Capítulo 7: Confrontos e Reencontros

6 1 2
                                    

Londres - James

Minha família nunca reconheceu meu esforço. Tudo o que fiz foi por eles, e agora eles me acusam de uma coisa que não foi minha culpa. A frustração queimava dentro de mim, alimentada pela traição e pela injustiça que sentia. Sentado na sala de estar, a luz do final da tarde filtrava-se pelas cortinas, lançando sombras no ambiente luxuoso que nunca me trouxe conforto.

— Deveria ter tomado cuidado. Você sabe que não pode confiar naquela família — disse uma voz feminina ao meu lado, clara e imperturbável.

Eu a olhei com desdém. Seus conselhos eram sempre óbvios e, agora, um tanto inúteis.

— Eu sei, mas isso, por um lado, me deu abertura para voltar a me aproximar — respondi, o olhar fixo no vazio.

— E de que adianta? Ela nunca te convidaria para os negócios — retrucou ela, sua voz se misturando com o som do vento que soprava suavemente pela janela aberta.

Eu sabia que ela estava certa. Carter era inteligente e cautelosa. Porém, minha ambição e desejo de vingança estavam à frente de qualquer senso de razão.

— Foram anos convivendo junto a ela. Eu sei como me aproximar — afirmei, mais para mim mesmo do que para ela.

A mulher, percebendo meu estado de espírito, tentou mudar de abordagem, deslizando para o meu colo e passando seus lábios sobre os meus.

— Ah, querida, eu não quero ser feliz. Quero vingança por tudo o que eles fizeram — exclamei, afastando-a com um gesto brusco.

— Admite que você quer aquela vadia, será mais fácil — disse ela, seu tom agora carregado de irritação.

Segurei seu rosto com força, meus dedos apertando sua pele.

— Não a chame de vadia — falei com intensidade.

Ela se afastou, a expressão de dor misturada com raiva, e bateu os pés enquanto voltava para o quarto.

— Você não era assim — disse ela, antes de desaparecer pelas portas.

Las Vegas

Se passaram alguns meses desde o enterro. A vida continuava, mas eu sentia que a rotina estava se tornando uma prisão. O crescimento da exportação de cocaína e a chegada de novos clientes eram positivos, mas, no fundo, havia algo faltando. O vazio era palpável, e as minhas noites eram preenchidas pela ansiedade e pela inquietação.

Uma parte de minha vida era um segredo para todos, exceto para Owen e, claro, para mim. Depois do retorno a Las Vegas, havia aumentado a segurança. Hoje, um evento importante estava prestes a acontecer — a chegada do meu filho, algo que mantive escondido de todos, até mesmo de minha família.

O sentimento de expectativa me impedia de dormir. Owen estava ao meu lado, um apoio constante em noites solitárias. A presença dele, apesar de seu papel como segurança, tinha se tornado uma fonte de conforto inesperada.

— Devia ir dormir. Logo amanhece e você não dormiu nada — disse Owen, sentando-se ao meu lado na varanda do apartamento.

— Não consigo. Estou ansiosa para a chegada dele — respondi, o olhar fixo na cidade iluminada abaixo.

— A última vez que vi você assim foi no seu casamento — ele comentou, passando a mão suavemente sobre minha coxa. — Por que trazer ele agora?

— Depois que meus pais se foram, percebi que não quero isso para meu filho. Quero estar com ele, preparar seu café da manhã, levá-lo à escola e passar os finais de semana juntos — expliquei, a voz carregada de emoção.

Sombra de PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora