Capítulo 10

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Pov Emma

Passar um tempo com Isabel foi incrível. Ter minha irmã de volta era um sentimento maravilhoso. Eu a levei para a casa dos nossos pais e ficamos até tarde conversando, até que eu me entreguei ao sono e sabia que enfrentaria grandes consequências no dia seguinte.

— Isabel, você está atrasada para a faculdade, caralho! — uma voz alta gritou dentro do quarto, me fazendo lembrar das vezes em que eu chamava Georgie para o trabalho — O que é isso?! Isabel, você trouxe um garoto para casa? Papai vai te matar! — não pude deixar de rir secretamente.

— Porra, Alexandra... Já falei para não entrar no meu quarto gritando assim — Isabel falou, levantando-se na força do ódio — Não é nenhum garoto, pare de gritar para não acordá-la — mantive meus olhos fechados de propósito, só para ver até onde aquilo iria.

— Uma garota? Sempre soube, você andava muito com Emma, aquela salafrária.

— Eu nem sabia que Isabel gostava de mulheres — falei, levantando-me, mas acabei caindo novamente na cama quando meu corpo colidiu com o de Sasha com força, ela havia me derrubado.

— Porra, é você mesmo, Emma!? — ela tocou meu rosto para confirmar que era real e eu ri.

— Por acaso eu morri? Eu só estava por aí — brinquei.

— Sua boba, que saudades — ela me abraçou fortemente.

— Também estava — retribuí o abraço carinhosamente — Mas preciso ir, estou atrasada para o trabalho e não quero dar de cara com meus pais — falei, tirando-a de cima de mim.

— Péssima notícia, eles estão bem lá embaixo. Vamos, Emma, eles não são um bicho de sete cabeças — não havia outro jeito, teria que sair pela porta principal, e eles devem ter visto minha moto. Não queria causar problemas para Isabel.

Desci as escadas atrás de Sasha, tentando passar direto e ir embora, mas não seria possível, já que meu pai estava na sala lendo um livro. Passei por ele, esperando que não percebesse que era eu, mas ele logo desviou a atenção do livro e olhou para mim. Não deveria ter vindo aqui, que enrascada me meti.

— Bom dia — falei por educação.

— Bom dia — nem olhei para ele, apenas fui em direção à porta — Não quer tomar café da manhã? — que conversa estranha era aquela?

— Não, obrigada. Estou atrasada para o trabalho — dei uma explicação que ele não tinha direito de receber.

— Você não pode fugir de mim para sempre — por que meu pai tinha que ser tão insistente?

— E quem disse que estou fugindo? — virei para olhá-lo.

— Não está? Não falou direito comigo, nem olhou na minha cara direito e passou com pressa — sua voz tinha um tom de advertência, mas eu não me importava.

— O que esperava? Que eu falasse com você com um sorriso no rosto como se nada tivesse acontecido? Depois de tudo que você me fez passar? Era isso que você esperava que eu fizesse? — neguei com a cabeça, coloquei o capacete e subi na moto.

— Isso é passado, não é? Você está bem, eu sei que errei. Esqueça isso e volte para casa — ri das palavras patéticas dele.

— Nunca! Eu nunca vou voltar a morar nessa casa, aliás, nem deveria estar aqui — liguei a moto, abaixei a viseira do capacete e saí do condomínio em alta velocidade.

Fui trabalhar, cheia de ódio por causa daquela conversa com meu pai. Como ele teve coragem de falar aquilo depois de tudo que me fez? Será que ele realmente acha que vou voltar correndo para aquela casa e viver às custas dele? Prefiro morar debaixo da ponte. Repudio meu pai, sinto nojo só de olhar para ele. Um homem preconceituoso e sem caráter, que nunca compareceu a nenhuma apresentação das filhas quando éramos mais novas e que não sabe nada sobre nós. Minha mãe foi quem sempre esteve lá para mim e minhas irmãs, mesmo trabalhando incansavelmente. Ela pode não ter sido a melhor mãe, mas também não foi uma mãe ruim.

Crossed DestiniesOnde histórias criam vida. Descubra agora