meninos, eles parecem muito animados, principalmente Ed que nunca mais falou com ela. Sei que ele deve muito ao meus pais por toda a paciência e abrigo que eles deram enquanto ele não tinha onde ficar quando saiu do orfanato. Sem contar que meu pai deu o primeiro violão de Ed, antes tudo o que ele tinha eram os instrumentos da sala de música que, infelizmente, não pôde levar consigo. Observando toda essa cena, percebo que eles são meus irmãos, e isso me trás uma sensação incomparável de pertencimento a algo muito maior.