Rodava o cabo da rosa pouco espinhenta em minhas mãos, preparando mentalmente tudo o que diria. Sei que posso preparar horas e horas de todo o repertório de o que falar para ele ou que fazer, mas no momento em que eu me visse a sua frente, minhas mãos suariam e meu corpo não reagiria aos comandos do cérebro. Eu não tenho a menor ideia de como fazer isso, mas eu estou dando o meu melhor.
Começando pela rosa branca que fiz questão de comprar numa floricultura à caminho do orfanato. Em meus bolsos haviam apenas algumas libras velhas, assim como nos de meus amigos. Eu gostaria de ter comprado o arranjo grande e chamativo no centro da loja, mas eu teria que fazer muitos turnos tocando violão junto a Ed na rua. Era realmente um lindo buquê, mas talvez exagerado demais (?). Louis merece a floricultura inteira, mas apenas uma rosa seria o suficiente para deixá-lo surpreso.
Surpreso ou furioso. Nos últimos quinze minutos, tenho feito tudo sem pensar muito bem. Começando pelo momento em que largamos minha mãe sozinha em casa para deixar o garoto que provavelmente não quer me ver nem pintado de diamante na sua frente. Anne acabou por ir às compras sozinha, sem reclamar da falta de companhia, e ainda se despedindo com um beijo na bochecha de todos os garotos.
Por não pensar muito, posso estar fazendo uma merda muito grande em insistir em ir vê-lo quando provavelmente a última coisa que ele quer é ter que me aguentar enchendo seu saco mais uma vez. Mas eu preciso de uma segunda chance para pelo menos me despedir devidamente.
Não sei como, em menos de um minuto, tomei uma decisão que mudará a minha vida inteira. Arriscar assim é realmente perigoso para alguém em minha situação. Eu poderia ter ficado em casa e tê-lo deixado ir em paz e nunca mais vê-lo na vida, deixar que nossas últimas lembranças tenham sido aquela briga triste e sem sentido. Ou eu poderia ir atrás dele, olhá-lo nos olhos e ter a certeza que está tudo bem, e então deixá-lo partir com o coração aconchegado no alívio.
E aqui estou eu, num carro com meus amigos indo deixar o garoto dos meus sonhos no aeroporto, para que ele deixe a minha vida definitivamente. Mas um breve pensamento contraditório surge em minha cabeça: e se ele não for? E se, ao me ver, mude de ideia e queira ficar? E se ao querer ficar, ele jogue fora tudo o que vem lutando a vida inteira para conseguir? Todas as tardes perdidas jogando futebol, as manhãs aturando professores e o esforço para ter todas aquelas notas incríveis? Isso me deixou com um gosto ruim na boca.
- Afinal, em que faculdade o Louis passou? - Minha atenção voltou-se à conversa dos garotos no carro no momento em que ouvi o nome ser pronunciado por Zayn. Ele, dessa vez, estava no banco da frente e eu e Niall no de trás. Ed, como sempre, dirigindo.
- Ele não me disse, mas parece que é alguma que precisa muito dele. Já que além da bolsa de estudos eles também garantiram a viagem toda paga. - Ed explicou.
Senti um sorriso se formar no canto da minha boca. Louis é importante para a faculdade, eles precisam da sua habilidade de futebol no time deles. Eu só consigo sentir orgulho. E mais uma vez o nervosismo toma o meu corpo, quando volto a remexer a rosa em minhas mãos. Ele não podia perder tudo isso por mim.
Talvez a ansiedade esteja me fazendo pensar demais. Se minha mãe estivesse aqui ela me faria um chocolate quente para que eu me distraísse e parasse de viajar tão longe. Mas meus amigos que precisam de um chocolate quente agora. Estão falando do futuro, combinando viagens e eventos, criando cenas e imaginando coisas tão distantes que nem consigo entender de onde tiraram isso. E, em todos os planos feitos para o futuro distante, eu e Louis estamos neles. Juntos.
Eu nem sei o que estarei fazendo no próximo ano letivo. Se vou entrar para alguma atividade extracurricular, se vou tirar a carteira de motorista, se encontrarei um trabalho ou não. É difícil adivinhar o futuro, e fazer planos é tão incerto quanto o humor de uma mulher de tpm (experiência própria). Tudo seria tão fácil se, ao executar uma ação, tivéssemos chance de saber se ela acarretaria à consequências futuras ou não. Assim, eu não erraria mais. Eu poderia consertar tudo, arrumar uma saída.
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Orphanage [L.S]
Fiksi PenggemarHarry e Louis são colegas de quarto em um orfanato desde que se conhecem por gente. O amor entre ambos é recíproco, embora decisões tomadas os levem à separação. Mas o que Harry não sabe é que tudo o que está nos planos do destino há de acontecer. E...