Capítulo 20

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Pov Jenna

Emma definitivamente desafiava a morte. Estávamos caminhando pelas trilhas de Hahamongna, explorando cada uma delas. Emma insistia em ir de bicicleta, apesar de não ser recomendado para pessoas sem equipamentos ou habilidades. Mas quem disse que ela se importava? Agora, olhando para ela à minha frente, parecia até uma profissional, de tanto que corria. Eu também estava de bicicleta, mas zelava pela minha vida, diferente da Emma, que estava bem distante de mim.

— EMMA, VAI MAIS DEVAGAR! — gritei, na esperança de que ela me ouvisse.

Mas parecia que ela não se importava. Relutantemente, acelerei minhas pedaladas para alcançá-la. A estrada não era das melhores, então eu tentava tomar cuidado. Estava quase chegando perto dela quando a bicicleta se chocou com algo duro, provavelmente pedras. Fui lançada violentamente ao chão, meu corpo foi rolando descontroladamente e sendo arranhado pelas pedras afiadas. A dor era insuportável, eu não conseguia sentir minhas pernas.

— AAAAAH! — gritei de dor assim que meu corpo parou de rolar. — EMMA! ME AJUDA, SUA IDIOTA! EU QUEBREI MINHA PERNA! — comecei a chorar. Eu não conseguia sentir minhas pernas! Que dor insuportável.

—  Jenna! Meu Deus, como você foi cair!? — Emma chegou ao meu lado de repente, me analisando.

— FAZ ALGUMA COISA, INFELIZ! EU NÃO ESTOU SENTINDO MINHAS PERNAS, ISSO TUDO É CULPA SUA! — berrei chorando, e Emma fez uma careta, colocando as mãos nos ouvidos.

— Meus tímpanos! Para de gritar, eu estou bem na sua frente — ela finalmente me pegou no colo, e eu lhe dei um tapa forte no pescoço. — Ei! Por que você me bateu? — perguntou, arqueando as sobrancelhas.

— Porque você merece, foi por sua culpa que eu caí! — despejei minha raiva.

— Minha culpa? Você é quem estava pedalando — retrucou.

— Você estava longe, eu fui atrás de você! E ainda por cima, foi você quem teve a ideia idiota de fazer trilha de bicicleta. Estava tudo bem a pé! — ela resmungou algo que não conseguir indentificar — Não reclame, eu sou a única aqui com esse direito. E você poderia ir mais devagar, meu corpo está doendo — Emma respirou fundo e me jogou no chão, a queda fez meu corpo inteiro doer. — Por que fez isso?! Está louca, Myers!?? — Emma me olhou debochada e começou a andar, me deixando para trás.

— Adeus, Ortega — disse, seguida por uma risada. Fiquei incrédula, ela realmente estava indo embora e me deixando ali.

Será que esse era o plano dela? Me atrair para o meio do mato e me deixar lá para morrer? Alguém, pelo amor de Deus, apareça! Eu vou morrer assim?? Aquela desgraçada me deixou sozinha nesta floresta grande, que já estava escurecendo. Comecei a sentir medo, algo entre as árvores me deixava apreensiva. Comecei a chorar silenciosamente, aceitando minha morte. Que morte entediante, imaginem o que vão escrever nos jornais e redes sociais. "Jovem Jenna Ortega é encontrada morta nas trilhas de Hahamongna", que tedioso.

— HAHAHAAAHA — uma gargalhada me fez despertar dos meus devaneios. — Pensando na sua morte? — era Emma, a desgraçada estava bem na minha frente, com sua mochila nas costas.

— Isso não tem graça — falei séria. Aquilo era brincadeira de se fazer? — Vamos embora, me tire daqui — ela assentiu e me ajudou a levantar.

— Quer que eu te leve no colo? — perguntou, colocando-me de frente para ela e segurando firme minha cintura.

— Não esqueça que já sou adulta, Myers, sou pesada — ela riu e negou com a cabeça rapidamente, me pegando no colo como se eu fosse leve como uma pena.

— Para uma garota rica, você está no peso certo — comentou, caminhando, enquanto eu arqueava as sobrancelhas.

— O quê?

— Todas as garotas da alta sociedade têm um padrão, e você se encaixa nele, Jenna — disse, como se fosse óbvio. E ela estava errada? Não!

— Não sobra tempo para estar fora do peso — não era exatamente a verdade, mas tudo bem.

— Huu, entendi. Em que você trabalha mesmo? — perguntei, sem saber se era sério ou uma piada.

— Sou sucessora, Emma. Vou entrar como líder do grupo empresarial no lugar do meu pai assim que concluir a faculdade — Aliyah também tem seu direito de ser a segunda líder no cargo que ainda é da minha mãe nas empresas.

— Legal — murmurou, mordendo os lábios que ficaram vermelhos no mesmo instante.

— Por que você abdicou do seu lugar de líder para Clara? — seu olhar para mim estava cheio de decepção? Tristeza? Raiva? Eu não conseguia decifrar.

— Não quero falar sobre isso — sua voz saiu tensa, e eu decidi não tocar mais no assunto. Não queria trazer lembranças ruins para ela.

— Desculpe — falei baixo e deitei minha cabeça em seu ombro, sentindo seu perfume amadeirado e forte.

— Tranquilo — sua voz saiu distante para mim. Eu estava com sono e, sendo carregada em seus braços com aquele cheiro maravilhoso, ficava ainda mais difícil não sentir sono.

Crossed DestiniesOnde histórias criam vida. Descubra agora