Capítulo 22

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Prepare seu coração se forem sensíveis. Boa leituras ninjas 🥷🏽

Pov Autora

Residência Myers Plotnikova
09/04/2021

Emma jamais imaginou que o início de abril, poderia ser tão aterrorizante. O que deveria ser um período de celebração transformou-se em um pesadelo de dor e desespero. Nunca antes ela se viu tão próxima de perder toda a esperança. O que aconteceu mudou sua vida de forma irreversível. A imagem de seu pai, com a expressão de nojo e repulsa, e o silêncio de sua mãe, que chorava sem emitir um som, eram marcas que ela nunca esqueceria. Felizmente, suas irmãs não estavam presentes para presenciar aquela cena humilhante.

- Tudo, Emma, TUDO MENOS ISSO! - rugiu seu pai, enquanto ela permanecia em silêncio, sentada no sofá.

- Que diferença faz? Esquecer o que há entre as minhas pernas? - com um fio de coragem, Emma olhou para o pai, que estava furioso.

- Você faria a cirurgia, ficaria normal, seria uma mulher normal - disse Dante, balançando a cabeça em negação. Emma respirou fundo e decidiu responder à altura.

- Falou certo, eu faria. Mas estou cansada de suportar suas exigências. - Ela se levantou, encarando-o de frente. Dante respondeu com um tapa tão forte que ecoou pela sala. O tapa foi tão forte que a força dele fez Emma cambalear.

- Saia! SAIA DA MINHA CASA! - apontou para a porta, exigindo que ela saísse. Emma não reagiu.

O tapa fez com que Emma finalmente reconhecesse que o homem diante dela não era um pai verdadeiro. O sangue dele corria em seu corpo, mas ele não era mais do que um estranho. Seu rosto sangrava devido aos anéis que Dante usava, e a dor física era nada comparada à devastação emocional que sentia.

- Dante, não precisava de tudo isso - Nicole, sua mãe, finalmente falou, ainda em choque.

- Cala a boca, mulher! Você é a culpada por essa decepção de filha que me deu! - Dante lançou a culpa em Nicole, que chorava em descrença.

- Não fale assim. Você nunca esteve presente, nunca passou as dificuldades que eu passei com elas - acusou Nicole, com raiva. Dante soltou uma risada amarga que fez Nicole se encolher.

- Eu dei a elas tudo o que precisavam, dinheiro, educação, uma boa herança, uma boa vida. Estar ao lado delas era seu dever como esposa e mulher - então voltou-se para Emma - O que você ainda está fazendo aqui? Saia da minha casa! E saia da mesma forma que entrou. Você não levará nada consigo. Eu nunca aceitarei uma lésbica em minha casa, uma abominação! - Emma mordeu os lábios e virou as costas, caminhando em direção à porta.

Ela não estava disposta a se humilhar para permanecer ali. Ela odiava aquela casa, um lugar onde teve boas lembranças, mas seu pai a fez detestá-la. Mas ela não poderia esperar menos do homem que a havia abandonado em sua hora mais sombria, quando lutava contra a depressão e problemas de saúde. Emma sabia que um dia precisava seguir sua vida longe dali. Sua única permanência alí era especialmente por causa de suas irmãs a quem amava profundamente. O pensamento de deixá-las acelerou seu coração, e a saudade começava a destruí-la.

Sem rumo, Emma deixou o condomínio. Olhou ao redor e respirou fundo, querendo gritar para aliviar sua dor, mas o choro já havia cessado. Apenas a dor do abandono permanecia. A dor era insuportável, ela nunca saberia o que era o amor paternal, mesmo tendo um pai. A dor era profunda porque ele deveria ser seu herói, como os pais são para seus filhos.

Seus pés doíam, e ela tentou entender o porquê, mas ao olhar ao redor, percebeu que estava em um lugar desconhecido, longe de casa, do bairro e de tudo que conhecia. A rua estava um pouco escura, com apenas algumas luzes fracas. Ela se assustou ao ver um grupo de pessoas alteradas na rua, mas decidiu continuar andando, sem se importar com o que pudesse acontecer. Se fosse para morrer, seria um alívio.

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