ARCO 4 (2/5) - Lobo

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Nós viajamos madrugada à dentro, e frio impiedoso nos abraça sorrateiramente durante o percurso. É o motivo para eu me abraçar mas a Mingi, tão próximo a ponto de igualar minha respiração à dele.

A sensação quanto ao veículo, agora é menos desesperadora. Na verdade, a animação de todos os outros e o respeito de Mingi em nos manter numa velocidade aceitável faz de todo o conjunto algo extraordinário.

Agora, há poucas horas do amanhecer, eu deito minha cabeça em um de seus ombros e aproveito a vista - um tanto cansado.

É bonito como as luzes coloridas se despedem quietamente ao fim de mais uma madrugada, por mais que o céu sequer mude suas tonalidades escuras conforme a manhã nos dá o ar de sua chegada.

Por volta de cinco da manhã, é quando chegamos a uma vila abraçada por tons frios e com suas ruas extremamente vazias. As luzes dos postes aqui são brancas, diferente das que arranquei na rua de Mingi para usar nas estufas improvisadas. Elas iluminam a praça extensa onde estacionamos tudo e descemos para esticar as pernas, também iluminando a porção de mariposas que me faz rir por antecedência antes de deixar meu capacete sobre a moto e correr até próximo ao carro onde Hongjoong está.

- Ei, Hongie. - Eu chamo quando Jongho abre a porta para ajudá-lo a descer, mas paraliso quando noto o quão pálido ele está.

O rosto de meu Capitão se desfigura em uma careta dolorida intensa, ele se apoia nos ombros de Jongho e tenta respirar fundo ao jogar sua cabeça para trás, mas não parece resolver muita coisa.

- Seonghwa, ajuda aqui. - Jongho pede com certa urgência, e eu posso compreender quando vejo todos tão dispersos em seus deveres que apenas eu sou a ajuda disponível no momento. - Segura ele, vou pegar um pouco de água.

Eu apenas assinto. O seguro pela cintura e Jongho deixa seus braços sobre meus ombros. Hongjoong parece muito concentrado em respirar, posso ver mesmo seus lábios tremendo.

- Ei, Hongie... - Eu chamo. - O que tá sentindo, Capitão?

- Meus ouvidos estão zumbindo. - Ele resmunga baixinho. - Estou tonto. Meu estômago dói muito... - Choraminga.

Eu apresso uma de minhas mãos para tocar sobre seu estômago, por baixo de seu agasalho. A diferença de temperatura o fazendo assobiar.

- Hwa... - Me chama. - Eu acho que vou vomitar.

- Tudo bem. - Eu nos arrasto até estarmos próximos a um dos postes que rodeiam o lugar.

É o tempo que Hongjoong precisa para se apoiar na estrutura de metal e se curvar, enquanto eu uso uma das mãos para segurar seus cabelos e a outra para acariciar suas costas.

Ele soluça baixinho.

- Tudo bem. Tá tudo bem, Hongie... - Eu o conforto.

- Muito bem. - San se aproxima, diminuindo a velocidade de seus passos quando está perto o suficiente. Ele segura um dos ombros de nosso Capitão para oferecer um pouco mais de suporte ao corpo molenga. - Isso... Se sente melhor?

Hongjoong soluça mais uma vez. Permite que San limpe seu rosto com um pedaço de pano e depois se lança num choro baixinho guardado pelo abraço de seu tripulante.

- Eu sinto muito... - Pede, a voz abafada pelas roupas de San.

Eu penso em deixar os dois à sos, mas Hongjoong me puxa pelo punho enquanto San nos afasta da sujeira aos pés do poste. Ele me puxa para que o abrace junto a San e eu simplesmente não posso negar.

Eu o abraço com o máximo de carinho possível. Beijo seus cabelos e acaricio seu estômago, sobre seu agasalho dessa vez.

- Não me sinto bem. - Ele admite. - Dói muito.

Estandarte de Jade |• ATZ (Poliamor)Onde histórias criam vida. Descubra agora