Thirty Five

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Não me odeiem, eu posto um capítulo por mês porque é o que eu consigo, o ensino médio definitivamente me pegou de jeito.

Pt. 2

Eu durmo por aproximadamente uma hora, e quando acordo o sol sequer nasceu, assim como ninguém moveu um sequer músculo. Zayn, que está ao meu lado dormindo com a boca aberta, foi o único que se moveu, mas foi para jogar o braço sobre mim. Levanto lentamente para usar o banheiro, tentando ao máximo não fazer som algum e tirando o braço de cima do meu peito com cuidado para não acordar o francês-inglês. Quando termino minha jornada, com sucesso, sento no chão e olho as mensagens de meu celular: nada. Observo em silêncio meus amigos e estranhos dormirem. A garota que tirou o vestido no verdade ou desafio está aqui, mas com vestido novamente. Por mais que agora ele se pareça mais com uma blusa.

Não pude deixar de lembrar do que Ed me disse quando me mudei para a universidade. "Você acordará em quartos de pessoas que não conhece e não se lembrará como chegou lá". De fato, eu não tenho a menor ideia de como cheguei aqui, mas lembro o que aconteceu antes disso. Do murro, da discussão e da festa. Apesar do quarto ser meu, há pessoas aqui que eu não tenho a menor ideia de quem são. Essas sim se encaixam perfeitamente no que Ed disse. Infelizmente a culpa ainda não é menor para mim, que sou o anfitrião dessa bagunça. Por que vieram justamente para o meu quarto?

Todos aqui estão dormindo amontoados, um em cima do outro dividindo espaços pequenos. Isso me lembra da tal festa que Zayn citou ontem mais cedo, a qual nós dividimos a cama de criança para quatro pessoas. Aquele dia foi inesquecível, porque eu fiz uma promessa que eu descumpri imediatamente. Mas eu nunca me senti tão bem em descumprir uma promessa, pois naquele dia eu tive o apoio de todos os meus amigos. Eu sequer lembro porquê eu estava devastado e o que havia acontecido em relação à Louis daquela vez, mas lembro de ficar feliz pelos amigos que tenho até hoje. Hoje posso sentir uma nostalgia de momentos como esse que com certeza vão estar sempre em minhas lembranças com meus amigos.

Observo em silêncio eles dormirem, Liam respira tranquilamente com o nariz no cabelo de Sophia, Zayn está como um morto no chão, e com uma garota também dormindo em seu braço esquerdo. É uma tatuagem em seu braço? É realmente uma tatuagem? Não entendo como ele não me mostrou isso antes, ou melhor, como eu consegui não perceber isso. Em breve ele estará como Ed, coberto por tatuagens em seus braços. O único do nosso grupo do orfanato que permanece com a pele intacta além de mim é Niall - até mesmo Liam me contou que já tem planos com o tatuador - que está encolhido no canto, abraçando seu próprio corpo e tremendo de frio. Levanto cautelosamente para pegar o cobertor que eu usava há pouco tempo e colocar sobre meu amigo loiro.

Amigo? Niall ainda é meu amigo?

O Niall irlandês, o que perdeu os pais num incêndio, aquele que roubava a atenção de Louis de mim, o  que foi embora e deixou tantas saudades, que mesmo com o orfanato dificultando propositalmente as visitas, ele continuava sempre tentando nos ver. Aquele Niall que me abrigou debaixo da asa quando eu saí do orfanato e tudo o que sentia era dor e saudade, o que fazia coisas imbecis comigo e fingia ser uma princesa sempre que assistíamos um filme da Disney, e que não me deixou dormir sozinho.

E hoje eu sei porque ele estava sempre comigo, sempre em minha cama, sempre em minha casa. Ele sabia que se ele não fizesse isso, se não me fizesse companhia, ninguém mais faria e tudo seria um lixo. Eu me soterraria debaixo das minhas preocupações, arrependimentos e dores sozinho. Ele estava lá por mim e eu não posso perdê-lo agora por nada. Assim como Zayn, que gasta incontáveis libras com viagens todos os meses para nos visitar. Agora eu entendo.

Orphanage [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora